O Ribeiro Junqueira, da cidade mineira de Leopoldina disputa o Campeonato Mineiro de Profissionais, representando a Zona da Mata. Invicto há 52 jogos vem a Bom Jesus do Norte e vence o Ordem e Progresso, mantendo a invencibilidade. Carlos Alberto Pereira Pinto, presente ao Estádio Carlos Firmo e com um fornecedor da Usina fazendo parte da diretoria do time mineiro combinam uma partida amistosa para o próximo domingo em Leopoldina. Os mineiros Campeões Regionais enfrentariam uma equipe amadora do município de Bom Jesus do Itabapoana, já que o Ordem e Progresso da vizinha Bom Jesus do Norte estava disputando o Campeonato Capixaba de Futebol.
Ao chegarem a cidade o que os jogadores mais ouviam no restaurante e a caminho do Estádio eram frases de gozações e faixas dizendo que a invencibilidade continuaria e ainda aplicariam uma goleada histórica naquele time de Usina. Como ousariam a desafiar o melhor time da Zona da Mata?
Citando Nelson Rodrigues, parece que o ‘sobrenatural do Almeida’ incorporou nos atletas do Santa Isabel, ou se aquelas gozações, ou as humilhações antecipadas tinham mexidos com o brio de toda a equipe. O que se viu foi uma exibição de gala do time usineiro, principalmente de um jovem de 17 anos que 1desfilava1 no setor do meio campo, além de articular e ‘assinar’ as jogadas ao receber a bola da sua defesa e fazer chegar ao ataque, Zé Francisco acabou marcando dois gols, sendo um em cobrança de penalidade e Cocota marcou o outro decretando a vitória por 3 a 1.
Nessa partida o goleiro mineiro Devanir fez defesas milagrosas evitando um placar mais dilatado. Jogando para o Ribeiro Junqueira o Bonjesuense Coquinho Mégre, titular da ponta direita e tinha na sua reserva Zequinha, cujo apelido dado pelo narrador esportivo Jorge Cury era Zeca Diabo, titular anos depois do time do Clube de Regatas do Flamengo e Bicampeão pelo Botafogo de Futebol e Regatas em 1968.
Aquele domingo de 23 de maio de 1965 entrou para a história do poderoso esquadrão mineiro, pois todos queriam saber qual equipe pertencia àquele jovem e franzino jogador que tinha dado um show de bola, falavam de Zé Francisco. Inconformados e incrédulos com a quebra da longa invencibilidade, alguns quiseram brigar, porque não aceitavam o deboche do Sebastião Madureira que descontou as provocações antes do jogo, devolvendo-as aos adversários.
A diretoria procura o Presidente Oliveira Tatagiba, querendo uma revanche para a quarta-feira seguinte, com tudo pago: Hotel e alimentação para toda a Delegação. O Presidente do Santa Isabel, chama o treinador João Luiz de Freitas e fala a diretoria do Ribeiro Junqueira, o terror da Zona da Mata: “Infelizmente não podemos aceitar o jogo, esse convite nos deixa muito satisfeito, mas os nossos jogadores a sua maioria são funcionários da Usina e todos eles têm que trabalhar amanhã, segunda feira”. Era um “timaço” o tricolor usineiro da Usina Santa Isabel no Vale do Itabapoana.
SANTA ISABEL FC- EM PÉ DA ESQUERDA PARA DIREITA: FIFIU, VAZINHO, JORGE RODRIGUES, EDELYR, ZÉ FRANCISCO, AMARO ROSA, DONÍ E HELENO. AGACHADOS: COÊLHO, SEBASTIÃO MADUREIRA, BIBIU, COCOTA, GILÓ, BRANDÃOZINHO E ANTONIO CARLOS.
Extraído do Livro: Santa Isabel, Uma Paixão em Azul, Vermelho e Branco.
Blog do Jailton da Penha
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