“Desde 2014, quem larga na frente nas pesquisas, perde a eleição para governador do RJ. Em 2014, Garotinho e Crivella largaram na frente. Pezão venceu. Em 2018, Paes largou na frente. Witzel venceu. Em 2022, Freixo largou na frente. Castro venceu”. É com essa lógica que opera a pré-candidatura de Rodrigo Bacellar (União), presidente da Alerj, a governador em 2026.
Bacellar esteve com Jair Bolsonaro (PL), em Angra dos Reis, na Quarta-Feira de Cinzas da semana passada. Com 2% de intenção de voto a governador na pesquisa Quaest, divulgada dia 27, o político de Campos busca a popularidade do ex-presidente (confira aqui) para tentar decolar. Enquanto o prefeito carioca Eduardo Paes (PSD) tem 29% a governador — 27 pontos a mais.
A pesquisa Quaest trouxe outro dado relevante: 64% do eleitorado desaprovam o governo Lula (PT), aliado de Paes. Também reflexo disso, o senador Flávio Bolsonaro (PL), filho 01 do capitão, teve 20% de intenção de voto a governador.
Extrema direita mira Senado contra STF
Flávio está em 2º lugar a governador, atrás apenas de Paes, na pesquisa Quaest. No entanto, com Bolsonaro denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF), talvez interesse mais à extrema direita reforçar em 2026 sua bancada no Senado. Que é onde o STF pode ser constitucionalmente enfrentado.
A despeito de Flávio?
“Tem outro fator pesando muito nos bastidores: Rodrigo tentou ir a Jair através de Flávio e não teve sucesso. Ele deu a volta e foi através de Gutemberg Fonseca, o que fez Flávio ficar muito irritado e abrir outras conversas”, disse uma fonte que conhece bem os bastidores da política fluminense, ligada ao grupo dos Garotinho.
Juntos e misturados?
No grupo de Rodrigo, não há notícia de rusgas com Flávio. Tanto com ele quanto com o vereador carioca Calos Bolsonaro (PL), a relação de Bacellar seria boa. E foi Flávio quem indicou Gutemberg a secretário de Defesa do Consumidor do governo Cláudio Castro (PL).
Bené e Washington Reis
Atrás de Paes e Flávio na pesquisa Quaest a governador em 2026, e à frente de Rodrigo, ficaram a deputada federal Benedita da Silva (PT), com 7% de intenção de voto; e o ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB), com 5%. Bené deve caminhar com Paes. Enquanto Washington está condenado por inelegibilidade no STF até 2026.
Flávio Dino no STF
Na sexta (7), Washington não teve boa notícia à pretensão de disputar mandato eletivo em 2026. Relator do seu caso no STF, por crime ambiental num loteamento quando era prefeito de Caxias, o ministro Flávio Dino votou contra o recurso do político da Baixada Fluminense. Que também é secretário estadual de Castro, na pasta de Transportes.
Baixada Fluminense na Alerj
Caxias tem o segundo eleitorado do estado, atrás apenas do município do Rio. Por isso o apoio de Washington, aliado de primeira hora dos Bolsonaro, é disputado para 2026. Tanto por Paes, quanto por Bacellar. Que, reeleito à presidência da Alerj, manteve o também deputado estadual Rosenverg Reis, irmão de Washington, na 1ª secretaria da Casa Legislativa.
A variável Pampolha
Político que tem na capacidade de articulação a sua maior virtude, Bacellar trabalha, além da popularidade dos Bolsonaro no RJ e dos Reis na Baixada, com outras variáveis da equação. Uma das principais é o vice-governador Thiago Pampolha (União).
Com a máquina do RJ na mão?
É dado como certo que Castro se desligará do cargo de governador até o prazo de 6 meses antes do pleito de 6 de outubro de 2026, para se candidatar a senador, na 2ª vaga de Flávio, ou a deputado federal. Se Pampolha também saísse, Bacellar se candidataria a governador já no cargo, com a máquina na mão. O que pesaria tanto ou mais que o apoio de Bolsonaro.
Daqui não saio?
Quem conhece a política fluminense, mas trabalha na oposição a Bacellar, diz que Pampolha é a encarnação da marchinha “Daqui não saio, daqui ninguém me tira”. Quem conhece a política fluminense e trabalha com Bacellar, aposta que o vice-governador só está valorizando o passe.
Plano B é o TCE
Quem também conhece a política do estado, mas consegue se dar bem com Bacellar, Paes e os Garotinho, analisou a pré-candidatura do primeiro a governador: “Seria um adversário muito forte. Não acredito que seja e talvez opte pelo TCE. Mas fez certo em apostar na polarização (Bolsonaro x Lula) e lançar o nome. O problema é unir a direita. Parte dela irá para Paes”.
“Apoio de Bolsonaro é fundamental”
Em meio a tantas fontes íntimas da política fluminense que preferiram preservar o sigilo, uma assumida a olhar o RJ das Minas Gerais: “Com certeza, o apoio de Bolsonaro é fundamental para as pretensões de Bacellar, visto que o bolsonarismo tem se mostrado mais fiel que o lulismo”, avaliou o jornalista Sebastião Carlos Freitas, ex-editor-geral da Folha.
Os exemplos de Lula
“A Paes, até o momento confortável com os números da Quest, o trabalho é unir forças do centro e da esquerda, a exemplo do que Lula fez ao ter como vice Alckmin. Mesmo se condenado e preso, Bolsonaro continuará forte, também a exemplo de Lula. Que, mesmo preso, quase elegeu Haddad presidente em 2018”, lembrou o mineiro Sebastião.
Folha da Manhã
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