Páginas

quinta-feira, 16 de julho de 2020

COM BÊNÇÃO DE BEBETO, GOYTACAZ SE REERGUE COM METAS AMBICIOSAS: "MIRAMOS PROJEÇÃO INTERNACIONAL"


Tetracampeão vira embaixador do projeto de reestruturação do clube contra o qual marcou seu primeiro gol na carreira. Goyta reforma estádio, volta à redes e lança programa de sócios
Há 28 anos longe da elite do futebol do Rio de Janeiro, o Goytacaz deve iniciar nos próximos dias sua pré-temporada, já que a Série B1 do Campeonato Carioca está marcada para começar daqui a um mês. Essa será a primeira competição do clube desde o pontapé inicial no seu projeto de reestruturação, que dentre outras ações implementou no Goyta um novo modelo de gerenciamento, tirou do papel reformas importantes no estádio e designou um embaixador cujo nome promete dar credibilidade a toda essa estratégia: o tetracampeão Bebeto.
Na última sexta-feira, como forma de sintetizar o novo momento da equipe de Campos dos Goytacazes, cidade do Norte Fluminense, o Goytacaz lançou seu novo programa de sócio-torcedor e os uniformes que serão utilizados na atual temporada. "O Goyta voltou a sonhar, e ele precisa de todos nós juntos", foi o recado do embaixador veiculado nas redes sociais do clube.
Fundado em 1912, mas assolado por más administrações e ostracismo no cenário do futebol em anos recentes, o Goytacaz fechou em outubro um acordo para que a G7 Football Investment fizesse a gestão do clube pelos próximos 10 aos. Num modelo bastante parecido com o do Bragantino, o grupo passou a tomar conta de toda a gestão administrativa do Goyta, que por sua vez encontra-se na reta final do processo de transição de clube para empresa.
- Agora o clube vai funcionar como uma empresa, tem que dar lucro e resultado desportivo - explica Daniel Coelho, indicado pela G7 para ser o CEO do Goytacaz. - Queremos projetar o clube nacionalmente num primeiro momento e, depois, miramos até uma projeção internacional.
Bebeto é embaixador da empresa. Ao GloboEsporte.com, o ex-jogador confidenciou que aceitou sem fazer cerimônias o convite para ser embaixador do projeto do Goytacaz.
- Estou me sentindo muito orgulhoso, de verdade. Com essa parceria, me convidaram para ser o embaixador do projeto, e eu não pensei duas vezes. Quero ajudar com o espírito vencedor que eu sempre tive, com a minha vivência no futebol. Espero contribuir na missão de voltar à elite do futebol carioca - disse ele.
O tetracampeão preserva uma relação de carinho com o Goytacaz, sobretudo porque foi contra o clube de Campos que ele não só fez sua estreia como profissional, como também marcou o primeiro gol na sua carreira (veja no vídeo abaixo). Foi na derrota do Flamengo por 2 a 1 para o Goyta no Estádio Ary de Oliveira, pelo Campeonato Carioca de 1983. Ele tinha na época apenas 19 anos: "A torcida dos caras é fanática, jogar ali era difícil pra caramba, eles faziam um caldeirão, véi".
- Ele é uma pessoa extremamente vitoriosa dentro do futebol, que vibra muito, mesmo depois de ter parado de jogar. Inclusive fala para a gente: "Quero ser campeão!". Ele vai estar presente nos jogos, vai ser uma figura bastante ativa. O Bebeto se tornou o embaixador na questão de reposicionar o clube no cenário nacional novamente. Ora, ele é uma das lendas da Fifa e está realmente muito focada em devolver o prestígio ao Goytacaz - acrescenta.
Clube por muito pouco não fechou as portas
Presidente do Goytacaz desde 2015, Dartagnan Fernandes até se emociona no momento em que recorda os maus bocados pelos quais precisou passar para manter o clube na ativa.
- Há alguns anos, houve um fato que me marcou bastante e acabou se tornando crucial para o resultado que estamos tendo hoje. Conselheiros e diretores promoveram uma assembleia para formalizar um movimento visando entregar o clube ao Ministério Público por não acreditarem que o Goyta possuía condições de sair daquela situação - se lembra ele.
