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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

PROTESTOS E CLIMA DE TENSÃO NA CÂMARA IMPEDE QUE JUIZ GANHE TÍTULO DE CIDADÃO GUAÇUIENSE

A última sessão ordinária da Câmara de Municipal de Guaçuí, nesta segunda-feira (2) foi marcada por protestos e clima de tensão. Isso porque o juiz responsável pela prisão de investigados no caso “Carro de Boi” e “ouro Velho”, Bruno Fritoli Almeida, foi indicado por um dos vereadores para receber o título de Cidadão Guaçuiense. Ao tomar conhecimento, familiares e amigos de médicos, empresários e demais pessoas que ficaram detidos por mais de dois meses foram ao plenário reclamar. O Projeto de Lei com a indicação foi rejeitada por nove votos a um. Apenas o autor do pedido, o vereador Wanderley de Moraes, votou à favor.
Em sua fala ao usar a tribuna, Wanderley de Moraes inicia destacando não conhecer pessoalmente o juiz indicado por ele. “Eu não tenho sentimento pessoal nenhum com Dr. Bruno. Não o conheço. Nunca vi a feição dele”, afirma.
O vereador ainda justifica que a indicação não tem a ver com a postura do magistrado perante o caso “Carro de Boi”. Segundo Wanderley o motivo seria a diminuição da criminalidade em Guaçuí.
“Dr Bruno combateu a criminalidade. Combateu o tráfico de drogas nessa cidade. Combateu a marginalidade infantil nessa cidade. E os números estão aí. Não sou eu que estou falando. É só entrar no cadastro da Polícia, do Judiciário, que vai encontrar”.
Enquanto discursava Wanderley foi interrompido por familiares revoltados com o que ouviam. Por diversas vezes, foi necessário pedir ordem na casa.
Em seguida, o vereador Marcos Goes fez uso da tribuna e discursou justificando seu voto contrário ao Projeto de Lei. Para ele discorda quanto ao mérito da diminuição da criminalidade em Guaçuí ser do magistrado. E completa dizendo que a indicação é um desrespeito às famílias. “Se nós não começarmos aqui, primeiro respeitar a família, que política pública é essa?”, destacou.
Marcos Goes afirmou ainda que a sociedade guaçuiense é vítima no caso “Carro de Boi”, onde médicos que atendiam na Santa Casa, e também pelo SUS, deixaram de exercer suas atividades. “Isso aqui (os familiares) não são as vítimas, as vítimas estão lá fora. É a sociedade que deixou de ser atendida. É a máquina que parou”.
A votação foi encerrada com muitas palmas e comemorações do público presente na Casa.
Após a rejeição do Projeto de Lei de sua autoria, o vereador Wanderley de Moraes disse estar decepcionado com o resultado. “Eu estou decepcionado com ela (a votação)! Eu não sou um político comum, vim para fazer o que ninguém fez. Eu sou o igual que se destaca. Sou cobrado honestidade, conduta ilibada, mas vejo que o sentimento pessoal quer estar acima da Justiça. A justiça não tem sentimentos tem deveres”, declarou.
Entenda o caso:
Em maio deste ano, o juiz Bruno Fritoli emitiu 11 mandados de prisão preventiva contra os investigados no caso “Carro de Boi”.
Dois meses depois, o juiz declarou incompetência da Justiça Estadual para atuar no caso e encaminhando o processo para a Justiça Federal. Contudo, manteve a prisão dos suspeitos, que foram colocados em liberdade no mês passado pelo juiz federal Victor Yuri Ivanov dos Santos Farina.
Na operação “Ouro Velho”, o juiz decretou a prisão sete investigados. Atualmente, todos estão respondendo em liberdade.

Jornalismo 90.5 FM

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