A reportagem exclusiva da TV Terceira Via mostra ainda acusação contra fisioterapeuta que é dona da clínica na cidade
Pelo menos duas mulheres de Campos dos Goytacazes foram vítimas de lesões corporais graves após serem submetidas a procedimentos estéticos realizados em uma clínica da cidade nos últimos meses. Elas acusam a médica capixaba Soraya Amaral Mameri, da cidade de Itapemirim, que atua na clínica que pertence a fisioterapeuta Amanda Barreto. De acordo com as pacientes, procedimentos errados causaram sequelas graves no rosto e no corpo delas. O caso é investigado pela delegada Natália Patrão, da 134ª DP, que disse haver no laudo pericial “lesão gravíssima por deformidade permanente”. A jornalista Taysa Assis e o cinegrafista André Santo entrevistaram as vítimas em reportagem exclusiva exibida pelo programa Radar Regional nesta quinta-feira (26).
De acordo com as primeiras informações, a médica que realizou os procedimentos é formada, mas não teria residência ou especialização para atuar na área estética. Em 2021, as duas pacientes que preferem não se identificar, fizeram aplicações de botox e ácido hialurônico, além de uma hidrolipoaspiração. Ao longo do tempo, outros procedimentos não deram certo. Elas ficaram aterrorizadas com os resultados. Uma mulher se queixa de não conseguir comer após procedimento nos lábios. A outra se submeteu a uma hidrolipo no abdômen que não deu certo e causou lesões graves. “Tive medo de ter infecção. Os equipamentos e o ambiente estavam inadequados para o procedimento”, resume.
De acordo com a delegada Natália Patrão, o inquérito consta de um laudo que constata lesão gravíssima por deformidade permanente nas pacientes. “Ao final do inquérito, a médica deve ser indiciada pelo crime de lesão grave, cuja pena varia de dois a oito anos de prisão. Estamos investigando junto ao Conselho Regional de Medicina se na época dos procedimentos, ela tinha CRM-RJ por ser do Espírito Santo. Caso não tenha permissão para atuar no Rio de Janeiro, ela pode também responder por exercício ilegal da profissão”, explicou.
A delegada Natália Patrão informou ainda que a proprietária da clínica também deve ser indiciada por participação no crime de lesão. “Na oitiva, ela tentou se eximir de responsabilidade. Falou que apenas alugava o espaço para a médica, não tinha ligação com esta e que não tinha participação nos procedimentos. Nas redes sociais delas há diversas fotos que apontam intimidade e eventos de divulgação dos serviços da clínica”, comentou.
A 134ª Delegacia de Polícia Civil esteve à frente de outra denúncia envolvendo erros em procedimentos estéticos em Campos dos Goytacazes, em fevereiro de 2021. Na ocasião, a dentista Giselle Gomes foi acusada de cometer três crimes de lesão corporal grave em pacientes que a procuraram para aplicação da técnica conhecida como harmonização facial. (clique aqui).
As duas mulheres ouvidas pela reportagem esperam por justiça e punição das profissionais. “Eu me sinto traumatizada. Preciso de apoio psicológico com o resultado terrível no corpo”, comentou. A outra paciente também diz que sua aparência do rosto dificulta estar em público. “O resultado e a lesão na boca são horríveis”, resume.
A reportagem procurou pela médica investigada e pela dona da clínica em Campos. Também tentou-se contato com os advogados delas. Eles estiveram com a equipe do Terceira Via na quarta-feira (25), mas não se manifestaram. Um novo pedido das defesas das profissionais investigadas foi tentado nesta quinta-feira (26). Foi enviado um documento de quatro páginas. Em resumo, a defesa da médica e da dona da clínica afirma que “as acusações das pacientes são infundadas e que as profissionais desempenharam todos os procedimentos de forma adequada. Além disso, segundo os advogados Patrick Benedito dos Santos e Luiz Felipe Ribeiro Gomes Capaverde, as pacientes não cumpriram com o pós-operatório de forma correta, e que as duas profissionais estão à disposição da Delegacia de Polícia e órgãos da Justiça para todos esclarecimentos”.
Cirurgia plástica
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, um cirurgião plástico precisa estudar 11 anos para ter um título de especialista: são seis anos de medicina, dois anos de especialização em cirurgia geral e 3 anos de especialização em cirurgia plástica. “Este é o profissional mais indicado para realização de procedimentos estéticos invasivos ou minimamente invasivos”, informa o site da SBCP.
A reportagem procurou ouvir um médico especialista em cirurgia plástica. Luis Chrysantho é um profissional experiente na área. Ele comentou sobre os perigos de cirurgias cometidas por profissionais que não são habilitados para isto, além de procedimentos em locais impróprios, sem centro cirúrgico.
“As pessoas precisam ter muito cuidado, procurar médicos capacitados e recomendados em dermatologia e cirurgia. É preciso pesquisar, por exemplo, se os cirurgiões estão cadastrados na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Apenas profissionais qualificados podem fazer esses procedimentos específicos”, conclui o cirurgião plástico.
Assista à reportagem completa da TV Terceira Via
Jornal Terceira Via
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