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domingo, 12 de abril de 2020

KOMBI “ABENÇOADA JEGUINHA”: DE MIMOSO DO SUL PARA OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA



Esse é mais um dos curiosos casos de Mimoso do Sul tendo como protagonistas uma antiga Kombi, um vendedor, um intermediador e um comprador. Vamos ao caso!
A Kombi
Apelidada de “Abençoada Jeguinha”, tem a cor bege, ano 1970, veículo que realizava o transporte de uma barraca de caipifrutas.
O vendedor
É o popular Saldanha Peres, da barraca de Caipifrutas, morador da Rua Isídio Cesário, situada atrás do ginásio que utilizava o veículo para frete, transporte de animais e utensílios agrícolas para seu sítio próximo a localidade da União. Com a paralisação no trabalho da barraca de Caipirutas e a aquisição de uma moto, a kombi ficou parada em sua garagem.
O intermediário
Trata-se de Darcy Pires Mofati (o Darcyzinho da oficina de motos e meu irmão). Certo dia, durante execução de serviços na moto do Saldanha e sabendo que certa pessoa queria comprar uma kombi, perguntou ao freguês se ele gostaria de vender a sua. O Saldanha, sempre rápido em suas respostas, disse que sim. Assim, Darcy sabendo detalhes do veículo como documentação, condição geral do carro, preço, etc, entra em contato com o comprador.
O comprador
É o Marcelo Paraguassu Pires (meu primo), um mimosense que mora em Vitória (ES), funcionário público e apaixonado em restauração de veículos antigos. É, inclusive, proprietário de um dos mais lindos fuscas do país: ano 1966, grande vedete nas exposições de carros antigos e não está à venda.
Os percalços do caminho
Marcelo veio em Mimoso do Sul, acertou o pagamento da compra e passou a ser o novo proprietário da “Abençoada Jeguinha”. De imediato, substituiu os pneus que estavam ressecados e outros reparos na Oficina do Darcy. No dia aprazado, ele veio novamente ao nosso município, acompanhado desta vez de um amigo e motorista que se responsabilizou em dirigir a Kombi pelos perigosos 180 km da BR-101 até Vitória. Muitos foram os percalços durante a viagem: folga absurda na direção que fazia o carro zigue zaguear na pista, pouca velocidade, instabilidade, vazamento de gasolina pelo suspiro e pane na parte elétrica, mas o limpador do para brisa funcionava.
Segundo ele, a pior parte ocorreu próxima ao trevo de Guarapari, quando numa curva o motor apagou completamente, deixando a kombi estacionada perigosamente no acostamento com as rodas do lado esquerdo em cima da faixa branca da pista. Imagine a distancia que caminhões passavam por ela! Com o “apagão” do veículo o motorista deixou o volante e foi olhar o motor, nisso o Marcelo que seguia atrás comboiando toda a viagem estaciona seu carro logo atrás da Jeguinha e auxilia o amigo. Foi aí que o pior aconteceu: apontou um caminhão Bitrem (Romeu e Julieta) juntando papel de picolé, poeira, areia e pedras numa velocidade tão grande que um perdeu os óculos e os cabelos ficaram igual pingente de trem bala. Para piorar, entraram uns dois kilos de terra em cada olho. O deslocamento de ar foi tão grande que uma coisa horrível aconteceu: na passagem do caminhão, a porta do motorista abriu igual um alçapão. Conclusão: veio outro caminhão e só se ouviu o estouro. A porta foi arrancada e jogada a uma distancia de 100 metros. Ela girava feito um peão no meio da pista, parecia a placa do Deloren no filme “De Volta Para o Futuro”. Os amigos desnorteados saíram em disparada driblando o transito para pegar a tal porta evitando assim um acidente muito pior. Motoristas que iam e vinham na Rodovia gritavam: “Seus “FDP”, querem morrer?” e outros xingamentos mais.
Restauração
A Kombi ficou no Posto Tigrão e no outro dia um guincho foi buscá-la, levando-a para a restauração que levou três anos para finalmente ficar pronta. Tudo foi feito com muita técnica e perfeição, desde a funilaria, troca de peças, estofamento, pintura, ar condicionado, enfim a “Abençoada Jeguinha” ficou um luxo e tornou-se uma jóia despertando olhares por onde passava.
Compra da Kombi restaurada
Um brasileiro que tem negócios nos EUA e em Vitória gostou da Kombi e a comprou do Marcelo pagando R$ 55 mil e entre a compra da Kombi e as reformas ficou tudo por R$ 35 mil. Assim, Marcelo acabou lucrando R$ 20 mil. Valeu o sacrifício!
“Abençoada Jeguinha” no exterior
O novo comprador tem por hobby o comércio de carro antigos em bom estado de conservação e possui em Huston, no Texas (USA), lojas de veículos e é participante ativo de feiras, exposições e leilões. A “Abençoada Jeguinha” foi para o porto de Santos de navio e lá se juntou a outros três veículos adquiridos por este mesmo comprador, um SP-2, um Garman-guia e outra Kombi, assim o quarteto ganhou as águas do Pacífico para desembarcarem na América. Segundo informação a Kombi mimosense deve ser vendida por lá em torno de $30 mil dólares ou seja: R$150.000,00 mil reais.
Obs: a maioria dos norte americanos da região do Estado do Texas, (região árida e muito quente) gosta de veículos da Volkswagen, principalmente os aspirados, refrigerados a ar e como hoje, praticamente não se fabrica mais estes veículos, eles pagam verdadeiras fortunas por estas raridades.
É isso! Essa foi mais uma daquelas histórias que um veículo um dia foi fabricado, serviu seu proprietário, não foi desprezado e tornou-se uma vedete e motivo de cobiça para muitos olhares: “Abençoada Jeguinha”: de Mimoso do Sul para o mundo.

Rede M1

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