Melhorias na qualidade de vida social dos participantes já é notada pela equipe responsável pelo projeto e pelo Centro
O compromisso de cuidar de uma horta é diário. Preparo de canteiro, plantio, transplantio, irrigação, controle de ervas daninhas, adubação, desbrota, colheita. São muitos os processos envolvidos no cultivo de hortaliças e as pessoas assistidas pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Bom Jesus do Itabapoana sabem bem disso. Por meio do projeto desenvolvido pelo Instituto Federal Fluminense Campus Bom Jesus do Itabapoana com a prefeitura municipal, diversos canteiros foram criados na instituição. Alface, mostarda e brócolis são algumas das espécies cultivadas.
As manhãs de terça-feira são de assistência técnica, oferecida por profissionais do IFF Bom Jesus. Já são dois meses de dedicação dos participantes à manutenção da horta. Gostaram tanto da atividade que tiveram a iniciativa de formatar novos canteiros, que são cuidados pelo próprio grupo. “É uma atividade gostosa de fazer e ver. A ocupação é importante. Tudo que fazemos lá nos traz benefícios, porque estamos ajudando a instituição e ela nos ajuda também”, explica o paciente José Renato Batista de Souza Silva, que já tem experiência na área. Ele conta que trabalhou por vários anos na produção agrícola e gosta muito das atividades na horta do CAPS.
Segundo os profissionais que acompanham o projeto, é possível notar melhorias no desenvolvimento dos participantes, assim como na atuação dentro do Centro. “Notamos que, com a horta, houve melhora no comprometimento deles conosco e com eles mesmos. Se sentem tão compromissados, que eles mesmos já produzem. O carinho e cuidado que eles têm ao estarem ali é muito gratificante”, avalia a diretora do CAPS, Cristiane Meirelles. Ela cita, ainda, o retorno positivo para a interação social entre eles, que têm aprendido a respeitar novas ideias e acolher a experiência que os outros trazem para a atividade, promovendo uma troca saudável e motivadora para todos.
O professor Fernando Ferrara, do IFF Bom Jesus, é um dos coordenadores do projeto e destaca a diferença percebida nos participantes desde o início. “Estão mais falantes, interagem mais conosco, uns com os outros e com o ambiente também, enquanto atuam no cuidado dos canteiros. O desenvolvimento na sociabilidade deles é notável. Precisamos de mais ações como essa na sociedade, porque não vivemos em uma ilha. Precisamos olhar para o outro como se estivéssemos olhando pra nós mesmos”, afirma.
O grupo visitou o setor de olericultura do Campus Bom Jesus na manhã desta quarta-feira, dia 28, e elogiou o trabalho desenvolvido pelos profissionais da instituição. Alguns destacaram que foi a primeira oportunidade de ver algumas espécies antes da colheita, como a cenoura e o jiló. Eles foram recebidos pela técnica em Agropecuária Josilene Xavier, que cuida do setor e também oferece assistência técnica no CAPS às terças-feiras. Além de observarem as culturas, cada um levou para casa um pé de alface. Exceto Claudio Vieira, que preferiu mostarda. “Com mingau de fubá fica uma delícia”, garantiu.
A duração prevista para o projeto é de um ano, podendo ser renovado por mais um período. O objetivo inclui trabalhar as fragilidades e vulnerabilidades do paciente com sofrimento psíquico, permitindo abordar as dificuldades inerentes ao usuário, fora do contexto da doença. Segundo os idealizadores, ações simples, como lidar com a terra, produzir o próprio alimento e a colaboração no sustento do outro, valoriza cada indivíduo, fortalece sua autonomia e laços sociais, promovendo também o sentimento de unidade perdidos na direção da doença.
O CAPS de Bom Jesus do Itabapoana está localizado na rua Gonçalves da Silva, nº 121, bairro Santa Rosa.
por Comunicação Social do Campus Bom Jesus do Itabapoana
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