Cabo Frio: maior cidade da região figura desde 2014 entre as com pior taxa de homicídios do estado do Rio
Famosa pelo turismo e pelas belas praias, a Região dos Lagos também se destacou, em 2017, por uma característica nada atraente. Quatro das sete cidades da chamada Costa do Sol figuraram entre as dez com piores taxas de homicídio do estado, como mostra um levantamento feito pelo EXTRA com base em números do Instituto de Segurança Pública (ISP). A escalada na violência é tanta que, pelo terceiro ano consecutivo, a região registrou mais assassinatos para cada cem mil habitantes do que a Baixada Fluminense, tida como uma das áreas mais inseguras do Rio.
Em 2016, 2015 e 2014, até onde é possível chegar com os dados mais antigos separados por município disponibilizados pelo ISP, apenas duas cidades da Região dos Lagos apareceram nesse indesejado top 10: Cabo Frio, todas as vezes, acompanhada em duas ocasiões por Araruama e, em uma, por Búzios. No ano passado, considerando as estatísticas até novembro, o trio ganhou a companhia de Arraial do Cabo, terceira colocada de todo o estado no quesito taxa de homicídios — veja mais detalhes no infográfico abaixo.
— É inegável que a segurança é um dos principais fatores que geram impactos diretos no turismo. Já tivemos épocas em que hoteleiros e comerciantes tiveram grandes problemas por causa da violência, e isso acaba gerando demissões — afirma Maria Inês Oliveros, presidente do Convention & Visitors Bureau de Cabo Frio, maior cidade da Região dos Lagos, que inclui ainda, além dos municípios já citados, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia e Saquarema.
— Mas isso faz parte de um passado que estamos trabalhando para que não volte a acontecer. E 2017, inclusive, foi um ano relativamente tranquilo. Tivemos um dos réveillons mais calmos dos últimos anos — acrescenta Maria Inês.
Ação do tráfico impulsiona assassinatos
Os sete municípios da Região dos Lagos são atendidos por uma única unidade da PM: o 25º BPM (Cabo Frio). Comandante do batalhão há exatos dois anos, o coronel André Henrique Oliveira da Silva credita sobretudo à disputa entre facções rivais o número de homicídios em sua área de atuação.
— Por isso, temos feito um trabalho forte no combate ao tráfico, no sentido de retirar armas desses criminosos. Viramos o segundo semestre do ano passado com 31 casos a menos de letalidade violenta do que a meta de 194 diante de 2016 — diz.
Outra medida que pode ajudar a melhorar os índices na região é a inauguração de uma Delegacia de Homicídios com sede em Macaé, no Norte Fluminense, prometida para até o fim do ano. A unidade vai atender ao todo dez municípios, onde atualmente os casos são investigados por delegacias distritais.
De acordo com a Polícia Civil, cerca de 50% dos assassinatos ocorridos no interior do estado são registrados na área a ser atendida pela nova DH. O previsto, porém, é que a especializada abranja apenas três cidades da Costa do Sol: Cabo Frio, Arraial do Cabo e Búzios, que somadas correspondem a pouco mais de 45% da população total da Região dos Lagos.
Uma arma por dia
Estatísticas internas do 25º BPM apontam que, entre armas e simulacros, o batalhão fez mais de uma apreensão diária no ano passado. Foram 276 armamentos reais, incluindo dois fuzis, e 99 réplicas recuperadas no período.
Duas mil detenções
A soma de prisões e apreensões de adolescentes, mais de cinco por dia, também impressiona. O batalhão colocou atrás das grades, em 2017, 1.580 adultos e 447 menores. Além disso, foram apreendidos 635 quilos de droga ao longo do ano.
Veja, abaixo, a íntegra da resposta enviada pela Polícia Militar
“A elevação das taxas de homicídios em cidades da Região dos Lagos, assim como em outras áreas turísticas do estado, está relacionada à estruturação do tráfico de drogas. Qualquer ocupação de território para prática ilícita ocorre de forma violenta, resultando em mortes.
De acordo com o Comandante do 25º BPM (Cabo Frio), Coronel André Henrique de Oliveira Silva, mais de 90% dos homicídios ocorridos nas cidades sob sua jurisdição têm relação com a disputa por pontos de venda de drogas. Hoje, na região, há duas facções criminosas disputando território. Para ilustrar o cenário, vale lembrar que em 2017 foram aprendidas 276 armas de fogo, entre as quais dois fuzis, e foram efetuadas 1580 prisões de criminosos e 447 apreensões de menores envolvidos em atos violentos.
Apesar dessa constatação – cuja reversão não depende apenas da Polícia Militar – houve uma queda na taxa de homicídios entre 2016 e 2017 de 16% na AISP 25. A redução dos indicadores de letalidade violenta é reflexo do trabalho contínuo e cada vez mais integrado com a Polícia Civil.”
Fonte: Extra