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"Não é lenda urbana. Estamos numa corrida contra o tempo para garantir a integridade física e a vida das vítimas, porque não sabemos em que etapa do jogo elas estão", afirma a delegada Fernanda Fernandes, responsável pelas investigações do viral Baleia-Azul, que supostamente incentiva suicídios, no Rio. Há investigações online em busca de responsáveis pela iniciativa, que teria ramificações até nos Estados Unidos.
As primeiras informações sobre o jogo são de 2015, relatando incentivo ao suicídio propagado pelo Vkontakte (VK), o Facebook russo. Depois, entidades denunciaram o caso como "fake news" (notícia falsa), mas o viral segue avançando. Participantes surgem em grupos fechados, selecionados de madrugada. Na sequência, o administrador, ou "curador", lança desafios, normalmente às 4h20, que incluem de desenho a atividades de risco, passando por mutilações e estímulo ao suicídio.
Coordenador do Escritório Brasileiro da Associação Internacional de Prevenção ao Crime Cibernético e comandante do Centro Integrado de Operações da Polícia Militar da Paraíba, o coronel Arnaldo Sobrinho, diz que já foram identificados internautas nos Estados Unidos que atuariam como curadores de grupos dos quais participam adolescentes brasileiros. "São eles quem passam as orientações do tipo excluir uma amizade do Facebook, assistir filmes de terror e assassinato nas madrugadas, até mutilar partes do corpo e subir em prédios para saltar." Relatório detalhado sobre a investigação será enviado à Polícia Federal(PF).
A Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) do Rio confirmou até agora só dois casos de adolescentes que estavam sendo induzidas ao suicídio pelo suposto jogo via internet. Mas por causa do pânico causado por notícias e boatos, a DRCI está recebendo e-mails diários de pais assustados. Em comum, há a frase "Minha filha tentou se matar".
Uma avó do interior do Rio levou à polícia carta que mostra intenção suicida da neta, que será chamada a depor. Um pai de Queimados, na Baixada Fluminense, vai levar a filha, que sobreviveu à tentativa de suicídio. São investigados crimes de associação criminosa, ameaça, lesão corporal e homicídio.
"Os pais estão começando a cair na real. Eles sempre acham que não tem nada acontecendo, que os filhos são espertos demais para cair nessa. É importante mostrar que não é um jogo, não são desafios para divertir, mas para se matar", diz.
A Gazeta