Foto: Kadidja Fernandes
Um homem de 61 anos foi preso acusado de estuprar a própria filha, dos 5 aos 16 anos. O caso chegou à polícia após a vítima, agora com 18 anos, ter tentado se matar.
A jovem contou a polícia que desde a morte da mãe, aos 11 anos, foi obrigada a dormir no quarto dos pais com o acusado que chegou a fazer vasectomia para não correr o risco de engravidá-la. Ele foi preso em casa às 5h20 hoje.
O acusado, que não terá o nome divulgado, é autônomo e o caso aconteceu em Vitória. O delegado titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, Lorenzo Pazolini contou que o autônomo conheceu a mãe da vítima ainda grávida e resolveu assumir a criança.
Aos 5 anos começaram os abusos. “Ele começou a passar a mão pelo corpo dela e exigir que ela fizesse o mesmo. Ela contou que a mãe já era agredida, mas não denunciou à polícia”, disse Pazolini.
Alguns anos se passaram, com a menina convivendo com os abusos, irmãos nasceram e aos 11 anos a mãe da menina morreu após complicações de hemodiálise.
“Ele dizia que por ela não ser filha dele de sangue, poderiam fazer sexo. Desde então ela foi obrigada a dormir na cama do casal e foi estuprada. Era obrigada a viver como mulher dele. Ela começou a se automutilar e era proibida de falar com pessoas. Quando ele via alguém se aproximando na rua, a agredia ou cometia violência sexual como punição”.
Ela chegou a fugir para a casa de um parente, mas foi descoberta e teve de voltar para casa. Em 2016, ela resolveu fugir para a casa de uma irmã da igreja e novamente foi encontrada e obrigada a voltar para o lar.
“Ele dizia que era para ela não contar nada a ninguém, pois se contasse ela e os irmãos perderiam tudo e ninguém iria querer adotá-los. Além disso dizia que retiraria a vida dela e dos irmãos”, disse o delegado.
O discurso, a oitiva de testemunhas e análise psicossocial comprovam o fato, de acordo com Pazolini. Ele cumpriu mandado de prisão temporário por estupro de vulnerável e foi levado ao presídio.
“Quando chegamos para prendê-lo tinham três adultos e duas crianças na casa e ninguém pareceu surpreso. Parece que ele já sabia. Durante o percurso se mostrou frio, não demonstrou sentimento pela vítima. Na delegacia ele negou crime”.
Em entrevista o acusado também negou. “Eu sempre tratei ela com muito carinho. Fiz vasectomia pois a mãe dela não queria ter mais filhos. Só não deixava ela namorar, queria que ela estudasse. Ela inventou uma monstruosidade”.
A Tribuna