Na mira deles, estão mercados diferentes dos tradicionais, mas promissores, como os de alimentação orgânica, festas do pijama para crianças e consultoria de mídias sociais.
Para atender ao público que quer se manter em forma ou com restrições alimentares, o casal Ewerthon Souza, 26 anos, e Priscila Schimitt, 32 anos, montou em casa uma minifábrica de bolos funcionais. Os dois aproveitaram a onda de alimentação saudável para criar comidas sem glúten, sem lactose e sem açúcar. A base dos bolos são alimentos como banana, maçã e castanha-do-pará.
A ideia, que surgiu no ano passado depois de os dois perderem o emprego, tem dado tão certo que o faturamento da dupla já alcança quase R$ 16 mil por mês. “Vendemos cerca de 50 bolos por dia”, conta Ewerthon, que além de ser responsável em produzir as guloseimas fitness anda de porta em porta no comércio de Vitória para apresentar o seu trabalho. “Raramente volto para casa com alguma unidade”, acrescenta.
Mesmo com os negócios em alta, os dois planejam expandir o mix de produtos. “Começamos a testar uma barrinha de cereal caseira e pensamos em oferecer saquinhos com frutas secas especiais para quem faz dieta”, explica a sócia da Bolíssimo, Priscila, que cuida da parte administrativa da empresa e também recebe os pedidos pelo Facebook. “Apesar da linha mais leve, também fazemos, sob encomenda, bolos tradicionais”, complementa.
Na onda das festas do pijama
Se no passado bastavam um lençol, colchões e meia dúzia de travesseiros para fazer uma festa do pijama, nos dias de hoje a brincadeira tem se tornado uma aposta de negócios. A nova versão do evento, para meninos ou meninas, é bem produzida ao ponto de tomar lugar das habituais festas de aniversário. Remodelado, o encontro de amigos ganha requinte com utensílios como tendas, roupas de dormir personalizadas, roupão, mantinhas e kits de higiene.
Cada cabaninha, montada para acomodar duas crianças, custa cerca de R$ 250, explica a dona da Dream Party, Roberta Girelli, sócia da Ana Paula Santos. Para o cliente, o gasto depende da quantidade de convidados e também do serviço que será oferecido. Sem sede fixa, as duas armazenam o material em suas casas e fazem reuniões nas residências dos clientes ou em cafés.
Além de deixar tudo pronto para a diversão, as duas também podem cuidar, caso seja solicitado, da alimentação. “Geralmente, as crianças chegam às 19 horas e são recepcionadas com um lanche. De manhã, podemos disponibilizar uma mesa de café ou servir as comidinhas em bandejas para cada criança. A animação é tanta que as crianças só vão embora no meio do outro dia”.
Roberta, que é cerimonialista, teve a ideia de organizar as festinhas do pijama no ano passado. “Muitas noivas que eu auxiliei na época do casamento começaram a ter filhos e achei que seria uma boa oportunidade”, explica a empreendedora. “Todo mês tem festa. Não esperávamos uma procura tão grande. Agora, nossa intenção é fazer os eventos durante as férias escolares”, acrescenta.
Formalizar empresa, mesmo sem sede fixa, dá mais credibilidade
Cumprir prazos, ter organização financeira e planejar as ações são compromissos exigidos pelo mercado e que devem estar presentes no dia a dia de quem trabalha em casa. Isso significa que o fato de conduzir os negócios fora do ambiente empresarial exige ainda mais disciplina dos empreendedores.
O primeiro passo para profissionalizar a atividade econômica é buscar informações na prefeitura da cidade onde mora. Alguns municípios colocam restrições sobre os tipos de empresas que podem ser gerenciadas por um home office.
Formalizar a empresa também é importante para o novo empresário. “Dá mais credibilidade. Indica que o negócio é sério e que você não é um aventureiro que resolveu fazer um serviço para passar o tempo”, explica o consultor de negócios, João Luiz Borges Araújo, dono da Idea Consultoria.
