Neste período eleitoral, proliferam denúncias de manipulação de pesquisas de intenção de votos na região, algumas delas sendo alvo de investigação pela Polícia Federal. Quase sempre às vésperas de uma eleição municipal surgem do nada alguns institutos que passam a divulgar pesquisas, algumas delas restritas a um pequeno universo de entrevistados.
A pesquisa eleitoral requer dados estatísticos realizados junto à uma parcela da população de eleitores, com o objetivo de comparar a preferência e a intenção de voto a respeito dos candidatos que disputam determinada eleição.
Ocorre que há institutos de idoneidade questionável, que não guardam tradição alguma neste tipo de trabalho, outros sem um profissional especializado em estatística para atestar os métodos científicos da amostragem com sua assinatura.
Independentemente da tradição, a pesquisa eleitoral envolve dinheiro de quem paga e quem recebe para fazer o trabalho, além de envolver também um jogo de interesses de grupos financeiros ou econômicos interessados na vitória deste ou daquele candidato.
O interesse público ou mesmo a democracia não podem estar subordinados a esse jogo de interesses.
Em Campos, faz muitos anos que institutos de pesquisa apontavam certo candidato bem posicionado nas pesquisas, como foi o caso de Paulo Feijó, nas duas eleições para prefeito de que participou.
Ao final, as pesquisas eram solenemente derrubadas pela verdade das urnas através da vontade popular. Como confiar na seriedade das pesquisas eleitorais, tão fortemente contestadas?
Em Quissamã, a questão deve parar na Justiça porque um instituto de pesquisa apontou o candidato Armando Carneiro como primeiro colocado disparado nas pesquisas de intenção de voto, enquanto que, para outro instituto, a candidata Fátima Pacheco era quem estava à frente com ampla vantagem sobre o adversário. Durma-se com um barulho desses!
Em São João da Barra, foram levantadas suspeitas de fraudes em pesquisas que estariam sendo feitas junto à aglomerados com a presença da militância de uma candidata, que estariam respondendo as entrevistas de forma direcionada. Segundo as denúncias, há imagens e gravações que comprovam a manipulação. A Polícia federal está à frente das investigações, a pedido do Ministério Público Eleitoral.
A advogada Pryscila Martins foi enfática: “Se comprovada a manipulação da coleta de dados pelos pesquisadores para beneficiar determinada candidatura, é evidente a existência de sérios prejuízos para as eleições, desequilibrando o pleito eleitoral. Fraude em pesquisa eleitoral pode acarretar em impugnação de candidatura de seu beneficiário”.
Esse é o embuste central das sondagens de opinião feitas para alimentar manchetes de jornais, revistas, telejornais e programas de rádios.
E, de quebra, inundam a vastidão das chamadas redes sociais na internet, através de correligionários do “provável vencedor”, que passam a replicar ou compartilhar dezenas de matérias para circular no Twitter e no Facebook passando a impressão de que aquela candidatura deslanchou de vez, sendo sua vitória inevitável.
Campos 24 Horas