Milhares de sementes chegam ao IFF por meio do "maior disseminador humano de sementes"
Parceiro do Instituto Federal Fluminense Campus Bom Jesus há mais de duas décadas, Guth Travassos, como é conhecido, já doou milhares de sementes de inúmeras espécies ao setor de produção de mudas da instituição. Ele, apaixonado pelo meio ambiente e grande entusiasta da preservação da natureza, tem o hábito de recolher sementes por onde passa – parques, igrejas, festas e até cemitérios. “Não sei ver sementes sem catá-las”, confessa.
Quase todas as sementes recolhidas são doadas ao IFF Bom Jesus. “Trago tudo para cá, porque sei que vão plantar. Já mandei sementes para vários lugares do país que não foram plantadas e sei que aqui não vão deixar a semente morrer: vão passá-la adiante”. Para o Instituto, esse apoio gera não só economia em custos com aquisição, transporte e tratamento do material utilizado, mas também a criação de elos com a comunidade, por meio da presença de produtores que compram as mudas para reflorestamento de suas propriedades na região. “Os produtores visitam o campus e observam o trabalho que é feito pedagogicamente, porque essas sementes não vem apenas com o objetivo de produzir mudas, mas de produzi-las a partir de um processo de aprendizagem”, explica José Adilson Gonçalves, que é coordenador de produção vegetal e responsável pelo laboratório de produção de mudas do Campus Bom Jesus.
Além do relacionamento criado com os cidadãos, o Instituto também desenvolve parcerias com instituições e órgãos públicos de outros municípios. Parte das sementes recebidas por Guth são usadas para beneficiar cidades vizinhas, por meio de trocas com produtores que nem sempre têm acesso a espécies da Mata Atlântica e do Cerrado.
“Morcego” – Conhecidos por sua capacidade de dispersar sementes de frutas das quais se alimentam, os morcegos são grandes transportadores de espécies vegetais. É por essa razão que Guth carinhosamente se compara a eles. A paixão pelo meio ambiente começou ainda na infância, quando acampamentos em regiões montanhosas e brincadeiras de arco e flecha faziam parte da rotina dos colegas de vizinhança. Com o passar dos anos as cabanas em morros deram lugar a barracas em praias e fazendas, até que, já adulto, o então funcionário do Banco do Brasil foi morar em Brasília, onde ainda reside atualmente.
Foi no Distrito Federal que Guth catou as quatro primeiras sementes, plantadas no sítio de seu irmão. A partir de então, o número foi crescendo e hoje já são dezenas de milhares de árvores em potencial que já passaram pelas mãos do “maior disseminador humano de sementes”, como se autodefine. Apesar dos anos de experiência, ele ainda encontra espécies desconhecidas e dedica horas à limpeza e categorização de suas colheitas. “Brasília é uma cidade muito arborizada e em minhas caminhadas na Asa Norte sempre descubro árvores que ainda não conhecia. Entro nas quadras e de repente estou de frente para uma árvore que eu nunca tinha visto”, conta.
Todas as sementes chegam ao Campus Bom Jesus limpas e categorizadas. Não é um trabalho fácil, nem rápido, e que pode trazer consigo alguns incidentes. “A quantidade de insetos que vem junto com as sementes é enorme... pequenas aranhas, vespas, besouros. Tenho até medo de trazer uma praga para minha casa, mas continuo levando as sementes”, brinca Travassos. Para ele, o risco e o esforço valem a pena: “‘Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura’. Se eu conseguir mais um adepto que compre essa briga ambiental, já fico satisfeito. Sonho em ver essa cidade cheia de árvores”, conclui.
Interessados em adquirir mudas produzidas no Campus Bom Jesus podem procurar o setor responsável para mais informações.
por Comunicação Social do Campus Bom Jesus do Itabapoana