O haxixe tem alto poder de vício porque é mais concentrado, diz
especialista. Foto: Reprodução/Internet
Ecstasy líquido, haxixe paquistanês de duas cores e até cacau em pó chegaram e podem levar a morte
Madrugada de sexta-feira numa boate de Meaípe, em Guarapari. Quatro homens e duas mulheres abrem um guardanapo com metilenodioximetanfetamina, o MDMA, e cantam: “Nunca mais eu vou dormir! Uh, Michael Douglas!”.
Para uns, o trecho de um funk. Para eles, um lema. O nome do ator americano virou apelido para a droga sintética que, ao lado do GBH, do cacau em pó e do haxixe paquistanês pegam a rota das praias e abastecem as festas de verão.
A inflação no ramo é alta. À reportagem, o grama de MDMA — um comprimido do tamanho do tamanho de um grão de feijão — foi oferecido entre R$ 120 e R$ 150.
A diferença? “O mais barato deixa mais travado, com dor na mandíbula”, disse um estudante de Publicidade, 21 anos. Diluindo no copo de vodca, o grama chega a durar toda madrugada, ele garantiu. Em troca, alucinações capazes de alterar o estado de consciência.
Corta para Santa Lúcia, em Vitória. Um estudante de Odontologia de 26 anos a bordo de um Sportage cinza nem desce do carro para negociar os dois tipos de haxixe marroquino e paquistanês que trafica. “O preto é pior e o grama é R$ 15. O marrom é melhor, então vendo por R$ 50 um grama”, negocia, com opção de entrega das bolas na Praia do Morro e na Enseada Azul, em Guarapari.
É por ali, aliás, que um jovem que acabara de voltar de uma temporada na Europa compartilha com amigos um “barato” diferente que faz sucesso do outro lado do Atlântico: cheirar, aos moldes da cocaína, cacau em pó. Ele abre uma carreira numa festa na Praia de Peracanga e um grupinho aspira.
As cenas seguintes são patrocinadas pelo efeito do cacau, que provoca injeção de endorfina, causando euforia.
Espécie de ecstasy líquido, o GHB não deixa por menos. Na base do conta-gotas, estão sendo usados com intuito de vulnerabilidade sexual. Versões mais baratas, a R$ 30 e há casos de morte súbita.
A chegada de drogas de verão ao Estado deixam os especialistas preocupados.
Para o médico psiquiatra e psicanalista José Nazar, as novas drogas podem desencadear loucura, psicose e neuroses, além de desestruturação mental.
Tribuna Online
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