A Secretaria de Saúde de Bom Jesus do Itabapoana promoveu na quarta-feira (17/05) o Simpósio “Trancar não é tratar: 36 anos da luta antimanicomial” no auditório da OAB. O evento foi organizado pela Coordenadoria de Saúde Mental e a Equipe Multiprofissional de Atenção Especializada em Saúde Mental (EMAESM). O objetivo foi ampliar o debate da luta antimanicomial no município, promovendo a conscientização em torno do cuidado com a saúde mental e a desmistificação dos transtornos mentais e da necessidade de aprisionamento de seus pacientes. Participaram do evento 83 pessoas, entre estudantes, profissionais de Saúde, da Assistência Social, de Educação, usuários dos CAPS e da Residência Terapêutica e sociedade civil em geral.
O simpósio teve uma mesa de debate e uma roda de conversa. A mesa foi intitulada “Saúde mental e liberdade: um direito de todos, todas e todes” e foi composta pelos profissionais da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do município: diretora, Cristiane Souza; psicóloga Naiara Biscácio; e assistente social, Thiara Mourão, todos do CAPS; nutricionista do CAPS Infanto-juvenil, Gabriela Fonte Bôa; o psicólogo do Espaço Terapêutico, Luiz Cláudio Teixeira; Pamela Passalini, diretora; e Rosane Ferreira, cuidadora, ambas da Residência Terapêutica; Fernanda Donadio, supervisora da clínica de Saúde Mental; e as usuárias dos serviços da RAPS, Cíntia Pimentel e Verônica Mendes.
Nesta mesa foi abordado o histórico da política de saúde mental no Brasil, expondo o surgimento da luta antimanicomial e sua importância para implementação e estruturação da rede de atenção atual, que tem como preceito o cuidado em saúde mental com base comunitária e “territorializada”, de forma a garantir o convívio social e familiar.
Também foram apresentados os serviços oferecidos nos pontos de atenção da RAPS no município, explicando a função de cada um e o cotidiano de atividades desenvolvidas. Por fim, os palestrantes realizaram um diálogo sobre os preconceitos que as pessoas com transtornos mentais e os próprios locais de atenção passam, ponderando como esses estigmas são um obstáculo para o cuidado em saúde mental.
A roda de conversa “O seu preconceito não me define, mas me adoece: a LGBTfobia e o racismo na luta antimanicomial” teve como palestrantes convidados a professora doutora Juliana Lobo e o professor doutor Rafael França. Ela buscou promover um diálogo com os participantes do evento sobre como estas opressões são fontes de adoecimento e sofrimento mental para a comunidade LGBTQIAPN+ e para o população negra.
Além de abordar as origens, causas e consequências destes preconceitos, que são estruturais na sociedade brasileira, os palestrantes expuseram a necessidade da capacitação dos profissionais de Saúde para atender e tratar adequadamente, prestando um serviço que seja inclusivo e acolhedor das diferenças e que combata estas opressões nos espaços institucionais, tornando-os realmente acessíveis a esta população.
Isto porque a violência perpetuada nos espaços públicos é um dos fatores que contribuem para que a pessoa não busque ajuda ou tratamento. O evento promoveu um espaço de troca e diálogo essenciais para a promoção da saúde mental no município, democratizando o debate para a população e para os profissionais da rede pública municipal. Com isso, além de combater o preconceito e as diversas informações erradas que, às vezes, são perpetuadas na sociedade, auxiliou para a qualificação dos profissionais sobre os temas abordados.
Ascom PMBJI
Redação Blog do Jailton da Penha