Jovem e outros quatro adolescentes já tiveram internação provisória decretada pela Justiça
Policiais apreenderam nesta segunda-feira um adolescente de 15 anos acusado de participação no estupro coletivo de uma menina de 13 anos na quadra esportiva do Colégio Estadual Padre Mello, em Bom jesus do Itabapoana, no Norte do Estado do Rio. Apontado pela vítima como seu namorado, ele foi encontrado no município de Mimoso do Sul, no Espírito Santo, de acordo com a Polícia Civil.
Havia um mandado de busca e apreensão contra o jovem. Ele e outros quatro adolescentes, que já foram apreendidos, tiveram internação provisória decretada pela Justiça.
As investigações dão conta de que 14 menores - com idades entre 13 e 16 anos - tiveram envolvimento no crime, sendo que um deles, ainda não identificado, não é aluno da escola. A informação é do delegado responsável pelo caso, Bruno Cleuder, titular da 144ª DP (Bom Jesus de Itabapoana).
Segundo ele, ao menos 11 praticaram, efetivamente, os atos sexuais, registrados entre maio e junho deste ano. A menina, de acordo com o policial, foi estuprada de três a quatro vezes neste período. Acompanhada pelo Conselho Tutelar, ela vai receber tratamento médico e psicológico.
- Onze adolescentes vão responder por fato análogo a estupro de vulnerável. Os outros três presenciaram os atos, mas não temos provas de que teriam praticado sexo, então eles serão indiciados por prevaricação - explica Cleuder.
Ainda nesta segunda-feira, o inquérito será encerrado e encaminhado para o Ministério Público (MP). Antes disso, Cleuder espera colocar todos os suspeitos diante da vítima para reconhecimento pessoal. A pena para os adolescentes, após comprovação, pode chegar a três anos em casa de acolhimento.
- A menina não fala tanto. É uma pessoa simples, muito nova, inibida. Mas ela afirma que teve uma ameaça e contou o que estava acontecendo para uma amiga. Conforme os adolescentes vão revelando detalhes sobre os participantes, nos depoimentos, e apresentamos a ela, ela vai reconhecendo os autores - conta. - Eles alegam que houve consentimento, mas não faz diferença para as investigações, por ela ser menor.
Por saber do crime e não levar a denúncia à polícia, de acordo com a polícia, o diretor do Colégio Estadual Padre Mello e também uma coordenadora da equipe foram afastados do cargo.
- A vítima comentou que, no começo da semana passada, foi chamada na escola com a avó para tratar deste assunto - frisa o delegado.
Após o caso vir à tona, uma
petição pública foi criada na web em defesa da permanência do gestor. E, até as 15h desta segunda-feira, o abaixo-assinado já contava com mais de 280 adesões. O texto, endereçado ao Secretário de Educação Wagner Victer, pede que "não seja olhada apenas alguma incorreção que esse diretor possa ter cometido, mas que seja levada em consideração toda a sua trajetória de educador".
POSICIONAMENTO DA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO:
"Todas apurações sobre o caso estão sendo feitas pela Delegacia de Polícia local, com acompanhamento da Secretaria de Segurança. Ao tomar conhecimento, na última sexta-feira (21/07), a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) instaurou sindicância e exonerou o diretor e a assistente operacional escolar da unidade no mesmo dia (21/07). A Seeduc aguardará a finalização do inquérito por parte da Polícia para apensar à sindicância."
POSICIONAMENTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO:
"O juízo plantonista decretou a internação de cinco dos nove adolescentes contra os quais o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro ofereceu representação. A decisão será encaminhada ao MPRJ, que analisará se cabe eventual recurso. O processo corre em ‘segredo de justiça’, limitando a divulgação dos fatos. Ainda nesta semana começará a fase de instrução probatória."
O GLOBO