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quarta-feira, 27 de julho de 2022

3° ENCONTRO FRATERNO DE CASAS ESPIRITAS UMBANDISTAS MOVIMENTOU SÃO JOSÉ DO CALÇADO

Foi realizado no último domingo (25), em São José do Calçado, no Extremo Sul Capixaba, o 3º Encontro Fraterno de Casas Espíritas Umbandistas. É música não faltou!
O evento que proporcionou o reencontro, abraços de irmãos/amigos de cinco casas espíritas, teve como meta principal valorizar o aprendizado e a visão sobre a ação consciente da doutrina espírita.
O anfitrião do Encontro Alcemar Dias Coelho, conhecido carinhosamente como Tata Enfermeiro, mais uma vez abriu a porta de sua casa para a prática da caridade recebendo os irmãos e amigos com o mesmo ideal das duas edições anteriores.
Participaram do tradicional encontro cinco Casas Espíritas: Casa Espirita Santo Antônio da Luz, vinculada ao Círculo Esotérico Comunhão do Pensamento acompanhada da Banda Lírica Santa Cecília, que tem como dirigente Sebastião Gomes da Silva, Casa Nossa Senhora da Guia, presidida por Marciano de Oliveira, representado por sua filha e dirigente da Casa Maria Helena Oliveira, com sua Banda Lírica do Córrego do Sossego, Casa Santa Terezinha de Jesus dirigida por Leni de Oliveira Freitas, Casa São Sebastião, do Bairro da Liberdade (Biquinha), dirigida por Ana Maria da Silva, e Tenda Espírita Pai Joaquim da Angola e Boiadeiro da Senzala com seu dirigente Edu Miguel Coelho, respectivamente localizadas em Celina, Guaçuí, Celina e São José do Calçado.
Alcemar agradeceu aos que participaram do evento, dizendo que foi uma alegria estar juntos de seus irmãos de fé.
"Gratidão aos irmãos de ideal espírita umbandista por mais uma visita no domingo passado, em que compartilhamos momentos de fé e oração. Foi uma alegria e santificação em estar com vocês. Que possamos nos reencontrar outras vezes. A minha casa é de vocês, que saíram do aconchego de seus lares e casas de oração apenas para prestigiarem com dia de louvor e graça de Deus.
Ao sr. Sebastião, dirigente da Casa Santo Antônio da Luz, e a Senhora Maria Helena, dirigente da Casa Santa Terezinha de Jesus, ambas do distrito de Celina/ES, meu respeito e gratidão. Aos demais jornaleiros um até breve. Muita luz e paz em nome de Jesus", disse Alcemar.
Tata ainda ressaltou a importância da presença de representantes da Comunidade Quilombola, localizada no Córrego Sossego, na zona rural de Guaçuí.
"Aquele que for conhecer a Comunidade do Quilombola, localizada no Córrego do Sossego, zona rural de Guaçui (ES) logo de cara ficará encantado com Maria Helena de Oliveira Barbosa, a Dona Lena, de 56 anos, que mora próximo à Cachoeira do Carlito, em Guaçuí (ES). Ela faz parte da comunidade do Quilombola, comunidade que conta com aproximadamente 30 famílias que vivem da produção agrícola, como café e leite, principalmente, e teve sua certificação como Quilombola", pontuou Tata.
DONA LENA
Maria Helena de Oliveira Barbosa, 56, promove eventos e recebe visitas dos irmãos de fé e caminhada, que chegam ao Quilombo do Córrego do Sossego, em Guaçuí, no Sul do Estado. Com um lenço na cabeça, pano de prato no ombro, chinelo nos pés e sempre sorrindo - não tem tempo ruim para ela - gosta de cozinhar para os visitantes. Sempre ressalta que é muito importante receber as pessoas na sua casa com fartura, mesa cheia mesmo, pois sabe o que é sentir na pele a fome e escassez, tanto que lutou mobilizando sua família para o reconhecimento da comunidade quilombola onde viveram seus bisavôs escravizados.
Dona Lena, mãe de 4 filhos e avó de nove netos, destaca que são quatro gerações descendentes de escravizados, um passado bem doloroso. Lembra que na adolescência dormia em casa de barro, no chão, passando cocô de vaca devido a falta de piso e usando colchões do capim que plantava ao redor do terreiro. Ainda aprendeu a sorrir em vez de se curvar, entregou-se às causas de seus antepassados onde lutou pelas terras de direito. Em 2018, o reconhecimento triunfou com a certificação das terras pela Fundação Cultural Palmares.
Na região, a casa de Helena é um ponto de referência: passou por lá, tem que visitar. Além da fartura e união, tem roda de capoeira, bate-flexa e caxambu, muita feijoada, tutu de feijão, feijão tropeiro, cocada, broa, pãozinho de cebola, cavaco, broa, salgadinhos diversos e café de melaço, adoçado com cana-de-açúcar moída no engenheiro de seu quintal.
Segundo Dona Lena, os quitutes são feitos com a matéria-prima plantada e colhida nas terras do quilombo: farinha de mandioca, banana da terra, canjiquinha, fubá de melaço de cana. Diz que sempre plantou mandioca e milho, mas que ambos não eram do quilombola assim como a mão-de-obra. Nos dias de hoje, o que se planta é da comunidade, e os alimentos são a fonte de renda da mesma.
EQUIPAMENTOS ANCESTRAIS
Jose Luiz, esposa de Maria Helena, revela que os equipamentos são ancestrais. O funcionamento do engenho de açúcar é simples, mói a cana com a força do cavalo, que o caldo de cana é fervido, transformando-se em melado, e com ele, se faz muita comida.
Ele diz ainda que foi gratificante a festa em celebração que marcou a certificação do quilombo em maio de 2018, que teve danças folclóricas, cantoria e muita comilança. Sinaliza que o marco originou outras grandes festividades, permitindo que o local virasse um ponto cultural e entrasse no circuito turístico do município de Guaçuí. O dia 13 de maio, data comemorativa ao Dia da Abolição da Escravatura, é uma data festiva que a família da Dona Lena comemora a cerca de 102 anos, expressando sua fé pela manifestação espírita-cristã, recebendo grupos vindos de outros municípios da região e até do Rio de Janeiro. Assim, com cânticos e rezas, seguem em procissão até a casa de oração, onde papeis esvoaçantes decoram o teto, até um altar com santos, terços e um banner em tecido que se lê : “Viva a libertação!”
A COMUNIDADE
Localizada no Córrego Sossego, na zona rural de Guaçuí, e vivendo da produção agrícola, principalmente do café e do leite, a comunidade, onde vivem aproximadamente 30 famílias, teve sua certificação como Quilombola confirmada em 2018. A Portaria assinada pelo presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira da Silva, certifica como legítima a comunidade, como remanescentes de Quilombo. A certificação está lavrada no Livro de Cadastro Geral nº 018, Registro nº 2.574 fl.195 – Processo nº 01420.100046/2018-87. Diante desta certificação, os membros da comunidade passam a ser reconhecidos como descendentes afrobrasileiros.

Blog Last-Minute News

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