PRIVATIZAÇÃO DA ÁGUA EM BOM JESUS: O QUE ESTÁ EM JOGO?

No próximo mês, o prefeito de Bom Jesus, Serginho Cirilo, pretende formalizar a venda do serviço de fornecimento de água do município para uma empresa privada. Essa decisão, que impactará diretamente a vida dos moradores, levanta uma série de preocupações econômicas, sociais e estruturais.

Principais Mudanças no Serviço de Água

De acordo com informações preliminares, o impacto financeiro para os consumidores será significativo:

– Aumento da tarifa: As contas de água poderão quadruplicar de valor, afetando tanto residências quanto estabelecimentos comerciais.

– Fim de benefícios comerciais: O comércio perderá a meia tarifa atualmente oferecida pela CEDAE, agravando ainda mais os custos.

– Cobrança de taxa de esgoto: Será implementada uma nova taxa correspondente ao valor total da conta de água.

– Elevação das tarifas de serviço: Taxas para execução de serviços e reparos dobrarão de valor, além de prazos de atendimento que poderão ultrapassar cinco dias úteis.

– Redução da qualidade da água: A transferência para uma gestão privada pode comprometer a qualidade do fornecimento, visto que empresas priorizam o lucro, muitas vezes em detrimento da excelência do serviço.

– Restrição da tarifa social: O benefício será limitado a apenas 5% da população, excluindo grande parte das famílias de baixa renda.

Questionamentos Sobre a Negociação

Outro ponto preocupante é o valor da venda. A oferta aceita pela prefeitura é inferior à metade do montante que a CEDAE havia proposto investir no município para a renovação do contrato. Além disso:

– Aumento de despesas públicas: A nova empresa cobrará pelo fornecimento de água a todos os órgãos públicos, o que poderá elevar os custos da prefeitura em milhões de reais anuais.

– Autonomia sem transparência: Será concedida uma outorga para a prefeitura, permitindo o uso de recursos sem necessidade de comprovação detalhada de gastos, o que suscita suspeitas sobre a gestão desses fundos.

Precedentes e Impactos Regionais

A experiência de municípios vizinhos que privatizaram o fornecimento de água, como Miracema, Natividade e Campos, serve de alerta. Nessas localidades, os consumidores enfrentam aumentos tarifários descontrolados, serviços deficientes e redução na qualidade da água. A situação remete também à gestão da ENEL, empresa privada de energia elétrica que frequentemente enfrenta críticas por ineficiência e cobranças abusivas.

A Reação da População

Embora alguns possam apontar falhas na atuação da CEDAE, os desafios enfrentados no atual modelo de gestão pública parecem pequenos diante do caos que a privatização pode desencadear.

A sociedade civil deve estar atenta e buscar esclarecimentos com seus representantes. Muitos vereadores, que deveriam zelar pelos interesses da população, estão compactuando com essa decisão controversa. É fundamental exigir que esses parlamentares expliquem suas posições e justifiquem seu apoio ou oposição à medida.

A privatização da água em Bom Jesus não é apenas uma decisão administrativa; trata-se de uma questão que afetará profundamente a qualidade de vida e a sustentabilidade financeira do município. Que essa decisão seja tomada com total transparência e responsabilidade.

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