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terça-feira, 17 de junho de 2025

"VOU PAGAR R$ 12 MIL POR MÊS A COLHEDOR DE CAFÉ", ANUNCIA AGRICULTOR DO ES

A colheita de café no Espírito Santo tem registrado remunerações consideradas inéditas por produtores. Em Laranja da Terra, o agricultor Adelson Rossmann disse que pagará, em média, até R$ 12 mil por mês a cada um dos oito colhedores que atuam em sua propriedade nesta safra.
Ele diz que a produção atual deve chegar a 300 sacas de café conilon, ligeiramente acima do volume do ano passado.
"São pessoas que pararam o serviço em outras propriedades e foram ganhar um 'extra", contou.
A alta no preço do café, tanto do tipo conilon quanto do arábica, impulsionou os ganhos dos trabalhadores rurais. Com isso, relatos de remuneração entre R$ 7 mil e R$ 8 mil por mês têm se tornado frequentes, segundo o secretário de Estado da Agricultura (Seag), Enio Bergoli.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes), Júlio Rocha, também relatou casos de colhedores que recebem entre R$ 500 e R$ 1.000 por dia.
Em Linhares, por exemplo, o catador de café João da Silva, 45 anos, contou que conseguiu R$ 7 mil por seu trabalho no último mês. Com jornadas que começavam ainda de madrugada, João, que é casado e tem três filhos, percorreu várias lavouras da região.
"Nunca imaginei ganhar tanto em tão pouco tempo. Essa grana vai ajudar a consertar o teto da casa e ainda sobrar para as crianças".
A reportagem conversou com diversos colhedores que vêm ganhando valores que chegam a R$ 3 mil por semana pelo trabalho no campo. Eles, porém, não autorizaram a publicação dos nomes, por receio da exposição.
Mas, mesmo com os altos valores, há falta de profissionais em diversas regiões do Estado. De acordo com o coordenador de cafeicultura do Incaper, Abraão Carlos Verdin Filho, as propriedades estão relatando menos dificuldade para contratar neste ano.
"Realmente, por mês, o valor que esses profissionais têm recebido tem variado entre R$ 6 mil e R$ 8 mil. Isso porque cada saca de café vale, em média, R$ 40, e uma pessoa consegue colher cerca de 15 sacas por dia", afirmou.
O produtor Márcio José Gomes, de 48 anos, disse que há colhedores recebendo entre R$ 400 e R$ 700 por dia, a depender do tipo de acordo. Ele explica que o valor pago por saca varia entre R$ 35 e R$ 75, conforme a produção.
"Tem gente até que optou por arrendar terra, dando 20% da produção para o dono da terra. Tem se tornado cada vez mais comum também", conta.
"Êxodo urbano" vira fenômeno
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes), Júlio Rocha, destaca que um fenômeno tem acontecido com cada vez mais frequência: a ida de pessoas do meio urbano para o campo, para atuarem na colheita de café.
"Tem se tornado cada vez mais comum o profissional que atua no comércio, nas cidades, tirar férias na época da colheita e ir trabalhar como colhedor, para tirar uma renda extra", conta.
Rocha destaca que um dos problemas com a mão de obra que vai atuar no campo é a questão dos benefícios assistenciais, que restrigem o registro de carteira, mesmo que temporária.
Para isso, foi aprovado recentemente um projeto de lei na Câmara que permite a manutenção do Bolsa Família com carteira assinada temporária. A proposta, porém, ainda precisa passar pelo Senado.
"Quem dá o serviço a esse profissional acaba penalizado, assim como o próprio profissional".
A produção cafeeira
Destaque para a produção de conilon, que está em crescimento.
Produção no Estado
16,4 milhões de sacas de 60 quilos, somados arábica e conilon, é a produção estimada para o espirito santo. Com isso, a previsão é de crescimento de 18,2% na produção total de café no Estado.
O crescimento
É justificado pelas boas precipitações verificadas no Norte do Estado, que beneficiaram as lavouras de conilon, que correspondem a 69% da área da espécie no Brasil. No Espírito Santo se encontra a maior área destinada ao café conilon do País, com 286,7 mil hectares e, no total, são 379,8 mil hectares.
Para o arábica, sob efeito do ano de baixa bienalidade, a produção deverá ser de 3,3 milhões de sacas, 18,2% abaixo do volume colhido em 2024. Já para o café conilon, estima-se 13,1 milhões de sacas, crescimento de 33,1% em relação à safra anterior.
O Estado se destaca na produção do café conilon por conta da grande adaptabilidade que essa espécie de café teve nas condições apresentadas nas principais regiões cafeicultoras capixabas.
O Estado é considerado o berço do café conilon, tendo saído na vanguarda do plantio. Por aqui, o cultivo foi bem assimilado, tornando o negócio uma tradição.
Preços bons para produtores
Os dados de mercado mais recentes mostram que a saca de café tem sido comercializada a preços bastante atrativos para os produtores - mais de R$ 1.900 a saca (bebida rio) de arábica e mais de R$ 1.600 a de conilon.
O valor bruto da produção de café no Estado este ano deve ser de R$ 30,88 bilhões, montante que representa 24,57% do total do País, que deve atingir R$ 125,70 bi.
Remuneração maior
O valor das sacas de café mais elevado têm feito aumentar também a remuneração dos trabalhadores que atuam na colheita.
Há situações de trabalhador receber até R$ 500 por dia, de acordo com o número de sacas colhidos (cada saca vale, em média, de R$ 35 a R$ 70), e alcançar, no mês, remuneração entre R$ 7 mil e R$ 8 mil. Além disso, tem havido até disputa para trabalhar, o que garante que não falte mão de obra.


Tribuna Online

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