Foto/Arquivo: O Carnaval no Clube da Usina Santa Isabel
A Festa de Momo era vivida intensamente ma Usina devido à alegria e a criatividade, convites chegavam da municipalidade para que a Usina participasse do Carnaval em Bom Jesus. No ano de 1952, Santa isabel participou com o Bloco Azul e Branco.
A apresentação marcada para domingo e a turma da usina chegou para arrasar. Vários caminhões transportaram os componentes do bloco que desceram nas imediações do Instituto de Menores na entrada da cidade.
Devidamente organizados iniciaram o desfile, as moças vestidas elegantemente com saia azul e blusa branca de mangas longas de cetim. Os rapazes calça azul marinho e camisa branca, a bateria afinadíssima dando um show com os seus ritmistas.
O Azul e Branco foi fundado em 1946 pelo Sr. Adílio pai do Osvaldo’Prego’, nesse carnaval estavam impossíveis. Ao aproximarem da Praça Governador Portela, foi anunciada a apresentação pelo Prefeito Gauthier Pontes de Figueiredo . Uma agitação tomou conta da Praça e do público presente.
Abrindo o desfile uma faixa em um carro alegórico com várias moças fantasiadas onde se lia: “ Homenagem do Santa Isabel F.C aos Desportistas e a Imprensa Local.”
Manoel ‘Baliza’, um mulato alto, espigado, que tinha morado no Rio de Janeiro, tinha o molejo dos grandes mestre-salas, era o guardião do pavilhão do Azul e Branco, tendo como parceira Anadeja, uma jovem pequenina de apenas 17 anos de idade e com a altivez de uma rainha conduzia o pavilhão com graça, elegância e maestria, deram um show.
A alegoria mais uma vez trazia a assinatura de Agenor José Thomáz. O mestre mais uma vez se supera e apresenta uma usina em miniatura, nessa usina tinha uma chaminé, da qual saia nuvem de fumaça e3 toda uma engrenagem que fazia a moenda funcionar, delírio total e o povo entusiasmado aplaudia incessantemente a belíssima apresentação do bloco usineiro.
Uma comunicação perfeita onde todos cantavam alegremente a marcha-rancho tema do carnaval de 1952: “Azul e Branco está chegando para desfilar no carnaval, quem foi que disse que ele não saía corre depressa e venha ver passar. Corre depressa que eu quero ver, eu quero ver, azul e branco como é lindo na folia, cantamos todos com o prazer e alegria festejando o nosso carnaval”.
O Prefeito emocionado como muitos ali, pega o microfone e convida o bloco para desfilar na terça-feira. Houve ciúmes por parte de alguns integrantes dos blocos de Bom Jesus. Na segunda apresentação os componentes do Agora Vai um dos blocos de Bom Jesus inconformados com outra exibição de gala, até porque o Azul e Branco superou a apresentação de domingo e a Praça Governador Portela lotada ouvia os gritos de “ É campeã, é campeã”. Os componentes do Agora e Vai na presença da autoridades, inconformados tentam rasgar a fantasia da Porta Bandeira Anadeja e atear fogo no pavilhão um dos orgulhos do Azul e Branco.
Houve a reação e aconteceu uma briga generalizada na Praça. O primeiro que Vovô da Penha viu, foi pra dentro e deu uma tremenda cabeçada, Totí Almeida num raro momento de destreza, aplicou uma rasteira e derrubou outro no chão. Manoel Leopoldino quebrou o seu violão de estimação na cabeça do Presidente do bloco rival, Jackson n a mulinha sem cabeça, fez dela uma poderosa arma e distribuiu pancada a torto e a direito. O mestre Leopoldino como que não quer nada a cada encontro com um adversário jogava-o no chão. Com muita dificuldade os ânimos foram serenados e apesar de tudo o que aconteceu o bloco terminou o desfile.
Com toda a repercussão a direção da Usina, determinou que o bloco acabasse e não desfilasse mais. Uma pena, muitos quando lembram dessa fase maravilhosa, não conseguem segurar a emoção.
Vale ressaltar nos carnavais na Usina santa isabel a presença do Careca barrigudo, o Jaguará, a Mulinha sem Cabeça. Genício era o responsável e confeccionava o grande boneco e a garotada acompanha, cantando:”Careca barrigudo, anda de camisolão, quá, quá, quá, essa não.Ele disse, ele disse, careca não é velhice”.Era a festa.
No Carnaval de 2001, promovido pela Prefeitura de Bom Jesus do Itabapoana o Grêmio Recreativo Unidos do Lia Márcia levou para a avenida o enredo: Cana, Cultura e Saudade, de autoria de Jorge “Urubu”, a Usina Santa Isabel foi homenageada. Emocionados muitos com raízes na Usina , lembraram dos momentos passados, dos carnavais, do Azul e Branco, da fase áurea e das lembranças gostosas de santa Isabel, não conseguiram segurar o choro.
Extraído do Livro:Usina Santa Isabel, Jamais Esquecida.
Blog do Jailton da Penha JDP