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quarta-feira, 13 de novembro de 2019

‘MAMÃE, NÃO CHORA’, DISSE MENINA DE 5 ANOS AO SER BALEADA EM REALENGO

Ketellen, 5 anos, foi vítima de bala perdida após homens em um carro passarem atirando em praça de Realengo. Ela não resistiu e morreu no hospital
Ketellen, 5 anos, foi vítima de bala perdida após homens em um carro passarem atirando em praça de Realengo. Ela não resistiu e morreu no hospital - Reprodução / Facebook
A tia avó de Ketellen Umbelino de Oliveira Gomes, 5 anos, contou que a menina tentou tranquilizar a mãe logo após ser baleada na perna. Baleada num ataque a tiros que matou um adolescente em Realengo, na Zona Oeste, quando estava a caminho da escola, ela não resistiu e morreu no Hospital Albert Schweitzer na madrugada desta quarta-feira. A criança é a sexta morta por bala perdida em 2019.
"A Jessica (mãe) levava ela de bicicleta para a escola. Na hora em que ela estava passando, começou o tiroteio, os caras correndo atrás do homem que morreu, e aí um tiro pegou na perna dela. Acho que Ketellen estava na bicicleta. A Jessica a viu caída e ela disse assim: 'Mamãe, não chora, não'. A mãe começou a chorar, passando mal, e voltou correndo para pedir socorro. O sangue já estava escorrendo pela perna. Foi para o hospital, fizeram tudo para poder salvar, mas, quando deu 22h e pouca ela faleceu'", lembrou a copeira Dayse da Costa, 60 anos.
A mãe levava a menina todos os dias para a escola por volta de 12h40. A entrada era às 13h. Dayse descreveu a sobrinha como uma menina "evada" e "amável". "Só me chamava de vó: 'Vó, cheguei, vovó. Tô chegando. O que você trouxe pra mim?'. Eu às vezes dizia: '‘A vovó não trouxe nada hoje'", relatou a tia, chorando. A garota dizia que queria ser massagista quando crescesse: "Ela gostava de brincar e de fazer massagem. Falava que, quando crescesse, ia ser massagista para fazer massagem nas tias e na 'rimã', porque ela chamava a irmã de 'rimã'. "Tá, tia? Vou ser massagista e vou dar massagem em você e na minha 'rimã'."
A família se queixa da violência crescente na região da Cohab, em Realengo, e pede justiça pela morte da criança. "Eu espero justiça. Isso tem que mudar, porque já está demais. A gente não tem nem como sair de casa pra trabalhar. Eu fui assaltada semana passada na minha esquina às 5h30 indo trabalhar. Eu ainda reagi ao assalto. Os bandidos falaram que queriam o celular, eu disse que não tinha e eles me imprensaram no muro. A sorte é que três rapazes vieram na minha direção e os bandidos foram embora", lamentou Dayse.

O Dia

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