“Foi um momento incrível. Queríamos que, através do abraço, as pessoas entendessem que são especiais e que podem contar com a gente”, conta Josane Rangel, bolsista do Nugedis
Encontrar uma definição para “amor” é um grande desafio. Refletir sobre esse sentimento tem sido há séculos a prática de filósofos, poetas, compositores, profissionais das mais diversas áreas, apaixonados e até alguns desacreditados. As palavras podem ser insuficientes para essa tarefa, mas em um simples gesto a comunidade do IFF Bom Jesus conseguiu entender seu significado. A ação “abraços grátis” trouxe afeto e acolhimento para o Setembro Amarelo, que acontece até sexta-feira, dia 30, no campus.
Foi durante uma troca de mensagens despretensiosa sobre a programação do evento que as professoras Ana Muniz e Sarah Vervloet decidiram incluir a ação nas atividades do mês. As bolsistas Josane Rangel e Nanda Mattos, que atuam no Núcleo de Gênero e Diversidades (Nugedis) do IFF Bom Jesus, se dedicaram à confecção dos cartazes e organização dos detalhes para esse momento. “A experiência para mim foi algo muito especial. Poder abraçar e ter esse contato caloroso com os estudantes foi um momento incrível e a intenção da ação foi fazer com que eles se sentissem confortáveis em nos abraçar. A mensagem que queríamos passar é a de que eles podem se sentir abraçados e confortáveis em nosso espaço”, explica Josane, que já havia sido abraçada em uma ação semelhante realizada em sua antiga escola. Para ela, receber o gesto é mais fácil do que oferecê-lo e essa percepção lhe trouxe reflexões. “Acho que a diferença dos dois lugares é a de que é mais fácil alguém ‘abraçar’ a nossa dor do que você ter atitude e abraçar a dor de alguém”, pondera, recordando que, mesmo com o nervosismo e a vergonha iniciais, o momento ficará registrado eternamente em seu coração.
Nanda cita o impacto da pandemia nos relacionamentos interpessoais e a resposta da campanha nesse sentido. "Nossa dificuldade de nos relacionarmos fisicamente aumentou e o projeto de abraços grátis quebrou bastante essa questão. Eles abriram espaço para que eu conhecesse novas pessoas, pois foi necessário perder o medo do contato com pessoas de ciclos diferentes dos meus, abrindo portas para ver como elas acolhem nosso momento também", analisa a estudante. Ela lembra que o primeiro dia foi difícil, mas no segundo se sentiu mais à vontade e que se sente mais segura depois de participar da atividade.
A professora Ana Muniz (foto) também já esteve nos dois lados da ação. A primeira vez que teve contato com a proposta foi há alguns anos, na Argentina. “Achei aquilo muito louco. Como alguém tinha coragem de fazer isso, em um lugar com pessoas desconhecidas? Eu achei muito legal e participei desse momento”, lembra. Segundo ela, estar na posição de doador também é um exercício desafiador. “É inicialmente constrangedor ir para um lugar, levantar um cartaz e até esperar que a gente não receba em troca. Então o exercício não é somente para quem retribui o abraço, mas também pra gente, que está ali exposto, podendo não receber o abraço em troca”, disse. Ela demonstrou também sua alegria ao ver o empenho das estudantes, que, apesar desse constrangimento, prepararam os detalhes e se envolveram na ação.
Citando a autora bell hooks, Ana destaca que “o amor é o que o amor faz” e afirma que a escola precisa ser um lugar de amor, “não dessa forma banalizada e até romântica, mas como uma demonstração de afeto, de carinho, porque muitas vezes é um ato político, simbólico”, explica. Outro momento de Abraços Grátis está previsto para acontecer ainda nesta semana, que continua com a programação do Setembro Amarelo. Nesta terça-feira o grupo S.O.S. Vida realizou intervenções às 10h, na quadra poliesportiva, e atuará novamente às 20h30min, no auditório. Confira a programação completa AQUI.
Free hugs campaign – A campanha de Abraços Grátis começou em 2004, por um australiano conhecido apenas por seu pseudônimo: Juan Mann. Ficou mundialmente conhecida em 2006, com o emocionante vídeo que ilustra o surgimento da iniciativa:
Mann começou a ação depois de ter sido inesperadamente abraçado por um estranho durante uma festa. “Eu me senti como um rei. Foi a melhor coisa que já havia me acontecido”, disse. Saiba mais sobre o movimento no site oficial da campanha.
por Comunicação Social do Campus Bom Jesus do Itabapoana
Nenhum comentário:
Postar um comentário