A previsão do Climatempo e Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) para o Espírito Santo não é nada animadora para os próximos meses. Isso quer dizer que o clima seco continuará e a crise hídrica pode se agravar ainda mais. Não há previsão de chuva em volume expressiva até setembro. Se chover, não será suficiente para reverter os níveis dos rios capixabas.
De acordo com o meteorologista do Climatempo, Alexandre Nascimento, os modelos matemáticos de previsão do tempo indicam pouca chuva para o estado até setembro. Ele disse que pode chover nos próximos meses. Mas, nada suficiente para reverter o cenário existente: a perspectiva fica entre normal e abaixo da média mensal de chuva. A expectativa para Vitória é de 86 milímetros em maio, mas até esta sexta-feira (6) não choveu, abaixo da média mensal.
Ele explicou que o clima seco nos meses de maio a agosto é normal. O que ocorreu é que no período chuvoso, vai de outubro a março (2015/2016), choveu abaixo da média no Estado. E agravou a situação dos rios capixabas que já enfrentava o segundo ano de estiagem consecutiva.
Segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), os primeiros meses deste ano as chuvas quase não caíram e, quando ocorreram, foram passageiras e pouco expressivas. Já maio seguirá a tendência e afirmação do período seco no Espírito Santo.
Estiagem completa três anos consecutivos em 2016
Em 2016, a maior estiagem da história do Estado completa o 3º ano consecutivo. Os efeitos negativos dessa situação são rios cada vez mais baixos, moradores sofrendo com racionamento de água potável, indústrias e produtores proibidos de captarem água de rios.
O Governo do Espírito Santo decretou, nesta quinta-feira (5), estado de emergência, com o objetivo de captar recursos do Governo Federal para enfrentar a crise. Apesar disso, a redução do consumo de água e evitar o desperdício continuam sendo a melhor forma de passar por esse momento.
De acordo com levantamento da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), 29 municípios capixabas enfrentam dificuldades para manter as cidadãs abastecidas. Ecoporanga, Barra de São Francisco, Alto Rio Novo, São Mateus, Sooretama, Aracruz, São Roque do Canaã, Santa Teresa, Itarana, Serra, Mantenópolis, Itaguaçu, Governador Lindenberg e Pancas estão em situação extremamente crítica. A captação de água do rio nessas cidades é autorizada só para consumo humano. A restrição não foi o bastante para garantir o fornecimento diário de água nas residências das pessoas, Aracruz, por exemplo, já faz racionamento.
Onze cidades atendidas pela Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) passam por racionamento de água e outras nove estão na lista para entrar a qualquer momento. Na Grande Vitória a situação é crítica, mas os diagnósticos demonstram que a condição de abastecimento é um pouco mais tranquila, já que a captação pode ser feita na barragem do Rio Bonito, localizada em Santa Maria de Jetibá, região Serrana.
“Temos deixado claro para toda a sociedade o que vem ocorrendo em função dessa seca aguda que atingiu o nosso Estado pelo terceiro ano consecutivo. Além da redução e corte de abastecimento, a agricultura também tem sofrido, em 2015, tivemos mais de 20% de perda da produção e para este ano, estamos estimando uma perda de mais de 50%. Com o decreto, estamos esperando receber uma resposta positiva do Governo Federal, principalmente no que tange as renegociações das dívidas dos agricultores capixabas”, disse Octaciano Neto, gestor-chefe da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag).
ESHOJE