Um pai de santo foi executado na última quarta-feira (25) dentro de um terreiro de candomblé. Segundo a dona de casa, