Foto: Phillipe Moacyr/ O Diário
Um grupo formado por mães, irmãs e esposas de detentos do Presídio Carlos Tinoco da Fonseca, em Campos, se reuniu na frente da unidade nesta terça-feira (08/02) para denunciar problemas enfrentados para entrar com alimentação e medicamentos para parentes e companheiros, além de questionarem a transferência de internos para outras cidades.
Segundo familiares, os problemas vêm ocorrendo a cerca de três meses, período este que iniciou as transferências. Por semana estariam sendo transferidos de 10 a 12 internos. “Eles (detentos) estão sendo transferidos para longe e não temos condições de visitar, sem falar que são unidades com facção rival o que coloca a vida deles em risco”, contou uma das integrantes do grupo, nome preservado, que não visita o esposo há dois meses.
As mulheres revelaram ainda que já deram entrada no Ministério Público (PMRJ) do Estado do Rio de Janeiro contra as transferências de presos para unidades consideradas de alto risco. Segundo elas, a direção da unidade chegou a alegar a superlotação para as transferências e outros nem justificativa tiveram. “O MP já nos deu um documento onde uma das considerações é referente à transferência para área de alto risco, mas ainda assim meu esposo está numa prisão na cidade do Rio”, disse a gerente de vendas de 25 anos, que temendo represália ao marido e o irmão, preferiu não revelar o nome do presídio para onde foram transferidos.
Com o irmão cumprindo pena por porte ilegal de arma, uma doméstica de 37 anos, explicou que enfrenta dificuldade para visitá-lo em Japeri. "Tenho um documento do Ministério Público que determina que o presídio me deixe visitar meu irmão por 15 minutos, mas ainda não consegui vê-lo. Ele já está pagando pelo crime que cometeu. O que queremos é mais respeito, pois ninguém quer um parente num lugar como esse”, contou.
A doméstica revelou ainda que recentemente o irmão chegou a ficar acautelado no presídio Carlos Tinoco, por três semanas, aguardando o julgamento que foi realizado no Fórum Maria Tereza Gusmão, mas que não pode vê-lo e não pôde dar alimentos e remédios ao detento.
ENTRADA DE COMIDA REDUZIDA
Outra reclamação se refere à entrada de alimento para os internos. Segundo as denunciantes, a direção da unidade só estaria permitindo a entrada de até três garrafas de água ou suco e comidas em potes pequenos. “A visita começa às 13h, mas como temos que chegar cedo, às vezes a comida acaba estragando. Lá dentro é tudo caro e não temos condições de comprar. Um refrigerante de 600ml, por exemplo, custa R$ 12,00”, reclamou.
Quanto ao medicamento, os familiares de presidiários alegam que foi proibida a entrada de qualquer produto do gênero. “Cheguei para visitar meu sobrinho e ele estava com muita febre, mesmo assim não deixaram o medicamento entrar” disse.
Durante a permanência do grupo na frente do Presídio Carlos Tinoco da Fonseca, o subdiretor identificado apenas como Nolasco conversou com as mulheres e agendou uma reunião com o diretor da unidade para esta quarta-feira (09/03), às 13h. A expectativa é que os problemas sejam solucionados o quanto antes.
A equipe do Site Ururau entrou em contato com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária na noite desta terça-feira, mas até a publicação desta matéria nenhuma resposta havia sido enviada.
Ururau