O cartão reconstrução, é um auxílio oferecido pelo governo do Estado, às famílias de baixa renda, com renda salarial de até três salários mínimos, e que foram atingidas pelas enchentes. Para ser beneficiário do auxílio, o cidadão também deverá ter cadastro no CadÚnico com todos os dados atualizados nos últimos 24 meses. Residir no município que decretou calamidade pública homologada pelo Estado, também faz parte dos critérios para receber o cartão.
O BN teve acesso à ficha cidadão de Antonio Marcos Lugão Cristofore, no Sistema Único de Saúde, do município de Apiacá (imagem abaixo), que consta como aprovada pelo sistema. Já no município de São José do Calçado, o cadastro que foi realizado em 2015, ainda aguarda por aprovação.
Apesar de Antonio Marcos, ter ficha cidadão no Sistema Único de Saúde de Apiacá, um outro fator curioso chama a atenção. Ele, é eleitor no município de São José Calçado, na Seção Eleitoral 082, no distrito conhecido como Jacá. O que mais intriga, é que, para a justiça eleitoral, ele declarou morar na rua principal do distrito Patrimônio do Divino (Jacá).
O BN percorreu algumas ruas do distrito onde Antonio Marco diz ter residência, no entanto, todas as pessoas com quem o BN conversou, disseram não conhecer ninguém com esse nome no Patrimônio do Divino.
O BN conversou também com profissionais da saúde que atuam no distrito Jacá, e todos afirmaram que Antonio Marco não mora na comunidade, que nunca o atenderam. Já o endereço que consta no SUS de Calçado, também é suspeita, isso porque citou a localidade Divineia, Rua Projetada s/n como seu domicilio, sem mais detalhes.
Se em São José do Calçado ninguém sabe onde mora Antonio Marco Lugão Christovão, já em Bonsucesso, distrito de Apiacá, todos sabem dizer seu endereço. Conhecido como Marquinhos do Cristovão, o beneficiário do cartão reconstrução em São José do Calçado, reside já a um bom tempo na conquista, uma comunidade rural ligada ao distrito de Bonsucesso, do município de Apiacá.
O BN conversou com o prefeito de Apiacá, Fabrício Thebaldi (PP), que após perguntar se ele tinha conhecimento de situações em que moradores cadastrados no SUS de seu município, são eleitores em São José do Calçado, ele disse ter sim conhecimento de muitos fatos.
- Então, tenho conhecimento de muitos fatos. Porém, entendo ser caso de Ministério Público. Espero que tais "fatos" cheguem até o conhecimento deste órgão – desejou o prefeito Fabrício.
Perguntado sobre Antonio Marcos Lugão Cristofore, Fabrício disse que o conhece, e que, até onde ele sabe, Antonio Marco é morador do distrito de Bonsucesso, em seu município.
O endereço cadastrado na ficha cidadão de Antonio Marco, em São José do Calçado (imagem abaixo), é de uma rua localizada nas partes altas da cidade, ficando completamente fora do risco de alagamento por chuvas. Nesse caso, ele não poderia receber o Cartão Reconstrução.
O BN fez contato com o beneficiário pelo WhatsApp, através de mensagem de áudio, para buscar esclarecimentos sobre seu domicílio. A mensagem foi enviada na noite de segunda-feira, e teve seu recebimento confirmado de imediato, no entanto, até o fechamento dessa matéria, ele não retornou o contato e nem se manifestou sobre o caso. O BN também procurou de forma igual pelo Secretário de Ação Social, Weder Ferreira, já que é a Secretária de Ação Social responsavel por realizar e avaliar os cadastros para ver quais estão aptos à receberam o auxílio. Weder, que é amigo de Marquinhos Cristofore, também não se pronunciou a respeito.
Na ficha cidadão de Calçado, o nome de Marquinhos do Cristovão, aparece escrito de forma diferente ao do cadastro no município de Apiacá, assim também como seu número de telefone e sua naturalidade, no entanto, o BN chegou à conclusão de que se trata da mesma pessoa, após verificar que o CPF cadastrado nas duas fichas é o mesmo, assim também como os nomes dos pais de Marquinhos.
O Vereador de São José do Calçado, Jurandi Medeiros (PMN), já enviou ao executivo um requerimento solicitando a relação e outras informações sobre os beneficiários do auxílio, mas não teve seu requerimento atendido. O vereador questiona falta de transparência dos atos do executivo.
Vale lembrar que, a poucos dias, a prefeitura recebeu nota 20,9 em transparência no Estado do Espírito Santo, ficando em último lugar. A matéria foi publicada aqui no BN, e depois na TV Gazeta.
Há informações de que além de Antonio Marcos, outras pessoas que não se enquadram no perfil para receber o Cartão, teriam recebido o auxilio de R$ 3 mil, do governo estadual.
O BN tentou falar também com o prefeito de São José do Calçado, através de seu gabinete, mas não obteve sucesso.
Broinha Noticias