Após o surto de intoxicação alimentar na plataforma P-53, operada pela Petrobras na Bacia de Campos, 20 dos mais de 30 trabalhadores acometidos começaram a desembarcar. A informação é do Sindipetro-NF, que recebeu a denúncia na última quinta (2). De acordo com relatos recebidos pelo sindicato, a situação foi agravada pela persistência de problemas nas condições de higiene e segurança alimentar, evidenciando falhas no serviço de hotelaria da plataforma.
Ainda segundo o Sindipetro-NF, trabalhadores da plataforma P-25 também relatam falta de sanitários em um dos pisos. Nessa unidade, a Petrobras teria desembarcado 16 petroleiros
As denúncias incluem casos de alimentos impróprios, como carne estragada e ovos deteriorados servidos nas refeições dos trabalhadores, além de falhas nos equipamentos de refrigeração e falta de embalagens e utensílios adequados. Segundo o Sindipetro-NF, a higiene deficiente, com camarotes sujos e infestações de insetos em áreas de alimentação, também foi relatada, assim como problemas nos sistemas de vacu-flush, gerando desconforto e riscos à saúde dos trabalhadores.
De acordo com o sindicato, a situação, com o aumento da demanda por atendimento de saúde devido a esses problemas, levou até mesmo ao desembarque de uma enfermeira por exaustão. Ela teria, inclusive, desmaiado.
O Sindipetro-NF formalizou uma denúncia por meio de ofício às gerências da Petrobras exigindo ações imediatas para corrigir essas questões graves. O sindicato ressalta a gravidade da situação e a necessidade de medidas rápidas e efetivas para garantir a segurança e bem-estar dos trabalhadores offshore da Petrobras.
— Nós fomos surpreendidos pelos trabalhadores da P-53 através de uma denúncia de doenças transmitidas por alimentos. Isso demonstra como toda a parte de alimentação e hotelaria, para a qualidade de vida dos trabalhadores a bordo das plataformas, no Brasil, está degradada. Apesar de nós estarmos há mais de um ano conversando e debatendo com a gestão da Petrobras, até agora, mudanças efetivas não ocorreram — destaca Tezeu Bezerra, diretor do Sindipetro-NF.
De acordo com ele, os trabalhadores dessas áreas têm salários muito baixos e, muitas vezes, não há exigência de qualificação necessária. O Sindipetro não descarta começar uma mobilização. "A alimentação nas plataformas tem que ser digna", ressalta.
No ofício, o sindicato demanda a empresa que:
-Emita CATs (Comunicações de Acidente de Trabalho) para todos os trabalhadores afetados pela intoxicação alimentar.
-Emita CAT para a enfermeira desembarcada por exaustão.
-Abra uma comissão de investigação do surto, convidando o sindicato para participar.
-Cumpra o Parágrafo 6° da Cláusula 76 do Acordo Coletivo de Trabalho em Cabiúnas, garantindo qualidade na alimentação para todos os trabalhadores.
-Marque uma reunião urgente para discutir e implementar ações para melhorar a qualidade da alimentação na plataforma e demais bases da Petrobras.
A Petrobras informa que foi verificado entupimento no sistema de efluente sanitário dos banheiros coletivos da P-25. Um vídeo chegou a circular nas redes sociais em que um trabalhador mostra as condições do banheiro, em que só existe um vaso sanitário funcionando, os outros estão todos interditados.
“Só existe um banheiro pra todos os camarotes que estão aqui embaixo (...) Tudo interditado, só tem um vaso sanitário. Não tem como se manter aqui dentro não, tá podre! Não existe isso aqui não, P-25... desfazendo do trabalhador que sai da sua casa, deixa sua família, pra vir pra esse lugar podre! O fedor tá demais, não dá nem pra ficar aqui dentro”, disse o petroleiro em vídeo.
Confira:
Foram tomadas ações imediatas para resolução do problema, com liberação do sistema. Entretanto, para evitar recorrência e visando assegurar as melhores condições de habitabilidade para as equipes embarcadas, foi realizado o desembarque dos usuários dos banheiros coletivos. A companhia está realizando planejamento da intervenção necessária para solução definitiva do problema, bem como de reformas para melhoria de habitabilidade.
"Com relação a P-53, a Petrobras atuou prontamente na normalização do fornecimento de suprimentos, afetado por dificuldades com contratos de hotelaria offshore. Uma equipe dedicada tem mantido contato direto com as empresas em busca de soluções e trabalha em conjunto para encontrar alternativas efetivas e estabilizar a situação, evitando a recorrência dos fatos", diz nota da estatal.
Folha 1
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