Um surto de Covid-19 na plataforma P-69, da Petrobras, uma das unidades que produzem no supercampo Tupi (ex-Lula), maior produtor do País, obrigou a estatal a desembarcar trabalhadores e fazer uma testagem preventiva nos demais, além de promover uma higienização adicional na plataforma.
“A Petrobras informa a ocorrência de desembarques por suspeita de Covid-19 na P-69, localizada na bacia de Santos. Os colaboradores que manifestaram sintomas, bem como seus contactantes, desembarcaram imediatamente e foram testados em terra, com acompanhamento das equipes de saúde da Petrobras e orientações para isolamento”, disse a empresa em nota sem informar o total de trabalhadores desembarcados.
De acordo com o Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), 31 trabalhadores testaram positivo para a doença e foram desembarcados. Nesta quinta-feira, mais 30 deixarão a unidade por serem contactantes dos empregados contaminados. Uma equipe de emergência será embarcada para manter a produção do campo em operação, o que é criticado pelo Sindipetro-LP.
“Se levar em conta que atualmente a POB (Pessoas a Bordo da Instalação) da unidade é de 140 pessoas, a média de contaminação é muito alta, o que caracteriza surto da doença. Diante dessa situação, a gerência da unidade resolveu que ao invés de parar a produção vai embarcar funcionários para compor equipes de emergência”, informou o sindicato, que critica o acúmulo de trabalho pela equipe a bordo e o risco de mais contaminações, “Isso é o mesmo que “brincar” de roleta russa”, criticou.
Segundo a Petrobras, a companhia testou todo o efetivo a bordo, incluindo empregados próprios e colaboradores de empresas prestadoras de serviços. “Os profissionais que tiveram teste positivo foram desembarcados e, como medida adicional, todos os contactantes dos casos positivos, mesmo tendo testado negativo, desembarcaram e ficarão em isolamento em terra para posterior repetição do teste”, disse a estatal.
De acordo com o Sindipetro-LP, os trabalhadores devem procurar os diretores de base para registrar a contaminação como acidente de trabalho (CAT), o que vai impactar a Taxa de Acidentes Registráveis (TAR) da Petrobras.
A Operação Ouro Negro, composta pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Anvisa criou um protocolo de recomendações para as empresas, operadoras e prestadoras de serviço na cadeia de petróleo que recomenda a emissão de CAT em caso de contaminação do trabalhador pelo coronavírus a bordo. O mesmo entendimento foi confirmado em relatório pela Fiocruz, mas a Petrobras contesta.
“O Superior Tribunal de Trabalho (STF) também reconhece a Covid-19 como acidente de trabalho, seja por doença profissional ou doença do trabalho equiparada ao acidente”, informou o Sindipetro-LP.
Denise Luna/Estadão Conteúdo
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