Foto:Arquivo
Santa Isabel de muitas histórias que caberia em vários livros, mas guardada na memória da minha infância , ali na avenida que começava no campinho do escoteiro, ou da casa velha, hoje o Colégio Estadual e Municipal Alcinda Lopes Pereira Pinto, quantas “peladas” gostosas com as nossas bolas de borracha praticávamos. Lembro-me do que ouvia e via.
Nos dias que antecedia as festas de Apiacá em julho e a de Agosto era um frenesi, quando a comunidade se dirigia ao Armarinho do “seu” Miguel para adquirir os tecidos, comprar os sapatos para chegarem bonitos.
As mulheres procuravam as melhores costureiras e os homens os grandes alfaiates. Quando o pessoal da usina chegava, tomavam conta do pedaço. Alguns com um pouquinho de dinheiro a mais curtiam a maior onda nas suas lambretas, dava o maior status.
O que mais se destacava nessas festas eram os grandes bailes. Em Apiacá, por exemplo a maioria preferiam o “Mané cotó”, Os Filhos do Povo, diziam que no “Pixico”, o Apiacá Lítero Club era para rico, o mesmo acontecia na Festa de Agosto, onde a preferencia era no Tupy em Bom Jesus do Norte, enquanto outros iam curtir o Aero Club, além da passagem na Zona Boêmia, era outra festa.
A rapaziada que não tinha a sua ‘lambreta”, corria até a Distribuidora, loja de eletrodoméstico mais popular e compravam as suas bicicletas Monark e mais tarde a Monareta, possuir uma e quanto mais ornamentada também dava status junto as meninas, mas tinha o problema das roupas, quando coincidia de aparecer com a mesma camisa ou calça igual, no outro desfazia.
Tinha o piquenique na ilha que tinha como guardião o Sr. Argemiro e o domingo normalmente era passado lá. O grande desafio era atravessar a ponte feita artesanalmente que balançava a cada passo dado, muitas pessoas da região curtiam a ilha de Santa Isabel.
A Usina dos vendedores ambulantes, a maioria de Apiacá, o vizinho município capixaba, como o Sr. Sebastião conduzindo a sua mula, Sr. Eugênio com o seu cavalo e o Liziard e a sua charrete, vendiam frutas e legumes. O Sr Alfredinho com as suas cestas também a cavalo vendia deliciosas massas, quantos pães gostosos , passavam ao longo da avenida e a venda anotada no caderno para posterior pagamento ou trocava simplesmente por mercadorias, principalmente açúcar e óleo.
Tinha também o Jorge Adriano, Rossine, Fernandinho, Pontal e o pessoal da Vala de Carabuçu que também comercializava na Usina e o Moacir Machado , o Nego. Vendia a pinga com tira-gosto e uns pudins deliciosos, quando alguém que estava lhe devendo passava a evitá-lo ele dizia:’ Esquece de mim não Nego, acerta aqui”. Além da comercialização dos vendedores ambulantes da comunidade: O Carioca, vendendo para Dona Carlota, Mariano para a Dona Ercília, Vevê para Dona Letícia, César e o Marquinhos marcavam ponto em frente a Cabana e o Sr. Orbílio Machado com o carrinho da Dona Niceia. Quantos bolos, pudins, língua de sogra, e salgados gostosos. Ah praticava-se a “fezinha” e os principais vendedores da sorte eram os Srs. Epifanio e Cravendiz, com os seus blocos de anotações cravava o que era sonhado na noite anterior, quando acertava um grupo, ou uma dezena era uma festa. Centena e milhar, nem pensar. Os adeptos do Barão de Drumond religiosamente procurava esses dois cambistas famosos que tinha os seus pontos em Santa Isabel.
A Usina dos campinhos de “pelada” existia aproximadamente uns quinze em que se podia praticar o futebol com todas as dificuldades possíveis e imagináveis. Jogar em um terreno acidentado ou na estrada com uma bola de borracha em que o domínio tornava-se mais difícil era uma proeza, em compensação quando chegávamos no “tapete” do campo do Santa Isabel, tendo por lá o carinho do “Seu” Zequinha que cuidava daquele gramado como se fosse o jardim da casa dos proprietários da usina, a garotada tirava de letra.
Tinha o incentivo do Sr. Batista que na “pelada” em frente a sua residência fornecia pequenos gols de madeiras com as cores do Santa Isabel F.C.
Como já foi citado o campinho da casa velha ou do escoteiro, era o Maracanã, o do Alvinho, onde foi o antigo campo do Santa Isabel, o campo da biquinha, querosene, fábrica de papel, do pé de neguinha ao lado do campo do Santa Isabel, o que ficava atrás do campo, do alto do cruzeiro e outros pequenos campinhos, onde tinha garoto praticando futebol em todos eles.
A Usina das Novenas, quando a seca assolava, as mulheres em procissão subia o morro do Cruzeiro, que fica atrás da residência do Sr. Amaro Ferreira, próximo a residência da Dona Dodô, com vasilhas cheia de água rezavam pedindo chuvas.
As confusões geralmente aconteciam e não eram poucas, muitas delas os brigões eram chamados a gerência e ali era dado um “puxão de orelhas”. Uma das mais famosas contendas era a do Alcebíades com o João Bodinho (aquele que chegou dizendo que era ponta direita do Bangu, para conseguir um emprego). Ficou a seguinte frase quando alguém mais exaltado queria uma briga: ”Tá com a valentia de João Bodinho”.
Um dos locais onde se concentravam o maior número de pessoas para se refrescar era o Areal, famoso porto, como nome diz, com uma extensa faixa de areia e podia tomar banho mais tranquilo, além de praticar uma “peladinha”, sem abusar da água, porque o Rio Itabapoana já tinha “levado “ a vida de muita gente. Tinha o porto da Deija, as pedreiras, Porto do Mamau e o do boi na Fazenda São Manoel do outro lado da ponte.
Continua...
Extraído do Livro Usina Santa Isabel, Jamais Esquecida.
Blog do Jailton da Penha JDP
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