Com o fim da pacificação na Câmara, oficialmente sentenciada em 10 de outubro após a abertura da CPI da Educação, agora suspensa pela Justiça, a tensão só aumenta. Ao ser perguntado sobre como anda a sua relação com os Bacellar, Wladimir reforçou o desafio que o vice-líder do governo Juninho Virgílio (União) também fez na tribuna no último dia 08 a Marquinho. “Torço muito para que o presidente da Câmara seja candidato a prefeito, para que ele possa mostrar à cidade qual o seu projeto. Quais são suas ideias para Campos. É mais bonito e mais digno do que importar candidaturas”, disse o prefeito.
Marquinho foi procurado nesta sexta-feira (17), por meio de sua assessoria, sobre a declaração de Wladimir, mas não se pronunciou. No entanto, quando foi provocado por Juninho, respondeu na tribuna. “Não é do meu interesse vir prefeito. Não tenho vontade alguma. Estou gostando da Casa aqui, estou aprendendo, mas sou grupo e se o grupo entender, numa reunião bem grande para me convencer, eu topo qualquer desafio. Estou dentro, não tenho medo de nada (...) E o prefeito, gente, ele tem tanto medo de qualquer concorrência, mas tanto medo, que até Caio (Vianna) ele puxou para perto. Ele ter medo Poubel, até entendo, porque Poubel, um cara ‘bombado’, assusta um pouco. Mas Carla Machado, ele tem medo... Marquinho Bacellar, ele tem medo...”, disse, acrescentado que Wladimir “bate no peito e diz que tem 70% de aprovação, de intenção de voto”, mas que, se tivesse isso tudo, não estaria temeroso a cada vez que se ventila um nome a prefeito a Campos.
O racha entre os grupos políticos em Campos já anda refletindo em decisões vindas do Rio de Janeiro e até de Brasília, que já colocam em xeque composições partidárias a 2024. O PL, por exemplo, antes dado como certo na sustentação à possível reeleição de Wladimir já não está sendo mais contabilizado pelo próprio prefeito. Em maio deste ano, ele participou de uma reunião da cúpula do PL em Brasília, que contou com a participação do governador Cláudio Castro (PL) e do deputado federal e presidente do PL no Rio de Janeiro, Altineu Côrtes. Na ocasião, o nome de Wladimir foi aceito por unanimidade entre os presentes como apoio para 2024. No mesmo dia, o filho do casal Garotinho também visitou amigos no antigo partido, o PSD, hoje a casa de Caio Vianna.
— Tive a palavra de toda executiva nacional do PL, mas, ao que parece, estão sofrendo pressão do União Brasil por novas composições em outras cidades e incluíram Campos. Mas como política é dinâmica, até a eleição muita coisa pode mudar — disse o prefeito.
Nesta semana, começou a circular na mídia carioca que o deputado federal Alexandre Ramagem (PL), escolhido inicialmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para concorrer à prefeitura do Rio no ano que vem, já começou a articular alianças com outros partidos, inclusive o PP, que é o partido de Wladimir.
No entanto, as maiores apostas seguem no possível acordo entre o PL e União. O primeiro partido foi no qual o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar se elegeu, e, para o outro, com autorização da sua antiga sigla, se mudou. Bacellar deve assumir oficialmente a presidência do União no estado do Rio.
Ainda sobre a relação com os Bacellar, mais especificadamente sobre Rodrigo, Wladimir disse estar encontrando dificuldades de contato. “Não tenho falado com ele, desisti de tentar sem êxito. Mas soube que ele não tem atendido quase ninguém, deve estar com muitas preocupações e problemas a resolver”, comentou o prefeito. A Folha enviou demanda à assessoria do presidente da Alerj, mas não obteve retorno.
Se o PL na sua base de sustentação é uma incerteza, Wladimir demonstra confiança em relação a outras siglas e formação de nominatas. Além do seu PP, o prefeito conta até o momento com o apoio para 2024 do MDB, Republicanos, PDT, Avante, Agir e Podemos. “Temos mais dois em conversas avançadas, mas como ainda não oficializamos, prefiro não divulgar. Montaremos de 6-7 nominatas fortes e competitivas, no intuito de eleger 18 vereadores para a próxima legislatura. Modéstia à parte, sempre fiz isso (montei nominatas) com muito êxito”, disse, acrescentando que, entre os eleitos, a “meta interna é ter no mínimo três mulheres”.
Wladimir negou que haja no recente encontro que teve com o deputado federal Caio Vianna (PSD), um alinhamento político com a possibilidade de ter o partido do prefeito Eduardo Paes (PSD) no seu grupo para a próxima eleição. “Fiz um gesto em prol da cidade ao lado do deputado Caio Vianna. O convidei para ir à prefeitura anunciar emendas. Não há, pelo menos até o momento, alinhamento político”, declarou.
União, SD e PRTB já confirmados à oposição
Com 2024 batendo à porta, o grupo dos Bacellar também tem garantido seus partidos para acolher principalmente os nove vereadores que permaneceram na oposição ao prefeito Wladimir Garotinho. O União Brasil deve ser o destino da maior parte deles. Recentemente Rogério Matoso (União) usou a tribuna da Câmara para dizer que foi indicado pelo deputado Rodrigo Bacellar para assumir a presidência do diretório municipal do partido em Campos.
— Agradeço demais a confiança que ele (o presidente da Alerj) está depositando em mim e lutarei para que a gente consiga dentro da nossa cidade manter nossa presença política, com os nossos ideais. E vou trabalhar pensando no bem comum e certamente em trazer bons quadros para o nosso partido União Brasil — disse o vereador.
No último dia 23, o presidente da Câmara, Marquinho Bacellar, garantiu a permanência do seu partido, o Solidariedade, no apoio a seu grupo político.
Nas redes sociais o Bacellar postou: “Diálogo para seguir avançando. Fechando minha agenda no Rio na segunda-feira, em reunião com o deputado federal Aureo Ribeiro e o secretário de Governo Bernardo Rossi, ficou definido que o partido Solidariedade vai seguir ao lado do nosso projeto em Campos. Política se faz com palavra, diálogo e trabalho. Campos tem muito a crescer”.
Nos bastidores, não está descartada a possibilidade de Marquinho trocar o SD pelo União Brasil. No entanto, isso não deve interferir na sua relação de proximidade com o Solidariedade.
Outro partido que já aparece como certo no grupo é o PRTB, que, como mostrou o Blog Opiniões, deve ser o novo destino do deputado estadual Thiago Rangel para presidir o diretório estadual da legenda em janeiro. Possível candidato a prefeito de Campos em outubro de 2024, ele estava sem partido desde 15 de junho deste ano. Foi quando recebeu o aval do Tribunal Regional Eleitoral para sair do Podemos, pelo qual se elegeu à Alerj.
O objetivo do deputado campista na legenda é fortalecê-la no estado do Rio, para tentar eleger 35 vereadores em vários municípios fluminenses em 2024. Indagado se isso também sinaliza sua candidatura a prefeito pelo PRTB, Thiago respondeu: “A gente está reconstruindo o partido em nível estadual, elegendo vereadores. Obviamente, seu for para disputar a Prefeitura eu tenho outros partidos com tempo de TV”.
Folha 1