Em 2015, imediatamente após a renúncia do presidente Márcio Rocha por conta da grave crise financeira, o Conselho se reuniu e debateu a possibilidade de fechar as portas do clube. Dartagnan, então sócio benemérito, liderou a corrente que se opôs à ideia. Foi convocada uma nova eleição, mas, após o prazo de 60 dias, ninguém se candidatou. E Dartagnan, então, assumiu a presidência, de onde não saiu mais.
Aos trancos e barrancos, o Goytacaz em 2017 conquistou o título da segunda divisão e conseguiu o acesso pela primeira vez neste século. Só que, naquele momento, já estava em vigor o regulamento do Campeonato Carioca que põe campeão e vice da Série B1 para disputar uma seletiva antes da fase principal - essa, sim, com Flamengo, Fluminense, Botafogo, Vasco e companhia. O Goyta, que não figura na elite desde o ano de 1992, foi eliminado nessa seletiva tanto em 2018 quanto em 2019.
Paralelamente ao trabalho na gestão do clube, Dartagnan mantinha contatos frequentes com Gilberto Melo, ex-lateral-esquerdo da seleção brasileira e de equipes como Cruzeiro e Flamengo. Entre 2014 e 2016, Gilberto encabeçou o projeto de gerenciamento do maior rival do Goytacaz, o Americano. A ideia do presidente era estabelecer um modelo de gestão parecido no Time da Rua do Gás. Atarefado, o ex-jogador não pôde aceitar o convite, mas foi o responsável por apresentar o clube à G7.
- Nós, então, viemos e fizemos aqui toda a avaliação da situação do clube, econômica e administrativa. Pegamos esse estudo de quatro meses e entregamos um projeto de reestruturação ao conselho deliberativo em setembro do ano passado. Esse projeto foi aprovado por unanimidade - conta Daniel Coelho.
A reestruturação do Goytacaz se divide em duas frentes: 1) patrimonial/esportiva e 2) administrativa/financeira.
Com relação à primeira, a nova gestão está finalizando no momento uma série de reformas no Estádio Ary de Oliveira, o Aryzão, inaugurado em 1938 e que já há algum tempo necessitava de alguns ajustes. Foi construído, por exemplo, o obrigatório setor de cadeirantes na arquibancada, isso sem mencionar as obras nas tribunas, cadeiras cativas, vestiários e sistemas elétrico e hidráulico. "O gramado também está num processo de melhoria", lembra Daniel, que espera entregar o campo antes do início da pré-temporada da equipe.
Além disso, o clube voltou às redes sociais. Em seu perfil oficial no Twitter, por exemplo, o Goyta ficou praticamente um ano sem publicações. No dia 25 de maio, o presidente Dartagnan anunciou o retorno dessa forma:
No que diz respeito à segunda frente, os esforços da diretoria neste momento estão voltados ao mapeamento dos processos judiciais. Levando em consideração ações fiscais e trabalhistas, o Goytacaz tem uma dívida de aproximadamente R$ 3 milhões.
- Todos os processos estão sendo mapeados e separados entre os que foram julgados e os que estão em andamento para que a gente possa avaliar caso a caso. E aí vamos começar a chamar as pessoas para os acordos, para que retirem as ações. Vamos livrar o clube das penhoras que, até o ano passado, assolava o Goyta para que, assim, ele volte a ter fluxo de caixa. A gente entende que quando o clube começar a ter receita, com o programa de sócio-torcedor, mais bilheteria e sem penhoras, vamos conseguir honrar nossas despesas - explicou o CEO.
Lançado na última sexta-feira, o programa de sócio-torcedor do Goytacaz oferece duas opções: a Sócio Goyta 100%, que custa R$ 39,90 ao mês e dá o direito a todos os ingressos da temporada sem valor adicional; e a Sócio Goyta 50%, no valor de R$ 21,90 ao mês e que dá desconto da metade do preço nos bilhetes. A meta da diretoria é fechar a temporada com 8 mil sócios e vender 15 mil camisas.
O Goytacaz estreia na Série B1 do Campeonato Carioca no dia 15 de agosto, contra o São Gonçalo EC.

Globo Esporte/Por Tébaro Schmidt

Nenhum comentário:

Postar um comentário