O professor Gustavo, que está sendo denunciado por tráfico e drogas e por estupro de vulnerável/Reprodução
A luta de um pai pela verdade revelou que uma aula extra do professor de história Gustavo Montalvão Freixo, de 31 anos, para sete alunos de 13 a 15 anos, foi uma ‘lição’ regada a drogas e sexo. Aclamado pelos estudantes, considerado acima de qualquer suspeita no colégio particular onde lecionava há quatro anos, ele é acusado de ser mestre em seduzir jovens com discurso político e de liberdade. Ele também teria tido relações sexuais com uma adolescente e beijado mais duas. “Ele falava a língua deles, algo que, às vezes, os pais não conseguem. É carismático, mas agora vai ter que prestar contas com a Justiça”, desabafou F.L.S.R, pai de uma das vítimas.
Articulado, Gustavo usava a hora do recreio da escola, na Zona Norte, para defender o uso de LSD, droga sintética. Para iniciar os adolescentes, o professor sugeriu uma ‘aula extra’ na casa de um deles, dia 9 do mês passado, por R$ 150. Esse valor poderia ser dividido em parcelas de R$ 25.
O encontro reuniu cinco meninas e dois meninos na casa de um aluno que costuma ficar sozinho, enquanto a mãe trabalha. Depois do almoço, Gustavo apresentou cinco lâminas de LSD. Apenas um menor, que é evangélico, recusou-se a experimentar. O dono da casa foi o que sentiu os maiores efeitos. Ainda desnorteados, os jovens decidiram levá-lo para a rua. “Quando eles chegaram na casa da minha filha, com o garoto alucinado, a empregada ligou para minha ex-mulher, que me avisou. Comecei então a buscar as informações”, contou F.
A primeira versão dos jovens foi a de que houve festa com consumo de álcool, que só teria começado depois que o professor havia ido embora. “Pedia a minha filha para repetir a história. Ela caía em contradição. Pressionada pelos colegas, não falava. Mas antes de mais uma reunião na escola, ela contou a verdade à mãe”, revelou F.
A partir do empenho do pai, os relatos foram feitos em inquérito da 38ª DP (Brás de Pina), presidido pelo delegado Paulo Henrique da Silva Pinto. Gustavo foi denunciado à Justiça pelo promotor Alexandre Themístocles por tráfico de drogas e estupro de vulnerável. As penas variam de cinco a 15 anos de prisão. “Ele violou a rede de proteção em que o professor está inserido. Tinha o dever de dar bons conselhos e preservar os alunos. E mais: fez sexo com aluna menor”, disse o promotor.
O advogado Fernando Maximo Pizarro Drummond, que defende Gustavo, informou que ele nega as acusações. “Gustavo está abalado, perdeu os empregos e não vai falar nada agora”, justificou.
Segundo F., Gustavo se vangloriava de ser primo do deputado estadual Marcelo Freixo, do Psol, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj. O parlamentar informou que não o conhece. “Se tem o sobrenome Freixo, pode ter até parentesco. Mas, mesmo que fosse próximo, a responsabilidade sobre o que aconteceu é dele. A Comissão está à disposição das vítimas”, disse.
Uma aluna lembra que fez sexo, mas não sabe se usou preservativo
No dia 9 do mês passado, uma quinta-feira, o professor Gustavo chegou à casa de um dos alunos pouco antes do meio-dia. Preparou macarrão ao molho branco para o grupo e ainda faz um mimo para uma das alunas, cozinhando um molho especial vermelho. Depois do almoço, ele apresentou as cinco lâminas de LSD. Repartiu-as para que todos pudessem provar.
Orientados pelo ‘mestre’, eles colocaram o papel embaixo da língua e deitaram no chão da sala para ‘esperar a onda chegar’. Além de consumir a droga, Gustavo ainda fumou cigarros com uma adolescente. Por volta das 14h, os jovens, com exceção de um que não quis provar, começaram a sentir alucinações. Um deles foi para o chuveiro com roupa e tudo. “Fiquei tonto, via coisas se mexendo no chão e na parede. Não conseguia falar direito”, revelou o menor, que sofreu com as alucinações, na 38ª DP (Brás de Pina). Uma das meninas foi ao banheiro para vomitar.
O descontrole dos adolescente deixou a casa de cabeça para baixo. Móveis, por exemplo, foram retirados do lugar. A música alta e uma luminária que lembrava uma discoteca faziam parte do cenário. Enquanto os jovens estavam drogados, o professor beijou duas adolescentes. Depois, ele levou outra para um quarto, onde tiveram relações sexuais. “Ela lembra que praticou sexo, mas não sabe se usou preservativo ou não”, explicou o promotor Alexandre Themístocles.
Segundo ele, a jovem, então com 14 anos, é a mesma que em 4 de outubro foi à casa do professor, na Zona Norte, com quem teria perdido a virgindade.
As vítimas foram submetidas a exame de corpo de delito e de urina no Instituto Médico Legal (IML). Os resultados dos laudos serão anexados ao processo na Justiça.
LSD é droga sintética com alto poder alucinógeno
Conhecido como doce, o LSD é um ácido com alto poder alucinógeno. Os efeitos são imprevisíveis. Dependem da quantidade consumida, do humor e personalidade da pessoa, e do ambiente no qual a droga está sendo consumida.