Por muito tempo foi considerado normal a mulher não ter autonomia dos seus próprios atos, não ter independência e ser, em determinadas famílias e culturas, obrigada a casar e ser sustentada por um homem.
Os tempos mudaram e as mulheres se tornaram protagonistas da sua própria história, começaram a ocupar cargos em ambientes que antigamente eram que quase exclusivamente ocupados por homens, como na política, no esporte de alto rendimento e profissional e não foi diferente nas profissões envolvendo a segurança pública, especificamente nas polícias Civil e Militar.
Segundo a Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), a corporação conta com 2.290 policiais no total, sendo que 689 são mulheres e 32 delas ocupam algum cargo de chefia. Entre os desafios, está o preconceito, que ainda é bastante evidente com o machismo estrutural. As mulheres ainda são minoria e ainda sofrem preconceito e comentários desagradáveis por parte de alguns policiais homens.
A comandante da Guarda Municipal Civil da Serra, Laís Araújo, conta que desde nova sempre admirou carreiras policiais na área de segurança pública. O primeiro concurso que Laís fez foi na Polícia Militar e, posteriormente, fez o curso da Guarda Municipal, no qual ela obteve a aprovação. “Me sinto 100% realizada por estar aqui”, diz a comandante.
“O nosso efetivo hoje possui 147 agentes e 29 são mulheres. Porém, desde quando eu assumi o comando da guarda, apesar de ser um grupo menor, metade do nosso cargo de comando aqui é ocupado por mulheres”, diz Laís.
A área de segurança pública exige muito esforço das mulheres tanto para acesso, quanto para o ingresso. Segundo a comandante, acaba que muitas mulheres sofrem por acharem que só podem exercer somente atividades administrativas e não atividades que requerem preparação e rigor físico, causando muitas vezes um sentimento de frustração.
Militar
Segundo a Polícia Militar, há no total 8.000 militares na corporação no Estado, sendo 1.176 mulheres exercendo algum cargo e 96 mulheres exercendo algum cargo de comando atualmente
A delegada Andreia Maria, da PCES, conta que decidiu seguir a carreira policial durante a faculdade de direito e fez muitos concursos em diversos estados, mas preferiu seguir carreira aqui no Espírito Santo, pois foi o estado onde ela nasceu.
“Não tive dificuldade alguma quanto a aceitação do meu cargo de comando por parte de homens”, diz a delegada. Andreia acrescenta que o machismo diminuiu na polícia muito por conta do fato de que as mulheres mostram a cada dia que possuem capacidade para exercer esses cargos e demonstram muita competência, o que independe de gênero. “O preconceito na minha vida serviu para me projetar” diz Andreia.
Competência para o avanço
As dificuldades existem, e muito ainda, pois não há como negar que o machismo estrutural está implantado em toda a sociedade, não só na polícia. Mas, apesar das mulheres ainda não estarem em pé de igualdade com os homens, há um grande avanço comparado com 15 anos atrás. Hoje há muitas mulheres em papel de destaque, nos principais cargos, e isso se deve, normalmente, apenas pela competência.
A Major Semiramis, subcomandante do 4º Batalhão, conta que sempre sonhou em entrar para a polícia. A primeira oportunidade para continuar trilhando esse caminho foi um curso de oficiais que ocorreu, na época, na Ufes ( Universidade Federal do Espírito Santo) e, quando terminou o segundo grau, ingressou na universidade.
“Eu estou indo agora a 23 anos de carreira, desde 1999. Então a aceitação foi um pouco mais complicada”. Na época, era muito pouco o número de mulheres na polícia, então a Major teve de demonstrar que era capaz e com muita competência.
ES Hoje