Maria Silvia Bastos Marques, a presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), renunciou ao cargo.
Ela alegou “motivos pessoais” e será substituída de forma interina por Ricardo Ramos, do quadro de carreira do banco.
Maria Silva é a primeira baixa do time econômico do presidente Michel Temer em meio à crise política disparada pela divulgação de uma conversa entre Temer e Joesley Batista, um dos controladores do frigorífico JBS.
Ela foi a primeira mulher a chefiar a instituição e completaria um ano no cargo no dia 01 de junho (veja seu discurso de posse).
Sua gestão foi marcada pela queda dos desembolsos do banco e revisão dos modelos e taxas de financiamento.
Veja a íntegra da carta enviada por Maria Silvia para os funcionários do BNDES e divulgada pela Folha:
“_Prezados benedenses,_
Nesta sexta-feira, 26 de maio, informei pessoalmente ao presidente Michel Temer a minha decisão de deixar a presidência do BNDES.
Todos os diretores permanecem no cargo e o diretor Ricardo Ramos, pertencente ao quadro de carreira do BNDES, responderá interinamente pela presidência do Banco.
Deixo a presidência do BNDES por razões pessoais, com orgulho de ter feito parte da história dessa instituição tão importante para o desenvolvimento do país. Nas duas passagens que tive pelo Banco, como diretora, nos anos 90, e agora, como presidente, vivi experiências desafiadoras e de grande importância para a minha vida profissional e pessoal.
Neste ano à frente da diretoria do BNDES busquei olhar para o futuro, estabelecendo novos modelos de negócios e estratégias para o Banco, sem descuidar do passado e do presente, sempre tendo em mente preservar e fortalecer a instituição e seu corpo funcional.
Desejo boa sorte a todos, esperando que sigam trabalhando para que o BNDES continue sendo o Banco que há 65 anos faz diferença na vida dos brasileiros.
_Um grande abraço,_
Maria Silvia”
A executiva carioca de 60 anos já havia passado pela Petrobras e pelo próprio BNDES na sua carreira.
Foi secretária de Finanças da Prefeitura do Rio de Janeiro entre 1993 e 1996 (gestão César Maia) e foi presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) entre 1996 e 2002.
No BNDES, ela substituiu Luciano Coutinho, indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que ocupava o cargo desde 2007.
Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS, afirmou em sua delação que o então ministro da fazenda Guido Mantega interferia para que o BNDES concedesse empréstimos à empresa.
Funcionários do banco promoveram um protesto na sede do banco no dia 12 de maio exigindo uma posição da direção em defesa dos acusados pela Polícia Federal.
Maria Silvia disse no mesmo dia, em teleconferência para jornalistas, que o banco tem confiança “na probidade e na capacidade técnica” de seus empregados.
Cenário
O início de maio, o site da revista Época havia apontado em nota da coluna Expresso, sem citar fontes, que Temer teria dado prazo de três meses para Moreira Franco substituir Maria Silvia.
A presidente do BNDES estaria sendo alvo de reclamações ostensivas de empresários que a acusam de fechar o caixa do banco estatal, segundo a revista.
Na época, o Planalto informou oficialmente, por meio da assessoria de imprensa, que “o presidente não tem a menor intenção de tirar a Maria Silvia”.
Na quinta-feira (18), um dia após serem divulgadas as denúncias contra o presidente, Maria Silvia disse a jornalistas durante fórum de economia no Rio de Janeiro que ainda era muito cedo para avaliar o impacto econômico:
“Não sabemos para onde vai a economia, agora o momento é de trabalharmos ainda mais, com serenidade, e aguardamos o que vai acontecer”.
No seu discurso no último sábado (20), Temer disse que Maria Silvia “moralizou o BNDES, colocou ordem na casa, e tem meu respeito e meu respaldo para fazê-lo”.
Menos de meia hora depois de informar oficialmente que não se manifestaria sobre o pedido de demissão, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República divulgou uma nota para destacar que o presidente Michel Temer, agradece o empenho da executiva “que presidiu o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social de forma honesta, competente e séria por pouco mais de um ano”.
EXAME
Nenhum comentário:
Postar um comentário