Desde o lançamento da pedra fundamental do Complexo Industrial do Porto do Açu, no município de São João da Barra (SJB), em 2007, oito anos se passaram. Durante esse tempo, o empreendimento passou por muitas mudanças e até incertezas. Hoje, seis mil pessoas trabalham no empreendimento, que possui além da Prumo Logística Global, atual responsável pela administração, mais 11 empresas que têm contrato, cinco delas efetivamente operando.
A principal dificuldade ocorreu com a derrocada do seu principal idealizador e acionista, o empresário Eike Batista, no ano passado. Mudanças ocorreram, desde a reformulação estrutural até o controle administrativo. As previsões eram ruins diante da crise, mas a nova administração trouxe boas perspectivas. Até o final deste ano, duas importantes operações devem ter início no complexo.
Com a saída das empresas "X", houve uma mudança vocacional no porto. O empreendimento, que antes tinha como principais vocações o minério de ferro e a instalação de duas siderúrgicas, tem hoje como principais atividades, além do minério, petróleo e apoio ao setor offshore. Com essa nova demanda, o projeto original precisou sofrer ajustes e novos negócios se tornaram possíveis.
Novas operações no Terminal 2
As novidades são que, no segundo semestre do ano, duas importantes operações estão previstas para serem iniciadas: o Terminal Multicargas (T-Mut) da Prumo e as operações da Edison Chouest em parceria com a Petrobras, ambos no Terminal 2. O T-Mult irá movimentar cargas como contêineres, rochas, veículos, petróleo, entre outros, de várias empresas. Com 500 metros de cais já prontos para operação, o TMULT possui atualmente dois berços, que poderão movimentar até quatro milhões de toneladas entre graneis sólidos e carga geral. Sua capacidade estática de armazenagem é superior a 100 mil toneladas de granéis sólidos e 20 mil toneladas de carga geral.
Já a americana Edison Chouest fechou parceria com a Petrobras para atuar como base de apoio logístico offshore e estaleiro de reparos navais para suas próprias embarcações que atuam na Bacia de Campos. Essa é a segunda expansão da empresa no porto, cujo montante de investimentos previstos é de R$ 950 milhões. Com o início das operações para novembro deste ano, a estimativa é que sejam gerados 900 empregos na base.
Outras operações também estão previstas para ter início no segundo semestre de 2015 e início do ano que vem, que são: movimentação de container, instalação de usina termoelétrica, polo de reparo naval, transbordo de petróleo, distribuição de gás, entre outras.
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Com uma área total de 130 km², sendo 90 km² do empreendimento com o Terminal 1 (T1 - offshore) e o Terminal 2 (T2 - onshore), e 40 km² de área de reserva natural, o complexo conta com 17 km de píeres. O T1 é dedicado à movimentação de minério de ferro e petróleo e teve sua primeira operação outubro de 2014, já tendo recebido 20 navios.
Já o T2 está instalado no entorno de um canal para navegação, que conta com 6,5 km de extensão, 300 metros de largura e profundidade de, pelo menos, 10 metros em toda a sua extensão, chegando a 14,5 metros na sua maior profundidade. O T2 irá movimentar carga de projetos, contêineres, rochas, bauxita, grãos agrícolas, veículos, granéis líquidos e sólidos, carga geral e petróleo, através das empresas já instaladas e que têm contratos. Ainda no T2, tem a área da OSX, cujas primeiras instalações foram feitas e paralisadas em função do pedido de recuperação judicial. Os dois terminais juntos ocupam 10% da área.
Além disso, o porto ainda conta com uma extensa área a ser ocupada, que é chamada de retroárea, onde serão instalados um hotel, um centro de conveniência e outras empresas. As possibilidades de ocupação da área são enormes e por isso, vários negócios estão sendo discutidos. Com a ocupação e efetiva operacionalização, o Porto do Açu, que é considerado estratégico pela sua localização, possui área e vocação para ser o maior da América Latina.
Keylla Thederich/Jornal O Diário