Entre as possibilidades baratas para tirar a atividade da informalidade está o programa Microempreendedor Individual, do governo federal, voltado para aqueles que faturam até R$ 60 mil por ano. O custo para manter o registro é baixo: é necessário pagar R$ 44 de previdência por mês, além de R$ 1 de ICMS e R$ 5 de ISS para cada produto vendido ou serviço prestado.
Outra saída é fazer um cadastro na prefeitura como autônomo, mecanismo que também permite ao empreendedor a emissão de nota fiscal. “O segredo para que tudo dê certo é não deixar questões familiares interferirem nos negócios”, aconselha o especialista.
Segundo o master coach e especialista em liderança, Edinho Barbosa, o empreendedor deve estabelecer regras. “É um desafio trabalhar em casa. Por não ter ninguém vigiando, muita gente acaba entrando na zona de conforto. Elas não entendem que devem ter metas de resultados e ser líderes delas mesmas”, analisa.
Herivelton Gonçalves, de 43 anos, que é administrador de empresas, abandonou a carreira para traçar uma jornada profissional no mundo do inglês corporativo. Ele oferece aulas para pessoas que querem aprender ou melhorar os conhecimentos nessa área devido a exigências profissionais. “Eu morei fora do país e já tinha domínio do idioma, mas resolvi voltar para a universidade, e hoje estudo Letras em Inglês para me aperfeiçoar. Mas há dois anos, decidi ter meu negócio”.
As aulas, que custam R$ 90/hora, acontecem no ambiente que for melhor para o aluno. “Ele pode vir até a minha casa, ou posso ir até onde ele mora ou trabalha. Mas como me planejo, consigo cumprir rigorosamente os horários de atendimento e ainda tenho tempo para fazer academia e estudar”.
Dicas
Disciplina
O fato de não ter ninguém vigiando requer o desafio da autoliderança. Manter o foco, ter horário para começar a trabalhar e terminar, é essencial para que o negócio vá para a frente.
Interferências familiares
A rotina da família também pode ser um problema para quem trabalha em casa. Estabeleça limites para seus familiares não atrapalharem seu momento de produção.
Foco no resultado
Traçar metas também é importante. Mesmo que você trabalhe em casa, é necessário entregar resultados.
Formalize o negócio
Antes de começar a atividade, busque saber se há restrições na prefeitura para o negócio que vai executar. Depois, formalize o seu home office e emita nota fiscal a cada venda de produto ou serviço. Isso dá credibilidade.
Alguns negócios
Alimentação
Produtos funcionais
Alimentos saudáveis estão na moda. É possível produzir em casa bolos, pães e saladas para atender pessoas que estão em dieta ou que têm restrições alimentares. No entanto, é importante ver as regras de manipulação de comida estabelecidos pela Vigilância Sanitária.
Comida congelada
Outro segmento que tem crescido é o de alimentos congelados e pode ser um bom negócio para quem tem talentos culinários. O segredo é apostar em comidas diferentes, ou seja, como receitas que são segredos de família. Outra aposta são os alimentos artesanais, como biscoitos, doces, geleias e pimentas em conserva.
Festa do pijama
Baixo investimento
O negócio exige baixo investimento. Com menos de R$ 10 mil dá para comprar o material que poderá ser usado para atender até dez crianças por festas. Os encontros com os pais para combinar os detalhes das festinhas podem ocorrer em cafés e bares. Em casa, você deverá ter um espaço para organizar a sua agenda e também um local para guardar o material.
Consultor de redes sociais
Cuidado com a imagem
Muitos empresários e profissionais preocupados com suas imagens na internet contratam consultores de redes sociais. O analista não precisa ter um escritório. Pode fazer toda a gestão do Facebook ou Instagram do cliente, por exemplo, sem sair de casa.
Programação
Desenvolvimento de softwares e apps
Muitas empresas abrem as portas para programadores autônomos para desenvolvimento de aplicativos específicos ou construção de páginas na internet.
Personal
De moda a alimentação
Mesmo com a crise, estão em alta serviços de consultoria pessoal, como personal organizer e analista de moda. Além disso, muitas pessoas sem dotes culinários têm contratados chefs de cozinha para preparar refeições ou para aulas particulares de gastronomia.
Fonte: A Gazeta