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quinta-feira, 9 de abril de 2020

DADOS REVELAM QUE HOSPITAIS DO GOVERNO DO ES, COM MAIOR NÚMERO DE PROFISSIONAIS, ATENDEM MENOS QUE FILANTRÓPICOS

Os hospitais filantrópicos se mostram uma arma potente na luta contra o coronavírus no Espírito Santo. Somente na Santa Casa de Cachoeiro de Itapemirim, referência em tratamento do vírus no Sul do Estado, há 37 leitos de UTI disponíveis, além das enfermarias.
E, num momento em que o profissional de saúde é mais necessário do que nunca, resta a dúvida: afinal, qual é o grau de eficiência dos hospitais estaduais e filantrópicos? Para dar uma ideia, o Hospital Estadual de São José do Calçado atendeu, de 1º a 23 de março, 1.910 pacientes no pronto-socorro, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o que significa um média de 83 atendimentos por dia, ou 2.491 por mês. Já a Santa Casa de Guaçuí, que é uma unidade filantrópica, atende, em média, 4,8 mil pacientes todos os meses, o que significa 160 pessoas atendidas todos os dias.
A conta fica mais discrepante quando é observado o número de médicos que trabalham em cada unidade. No estadual de São José do Calçado, são 75 profissionais, enquanto no filantrópico, são 40. Na prática, a Santa Casa de Guaçuí atende praticamente ao dobro de pessoas com quase metade dos médicos.
A matemática evidencia novamente essa diferença quando se fala em UTI. Enquanto os mesmos 75 médicos do hospital de São José do Calçado têm de dar conta de 10 leitos de UTI, os 40 profissionais da Santa Casa de Guaçuí precisam atender ao dobro disso: no local, funcionam 20 leitos de intensivo.
Os números do Hospital de Jerônimo Monteiro (Unidade Integrada de Jerônimo Monteiro) também mostram um grau de eficiência inferior ao encontrado em Guaçuí: foram 1.592 atendimentos até o dia 25 de março, ou 64 por dia, em média. A unidade possui 59 profissionais atendendo a população.
Na sessão da última segunda-feira (6), o vereador Valmir Santiago (DEM) levantou a questão na Câmara de Vereadores de Guaçuí. “O custo do hospital de São José do calçado é, no mínimo, três vezes maior do que o nosso. E nós atendemos ao dobro de pacientes em Guaçuí. Agora, imagine se esse hospital abrisse para atender essa região do Caparaó? Quanto que desafogaria o Hospital Evangélico? Quantas transferências poderiam ser feitas para São José do Calçado? Tem estrutura, logística, mas deficiência de atendimento”.
Durante o pronunciamento, Santiago disse ainda que é incompreensível essa centralização de atendimentos no Evangélico, outra unidade filantrópica, enquanto há um hospital estadual que poderia atender à população do Caparaó.
“Temos um hospital como o de São José do Calçado, com média de 70 médicos, mas toda nossa transferência é feita para o Hospital Evangélico em Cachoeiro. O hospital de São José do Calçado tem nove leitos de UTI. Poderia estar sendo usado de uma maneira mais saudável para a região. Mas tudo é centralizado no Evangélico, um filantrópico. E o hospital do Estado, que poderia dar esse atendimento para toda a região, atende um ou outro, mas o serviço que eles precisariam estar prestando, não prestam”.
Governo aposta nos filantrópicos
Em coletiva na manhã desta quarta-feira (8), o governador Renato Casagrande informou sobre a doação de R$ 1 milhão feito pela EDP à Santa Casa de Cachoeiro. O dinheiro será usado para a compra de remédios e equipamentos de proteção individual. Questionado sobre a situação das Santas Casas, que muitas vezes precisam de doações para manter as portas abertas, Casagrande disse que o governo tem feito um trabalho intenso com os filantrópicos e que essa parceria foi ampliada. E disse ainda que a razão de o Estado ter mais leitos disponíveis é por conta dessa parceria.
“A razão de termos mais leitos é o trabalho de parceria com filantrópicos. Estamos colocando mais leitos regulados pelo Estado. É bom que digamos a todos que desde o final de janeiro nos prepararmos para o coronavírus e, além da logística maior com filantrópicos, nós credenciamos outros hospitais da região, como de Guaçuí e Castelo, que poderão atender a outras enfermidades. Isso ajuda na ampliação de leitos”, informou.
Entramos em contato com a Secretaria de Saúde sobre o motivo da discrepância em atendimentos nos estaduais e nas Santas Casas mas, até o momento, não obtivemos resposta.

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