Corriam as primeiras horas daquele caloroso dia de quinta-feira, 25 de dezembro de 1890, quando, o prédio onde hoje está localizado o Big Hotel, se encontrava preparado para a concorrida instalação da sede do município de Itabapoana, onde para ali acorreram as grandes lideranças locais, entre as quais José Ignácio da Silveira, que viria a ser o avô dos governadores Roberto e Badger Silveira.
Nossa emancipação ocorreu graças à atuação do médico dr. Leônidas Peixoto Abreu Lima, que era amigo de Francisco Portela, governador do estado do Rio de Janeiro após a implantação da República.
Foi o dr. Abreu Lima, também, quem influenciou na nomeação do nosso primeiro prefeito: Pedro Gonçalves da Silva Jr., o Cel. Pedroca, que para aqui havia se mudado, oriundo de Campos dos Goytacazes. Com ele, foram nomeados os seguintes intendentes (vereadores): Capitão Francisco Teixeira de Siqueira Sobrinho, Manoel Antonio de Azevedo Mattos, Luiz Vieira de Rezende e Joaquim Teixeira de Siqueira Reis. Foi nomeado secretário José Cândido Fragoso.
A 2ª EMANCIPAÇÃO
Após a perda de nossa autonomia, no dia 8 de maio de 1892, por ato do governador Tomás Porciúncula, a rebeldia bonjesuense permaneceu na luta pela reconquista da mesma, o que aconteceu apenas no belo dia de domingo, dia 1º de janeiro de 1939, graças a ato do interventor Ernâni do Amaral Peixoto. Na ocasião, José de Oliveira Borges, o Zezé Borges, foi nomeado prefeito. A sede da prefeitura foi instalada também no prédio onde se situa atualmente o Big Hotel, e ficou lotada para o acontecimento histórico.
ANIVERSÁRIO DE O NORTE FLUMINENSE
Na quarta-feira do dia 25 de dezembro de 1946, Esio Bastos, juntamente com o Cel. Lao Monteiro, que foi seu gerente, e com o apoio de Delton de Mattos, Jorge Pereira Pinto e Cezar Felício, entre outros, fundou O Norte Fluminense. Delton de Mattos narra que "para lançar um dos primeiros números, lá estávamos nós, Esio e eu, pessoalmente, numa madrugada fria e inesquecível, enfiando debaixo da porta das casas a nova opção jornalística bonjesuense".
Durante aproximadamente 57 anos ininterruptos, Esio Bastos dirigiu O Norte Fluminense com denodo e idealismo, até o seu falecimento ocorrido no dia 24 de agosto de 2003, ocasião em que seu irmão, Luciano Augusto Bastos, assumiu a direção até o dia 2 de fevereiro de 2011, dia do seu passamento. A partir de então, assumiu a frente do jornal o filho deste, Gino Martins Borges Bastos, que, juntamente com João Batista Assad Tavares, diretor comercial, que atua no jornal desde os seus primórdios, têm procurado manter a tradição jornalística familiar e do município.
O HISTÓRICO DA IMPRENSA EM BOM JESUS
Nossa tradição jornalística é centenária. O primeiro jornal, "Itabapoana", foi editado por Sylvio Fontoura no dia 1º/08/1906, tendo como secretário Pedro Gonçalves da Silva Jr., e Francisco Teixeira de Oliveira, como gerente. O nome do jornal aludia à nossa primeira emancipação, que fora perdida em 8 de maio de 1892. Desde então, várias publicações de realce se despontaram em nosso rincão. No dia 15/7/1911, Menezes Wanderley lançou "Itabapoana", em sua segunda fase, tendo como diretor-gerente Lauro Wanderley. No dia 15/11/1916, o dr. Jeronymo Tavares passou a publicar o "Correio Popular", tendo como secretário Pedro Gonçalves da Silva Jr., diretor o Cel. Francisco Teixeira de Oliveira, e gerente Pompeu Tostes. A terceira fase de "Itabapoana" ocorreu a partir de 12/05/1918, com Renato Wanderley. "Nossa Terra" foi editado em 21/12/1924 por Antonio da Costa Freitas.
"A Cidade" surgiu em 1º/01/1925, sob a direção de José Ferreira Rabelo, tendo como diretor gerente Pedro Flores. O jornal "A Paróquia" é lançado no dia 23/05/1925 por Padre Mello. "O Liberal" é editado em 1926 por Antonio da Costa Freitas, tendo como redatores Octacílio Ramalho e Cesar Ferolla.
"O Norte", por sua vez, passa a circular no dia 19/03/1928, através de Padre Mello, tendo como secretário o dr. Oliveiro Cunha. "Bom Jesus Jornal", de 29/03/1928, foi fundado por José Tarouqella de Almeida, tendo como gerente Preserpino Filho e os seguintes redatores: Renato Wanderley, Willes Cunha e Osório Carneiro. Na data de 06/09/1930, Osório Carneiro e José Tarouquella de Almeida lançam "A Voz do Povo", em sua primeira fase. No dia 30/01/1932, Osório Carneiro lança "O Momento", tendo como Padre Mello como diretor interino. Osório Carneiro restabelece, então, " A Voz do Povo" no dia 05/08/1933, que, em sua segunda fase vigora até os dias de hoje. "O Boletim", órgão da Prefeitura Municipal, foi editado a partir do dia 3/10/1939, enquanto o famoso "Meu Campinho" foi publicado por Padre Mello em 1940, numa referência ao primeiro nome de Bom Jesus: Campo Alegre.
Nosso município viveu, em sua trajetória, dois momentos de muita prosperidade: as épocas áureas do café e da cana-de-açúcar. Os sinais desta opulência podem ser verificados nos prédios e também no legado na área cultural e jornalística. Grandes escritores se destacaram, entre os quais podemos mencionar, entre muitos, Padre Mello, Octacílio de Aquino, Romeu Couto, Delton de Mattos, Athos Fernandes, Ayrthon Borges Seródio e Elcio Xavier, cuja obra "O Véu da Manhã" foi reconhecida pela Academia Brasileira de Letras.
O legado desta riqueza cultural do município e região pode ser observada, ainda, pela força dos atuais articulistas que escrevem em nosso jornal, que possuem o reconhecimento da crítica literária nacional.
O Norte Fluminense constitui um exemplo de que um pequeno município como o nosso é capaz de ser insubmisso às forças culturais alienantes que tentam se impor no mundo, e, em contrapartida, ser agente da história e produtor de uma cultura que - ousamos dizer - é de melhor qualificação da que veiculada por muitos grandes veículos de comunicação.
Já disse um leitor: "quem lê jornal sabe mais, quem lê O Norte Fluminense sabe muito mais".
É com o sentimento de crença na capacidade do interiorano em construir caminhos próprios para si e para o mundo, que levamos adiante nossa missão consubstanciada na luta pela continuidade dos ideais dos que nos antecederam na lida jornalística secular do município, assim como dos irmãos Esio e Luciano Augusto Bastos.
O NORTE FLUMINENSE