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sexta-feira, 22 de novembro de 2019

BONJESUENSE MOTORISTA DO FLAMENGO: “NÃO VIA O CHÃO”. CONTA COMO FOI DIRIGIR NO AEROFLA E DIZ:”IMAGINA NA VOLTA?”

Foto: Arquivo pessoal
Se você, torcedor, ficou espantado ao ver o AeroFla da última quarta-feira, quando o Flamengo embarcou para a final da Libertadores em Lima, no Peru, imagina o motorista do ônibus da delegação? O GloboEsporte.com achou José Vieira Apolinário, de 55 anos, para saber como foi aquela experiência de dirigir "sem ver o chão", como ele mesmo relatou.
Seu Apolinário, como é conhecido por todos, admitiu que chegou a ficar assustado ao ver de perto as as imagens que ganharam o mundo, mas diz que contou com a ajuda da multidão para guiar o veículo rumo ao maior sonho dos rubro-negros:
– Quando abriu o portão, falei: "Meu Deus do céu, o que é isso"? Quando entrei vi a aglomeração, mas depois não tinha noção da quantidade que estava lá fora. Achei que não fosse conseguir sair. A gente andava, mas não via o chão. Quem guiava eram eles. Quando as cabeças na frente ficavam mais altas, sabia que tinha algo no caminho (risos).
– Em todo o trajeto, onde passamos, tinha gente em cima de passarela com bandeiras, gritando "Mengo". Eu vi isso em 81 e hoje viver isso foi muito bonito. Estar com o elenco todo dentro do ônibus, sendo torcedor do clube, a gente fica no último estágio de adrenalina – contou emocionado.
O motorista só lamentou o incidente na chegada ao Galeão, quando uma grade se rompeu e deixou alguns feridos no portão do Terminal de cargas do aeroporto: 
– Infelizmente houve um pequeno transtorno na grade, na chegada ao Galeão. Que bom que ninguém se machucou sério. Era tanta gente que não tinha nem como a polícia fazer nada. Era um motivo de festa, todos queriam estar se despedindo dos jogadores.
Rubro-negro de infância, Seu Apolinário nasceu em Bom Jesus do Itabapoana, no interior do Estado do Rio de Janeiro, e se mudou para a capital ainda na adolescência. No Rio, tirou carteira de condutor pouco depois do título da Libertadores de 1981, que acompanhou pela TV.
Já experiente no volante, ele começou a prestar serviços como motorista para o clube há cerca de cinco anos, por uma empresa terceirizada. Mas desde que o Flamengo assinou a parceria com a "Buser", em julho, passou a ser o motorista fixo do "UruBus".
No volante do Ninho do urubu ao Galeão, Seu Apolinário não conseguiu ver a reação dos jogadores nas poltronas, mas acredita que todos absorveram a energia. Por outro lado, o motorista foi a viagem toda acompanhado do técnico Jorge Jesus na frente do ônibus. O português, que em entrevista disse nunca ter vivido nada igual, passou a viagem vibrando com a torcida, como revelou o condutor:
– O que passou para a gente era isso, uma energia positiva. Acredito que refletiu nos jogadores, não temos muito acesso a eles. O Jesus que veio na frente comigo e vibrou com o povo. Sabe quando o Gabigol faz gol? Não tem aquela comemoração dele que levanta os braços? O Jesus estava comemorando com os caras, vibrando com eles. É tão gostoso que não tem como descrever. Isso vai ficar comigo para o resto da minha vida – vibrou.
Questionado pela reportagem como imaginaria o retorno da delegação se o Flamengo for bicampeão da Libertadores, o motorista respondeu com otimismo: ele tem certeza do título e já vislumbra a recepção:
– "Se" não, o Flamengo vai ser campeão e vai fechar a cidade toda. Imagino que seja no caminhão dos Bombeiros para o povo festejar junto com eles. Se já foi bonito na ida, imagina na volta?

GE

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