Para convencer as vítimas a mandar as imagens, o criminoso oferece uma falsa oportunidade de trabalho, em um ensaio fotográfico para um grande grupo
Um fotógrafo capixaba procurou a polícia e informou que um golpista usava seu nome para mandar e-mails para modelos pedindo para que elas lhe encaminhassem fotos seminuas.
Segundo o fotógrafo, para convencer as vítimas a mandar as imagens, o criminoso oferece uma falsa oportunidade de trabalho, em um ensaio fotográfico para um grande grupo, cujo cachê é de R$ 2,5 mil por dois dias de trabalho.
O ensaio seria para o lançamento de uma linha de lingerie. Para que a candidata seja selecionada, o golpista diz que ela precisa responder o e-mail com fotos de calcinha e sutiã. Segundo o fotógrafo, o e-mail falso tem a assinatura idêntica à que ele usa e o endereço eletrônico tem apenas uma letra diferente.
O profissional ficou sabendo do crime depois que duas amigas receberam a mensagem, na última semana. Elas não responderam à mensagem e entraram em contato com ele, por telefone, para explicar que o trabalho não interessava.
“Uma amiga me falou: ‘você sabe que eu não faço esse tipo de material, por isso não respondi seu e-mail’. Depois disse: ‘como não foi você? Até as suas palavras estão no e-mail’. Então a pessoa está até estudando o que eu estou falando com as minhas clientes”, afirmou.
O fotógrafo registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Eletrônicos. A Polícia Civil informou que nenhum suspeito ainda foi identificado e que o caso segue sob investigação.
O profissional acredita que alguém está usando a identidade dele de forma indevida. “Isso, querendo ou não, pode prejudicar a minha carreira e sujar o meu nome. Essa pessoa vê que as coisas estão dando certo e acaba querendo prejudicar a outra”, disse.
De acordo com a titular da Delegacia de Crimes Eletrônicos, Cláudia Dematté, as modelos tomaram a atitude certa ao desconfiar da legitimidade da mensagem e ligar para o fotógrafo.
“Por vezes você tem criminosos se passando por profissionais reconhecidos no mercado ou por agências de trabalho que, na verdade, estão visando praticar golpes e angariar vítimas. Então se a pessoa conhece aquele suposto remetente que está enviando e-mail para ela, que faça o contato, por meio de telefone, para verificar se realmente foi ele que encaminhou esse e-mail”, orientou a delegada.
Ainda de acordo com Cláudia Dematté, mensagens assim configuram crime de falsa identidade e podem até evoluir para crimes mais graves.
“Se a pessoa cria esse perfil falso em rede social ou manda e-mail falso, objetivando, por vezes, conseguir fotos íntimas das pessoas, na verdade elas evoluem para a prática de crimes mais graves, como, por exemplo, crime de extorsão. Depois de estar de posse dessas fotos, a pessoa começa a exigir quantias de dinheiro e extorquir essas vítimas”, ressaltou a delegada.
Fonte: Folha Vitória /Foto Meramente ilustrativa