Um dos gênios de nossa literatura, Norberto Seródio Boechat, faleceu hoje, em Niterói, consternando sua amada Pirapetinga de Bom Jesus e todo o nosso município. Além de escritor, Norberto era médico geriatra e gerontólogo.
Há cerca de 28 anos, fundou, no distrito de Pirapetinga de Bom Jesus, seu torrão natal, juntamente com seus irmãos Agostinho e Maria Lúcia, o prestigiado Museu da Imagem.
Trazendo em suas veias o sangue suíço dos Boechat, e dos açorianos dos Seródio, Norberto se fez grande em todas as áreas que atuou, e engrandeceu tudo o que o cercou.
Ele era filho do saudoso líder político Agostinho Boechat, cujos pais, Norberto Emilio Boechat e Amélia Lemgruber Boechat, são descendentes dos imigrantes suíços, que chegaram ao Brasil em 1819. Sua mãe, a saudosa professora e poetisa Iracema Seródio Boechat, por sua vez, era filha de Laudelina Frias Seródio e Jacinto Vieira Seródio, que chegou ao Brasil no início do século XX, oriundo da Ilha de São Miguel, Arquipélago dos Açores, mesma ilha onde nasceu Padre Mello.
Nascido em sua querida Pirapetinga de Bom Jesus, distrito de Bom Jesus do Itabapoana, teve três irmãos: Jacinto, já falecido, Maria Lúcia e Agostinho, médico como ele. Sua obra é reconhecida internacionalmente. Integra o PEN (Poesia, Ensaio ou Narrativa) Clube, uma associação mundial de escritores fundada em Londres, em 1923, e que congrega cultores da palavra escrita e falada em 150 países do mundo. No Brasil, a entidade surgiu no dia 2 de abril de 1936 e contou entre seus membros, com Nélida Piñon, membro da Academia Brasileira de Letras. Ele era membro também da Academia Bonjesuense de Letras.
Norberto era articulista do jornal O Norte Fluminense, onde brindou seus leitores, mensalmente, com suas contagiantes crônicas.
Quanto ao mesmo, Dalma Nascimento, doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada (UFRJ), salientou que "o médico-escritor Norberto Seródio Boechat foi recolhendo os rios de memórias ficcionalizadas nas páginas destas Lembranças de escritas, onde pulsa a vida, mas também lateja o coração".
Olívia Barradas, doutora e professora de Literatura Comparada, Semiótica e Teoria Literária, ex-professora de Literatura Brasileira da Universidade de Paris III, salientou, por sua vez: "Parafraseando o médico baiano Clementino Fraga, ao afirmar que 'Medicina é Ciência e também Arte', Norberto Seródio Boechat alia a ciência médica à linguagem artística, despertando com estas Lembranças de escritas a emoção no leitor".
Eliana Bueno Ribeiro, doutora em Ciência da Literatura, pela UFRJ, com pós-doutorado em Literatura Comparada pela Universidade de Paris III, e editora da revista Passages de Paris, pontuou: "Mais feliz, este menino-interiorano-médico-da-cidade chega ao dia da narração. Mais que histórias estruturadas, temos aqui cenários e personagens como índices de momentos, índices de um tempo e da passagem do tempo. Farpas de madeira que seguem a correnteza e servem como roteiros para que cada leitor viaje até sua própria infância e reencontre as coadjuvantes de sua história particular".
O editor Mauro Carreiro Nolasco ressaltou: "As situações aqui registradas nos emocionam, e trocamos de lugar com o pensador ao tentar entender o correr do tempo e as mutações. O autor e as personagens a desfilar histórias... O livro leva a pensar, comove e encanta".
Dr. Norberto foi o autor de obras-primas como "Vertentes de Pirapetinga de Bom Jesus", que levou 30 anos para ser concluída, "Me dê a mão", o romance "Estradas", e "Lembranças de Escritas", entre outras publicações.
O JONF (Jornal O Norte Fluminense) manifesta o mais profundo sentimento aos seus familiares e aos amigos! Que Deus console a todos e todas!
NORBERTO SERÓDIO BOECHAT VIVE!
O Norte Fluminense