Imagine a cena: uma mãe de primeira viagem sozinha em casa e desesperada com o recém-nascido que não para de chorar. É de cortar o coração de qualquer um, certo? Bem, não foi essa a reação que teve uma vizinha da mulher que, irritada com o choro do bebê, deixou um bilhete irônico e malcriado por debaixo da porta dela.
"Querida vizinha, se você não consegue calar sua filha, arranje quem cale, pois o choro dela está atrapalhando o sono dos meus filhos. Obrigada", dizia o recado.
O fato aconteceu na noite desta quarta-feira (1) com uma farmacêutica de 25 anos que mora em um prédio em Jardim Camburi, Vitória. Ela, que tem uma bebê de apenas quatro meses, ficou chocada com o bilhete e resolveu publicar um desabafo em uma rede social. A publicação teve uma repercussão imediata em duas redes sociais da jovem. São centenas de comentários e curtidas de internautas indignados com o caso.
"Não imaginava que fosse repercutir desse jeito. Escrevi o post porque fui surpreendida pelo bilhete. Eu me senti invadida na minha própria casa, achei um absurdo e quis desabafar", conta a farmacêutica.
Ela garante que não sabe quem é o autor do recado. Mas o texto termina com "obrigada", levando a crer que seja alguém do sexo feminino, uma outra mãe, por sinal.
"Moro em um prédio com seis apartamentos por andar e realmente não sei quem foi que fez isso. Fiquei completamente abismada. Não imaginei que uma pessoa tivesse capacidade de ter tamanha maldade".
Para a mãe, trata-se de alguém muito intolerante. "Minha bebê estava realmente chorando muito. Tudo bem que a pessoa estivesse incomodada, mas a abordagem foi maldosa. Ela poderia ter batido na minha porta, saber se eu estava precisando de algo, oferecido alguma ajuda. Nem se importou com a criança", diz.
ALERGIA
Em suas redes sociais, ela conta que a menina tem uma alergia alimentar grave, o que deixou os internautas ainda mais revoltados com a atitude da vizinha. "Nossa! Essa pessoa tem filho será?", comentou um. "Que triste , que pessoa sem noção", opinou outro.
"Ela (a recém-nascida) foi diagnosticada com APLV (alergia a proteína do leite de vaca). Desde que isso ocorreu, estamos em restrição de leite, soja, oleaginosas, ovo e trigo - inclusive os seus traços -, pois como estou em aleitamento materno exclusivo, tudo que eu como que tenha qualquer coisa do tipo ou seus traços provoca algum tipo de reação alérgica na minha filha", relatou a farmacêutica.
Para a farmacêutica, se a vizinha soubesse do problema de saúde da criança, talvez tivesse mais compreensão. "Descobrimos essa alergia há um mês e meio. Tenho feito uma dieta rigorosa, mas vou descobrindo aos poucos o que causa essa reação na neném. É muito difícil. Ela chora bastante, todos os dias. Tem cólicas. E fico com ela sozinha em casa, pois meu marido trabalha embarcado. Às vezes, tenho que deixá-la chorando para conseguir tomar um banho".
A jovem conta ainda que não foi a primeira vez que teve que lidar com a impaciência dos vizinhos. "Foi a primeira vez que recebi um bilhete. Mas não foi a primeira reclamação. Já ouvi comentários maldosos de uma pessoa ou outra, dizendo: 'Ah, então essa é a bebê que chora tanto?'".
Em sua postagem, ela se diz entristecida com o episódio: "Talvez o meu vizinho não tenha provado o sabor amargo da maternidade, aquele sabor que nos desafia e nos torna uma pessoa melhor, mais amorosa e mais tolerante". Ela termina o texto com um apelo: "Tenhamos mais amor, por favor".
Gazeta Online