Ex-governadora do Rio
de Janeiro, Rosinha Garotinho, sendo transferida do presídio de Campos, para o
Rio de Janeiro - Folha da Manhã / Agência O Globo
O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) concedeu na tarde desta quarta-feira habeas corpus parcial para a ex-governadora Rosinha Garotinho. Ela vai deixar a cadeia José Frederico Marques, em Benfica, mas deverá usar tornozeleira eletrônica. Os desembargadores determinaram também o recolhimento noturno e a proibição de sair da cidade de Campos.A decisão atende pedido da Procuradoria Regional Eleitoral. O Tribunal negou, no entanto, o pedido de habeas corpus da defesa do ex-governador Anthony Garotinho.
Em Benfica, Rosinha divide a cela com a ex-primeira -dama Adriana Ancelmo, de grupo político inimigo ao dela. Na mesma unidade, também estava Garotinho, que após ter dito que foi agredido, foi transferido para Bangu 8.
A Polícia Civil realizou hoje uma perícia no sistema de segurança da cadeia, mais especificamente na cela B4, onde estava Garotinho. Após a perícia, o delegado Wellington Vieira disse que não acredita que as imagens das câmeras de segurança tenha sido editadas para não mostrar a suposta agressão ao ex-governador.
- Eu contei 12 portas desde a portaria até a cela onde ele estava. Inclusive presos que estão na cela oposta vão ser inquiridos para que a gente consiga saber deles se os presos sentiram ou ouviram alguma coisa estranha. A hipótese de edição é bem difícil, mas a resposta final será dos peritos - destacou o delegado.
Rosinha e Garotinho foram presos na semana passada. Eles são acusados de fazer parte de uma organização criminosa que arrecadava recursos ilícitos para financiar campanhas eleitorais.
Dois delatores apresentaram detalhes do esquema aos investigadores da Polícia Federal e do Ministério Público Eleitoral de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense: Ricardo Saud, executivo da JBS, e André Luiz Rodrigues, sócio da empresa Ocean Link. JBS e Ocean Link firmaram um contrato de fachada em 2014, com o objetivo de repassar, via caixa dois, R$ 2,6 milhões para a campanha de Garotinho ao governo do estado.
Rodrigues também narrou ter feito doações irregulares a Garotinho, Rosinha e aliados em 2010, 2012 e 2016. Segundo o empresário, a prefeitura segurava, a mando do ex-governador, pagamentos que eram devidos às empresas e só liberava os recursos após a efetivação das contribuições por meio de caixa dois.
A investigação aponta ainda que o grupo tinha um "braço armado": o policial civil aposentado Antônio Carlos Ribeiro da Silva, conhecido como Toninho. O delator contou que Toninho o procurou, armado com duas pistolas, exigindo que ele sacasse o dinheiro que havia sido depositado pela JBS.
Em nota, a defesa afirmou que os ex-governadores Garotinho e Rosinha "estão sendo vítimas de injustiça". Os advogados informaram ainda que vão recorrer da manutenção da prisão de Garotinho e da imposição de medidas cautelares a Rosinha.
O Globo