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sábado, 21 de setembro de 2019

REVELADAS FOTOS DE MATERIAL MISTERIOSO NA FACE OCULTA DA LUA

Chineses divulgaram novas imagens do satélite natural da Terra
Chineses divulgaram novas imagens do satélite natural da Terra - 

Cratera onde estava a amostra 70019. O módulo lunar Apollo 17 aparece ao fundo. Crédito: Nasa
O programa de exploração lunar da China divulgou imagens do misterioso material encontrado na face oculta da Lua, noticiou o site Space.com. A descoberta – feita pelo veículo lunar Yutu-2, da missão Chang’e-4, e divulgada em 17 de agosto – mobilizou a comunidade científica. Boa parte do alvoroço surgiu porque a publicação chinesa “Our Space”, que anunciou as descobertas, usou o termo jiao zhuang wu, que pode ser traduzido como "semelhante a gel"
Uma postagem feita no fim de semana pela publicação na mídia social WeChat contém novas imagens do material e detalhes de como a equipe do Yutu-2 abordou cuidadosamente a cratera para analisá-lo.
A imagem mais nítida mostra duas das seis rodas do veículo e o conteúdo de uma cratera de aproximadamente 2 metros de largura. Ela aparentemente corresponde ao campo de visão do Espectrômetro Visível e Próximo a Infravermelho (VNIS, na sigla em inglês), de acordo com alguns cientistas lunares.
O VNIS é uma das quatro cargas científicas úteis do Yutu-2. Ele detecta a luz dispersa ou refletida nos materiais para revelar sua composição química. Como o VNIS tem um pequeno campo de visão, a equipe de acionamento precisava conduzir cuidadosamente o Yutu-2 para examinar o material sem cair na cratera.
A equipe do Yutu-2 considerou insatisfatório o primeiro conjunto de dados coletado na cratera em julho devido às sombras. Assim, tentou-se uma segunda abordagem e medição durante o dia lunar seguinte, em agosto. Segundo a publicação chinesa, a experiência teve sucesso, mas os resultados não foram divulgados.
Ouvido pelo Space.com, Clive Neal, cientista lunar da Universidade de Notre Dame (EUA), avaliou que a imagem, mesmo precária, dá pistas sobre a natureza do material. Segundo Neal, trata-se de algo semelhante a uma amostra de vidro de impacto encontrada durante a missão Apollo 17 em 1972. A amostra 70019 foi coletada pelo astronauta Harrison Schmitt, um geólogo treinado, de uma cratera nova de 3 metros de diâmetro, semelhante àquela abordada pelo Yutu-2.
Neal define a 70019 como sendo feito de microbrecha (tipo de rocha clástica) escura, que agrega fragmentos quebrados de minerais cimentados, e vidro preto brilhante. “Acho que temos um exemplo aqui do que o Yutu-2 viu”, disse ele.
Impactos de alta velocidade na superfície lunar derretem e redistribuem as rochas através das novas crateras e podem criar rochas vítreas e ígneas e estruturas cristalinas. Neal tem ressalvas aos termos “incomum” e “misterioso” usados pelos articulistas chineses para se referir ao material. “É esperado ter crateras parecidas com a do Yutu-2 e a de onde a 70019 foi coletadas”, observou.
Também ouvido pelo Space.com, Dan Moriarty, bolsista do Programa de Pós-Doutorado da Nasa no Goddard Space Flight Center, concorda que é difícil fazer uma avaliação definitiva da composição química da substância em função da baixa qualidade da imagem. Segundo ele, o material descrito parece um pouco mais brilhante que o material circundante, embora o brilho real seja difícil de confirmar nas fotografias. Nesse caso, o contraste pode ser devido às diferentes origens dos respectivos materiais.
“Será muito interessante ver o que o espectrômetro vê e se houver imagens de alta resolução disponíveis”, observa Moriarty.
O Yutu-2 está rumando para oeste do local de pouso da Chang’e-4 na cratera Von Kármán desde o histórico pouso lunar de 2 de janeiro. Até agora, ele percorreu 285 metros.

O Dia

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