Experimento testou eficácia de aditivo alimentar à base de algas marinhas, criado pela empresa Uniquímica.
Considerado o segundo alimento mais completo do mundo, o ovo pode se tornar ainda melhor, como mostra a pesquisa desenvolvida no Campus Bom Jesus pelo professor e pesquisador Will Oliveira. O experimento produziu ovos enriquecidos com Ômega 3 a partir da oferta de ração formulada com um aditivo à base de algas marinhas criado pela empresa Uniquímica, parceira na realização da pesquisa.
O Ômega 3 é um conjunto de ácidos graxos poli-insaturados essenciais, ou seja, óleos que os seres humanos não conseguem produzir bioquimicamente e precisam ingerir por meio da alimentação. Estudos apontam a importância de seu consumo na melhora de funções cerebrais e cardiovasculares, perda de peso, entre outros benefícios que o tornaram uma indicação recorrente em consultórios de médicos e nutricionistas. É encontrado em peixes de águas profundas, como sardinhas e atum, mas, no Brasil, a tradição de consumo de peixes de cativeiro torna a alimentação insuficiente quando o assunto é ingestão de Ômega 3, fato que aponta para o interesse no desenvolvimento de alimentos enriquecidos.
O experimento desenvolvido no laboratório de avicultura de postura do Instituto Federal Fluminense Campus Bom Jesus utilizou cerca de 240 aves. Divididas em quatro unidades experimentais, os animais receberam diferentes dosagens do aditivo alimentar, incorporado à ração que já consumiam – formulada para atender as necessidades nutricionais das aves em energia, proteína, lipídeos, vitaminas e minerais. A inclusão de farinha de algas à ração não altera a quantidade dos nutrientes, mas sim a qualidade, fornecendo maior aporte de Ômega 3 entre os lipídeos.
De acordo com o professor, embora o aumento no teor de nutrientes específicos do ovo seja uma ideia interessante, a inclusão de ingredientes alternativos na ração pode não ser bem aceito pela ave, podendo influenciar o próprio consumo da ração, provocando o aumento ou a redução deste. “Com esta pesquisa buscamos encontrar o nível de inclusão do produto considerado ótimo, que influencie a quantidade de Ômega 3 no ovo e que permita às aves um consumo de ração adequado para que ela continue botando ovos em quantidade compatível ao potencial genético que ela possui para a produção, na idade em que estão”, explica Will.
O objetivo do experimento foi alcançado após duas semanas de início da ingestão de ração enriquecida com a farinha de algas marinhas, originando ovos considerados com alto conteúdo de Ômega 3, conforme as normas da
RDC nº 54 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que dispõe sobre o Regulamento Técnico sobre Informação Nutricional Complementar. Segundo o documento, para ser considerado enriquecido com ácidos graxos da classe Ômega 3 (alto conteúdo), o alimento deve apresentar o mínimo de 80 mg da soma de ômega 3 DHA (ácido docosahexaenoico) e Ômega 3 EPA (eicosapentaenoico) por ovo ou para cada 100g de ovo. No experimento foram obtidos ovos com teor de 117mg de Ômega 3 DHA para cada 100g de ovos.
Outro aspecto notado foi a não alteração do sabor dos ovos. A palatabilidade é um dos principais fatores que impulsionam o desenvolvimento de alimentos enriquecidos. O sabor e até o odor dos aditivos muitas vezes não são aceitos pelo consumidor. Já as aves possuem baixa sensibilidade a sabores, pois têm poucas papilas gustativas. “Dessa forma, elas se alimentam de um produto que o ser humano não aprecia ou apresenta intolerância ao consumo, e transformam em um produto de alto valor biológico, que é o ovo”, conta o pesquisador.
Contribuição – Will acredita que o desenvolvimento da pesquisa insere o Campus Bom Jesus no cenário nacional das pesquisas científicas, por meio da contribuição para melhorias nas condições alimentares dos animais e por melhorar a qualidade do produto que é oferecido à população humana. Para ele, a pesquisa é uma realização profissional e motivo de satisfação pessoal.
O professor destaca ainda a importância do experimento para os alunos que puderam acompanhar e participar de todo o processo. Layne Gaspayme, técnica em agropecuária e aluna do curso superior em Ciência e Tecnologia de Alimentos, foi uma das bolsistas responsáveis pelo trabalho. “Pude pôr em prática muitas coisas que aprendi no curso técnico, como o manejo diário com as aves. Sempre gostei da área animal e no experimento pude unir duas coisas que gosto, vendo que os conhecimentos obtidos no curso superior me permitem atuar também na área animal”, afirma a estudante.
Para 2018, outras duas novas pesquisas são planejadas para serem desenvolvidas no Campus Bom Jesus do Itabapoana.
por Comunicação Social do Campus Bom Jesus do Itabapoana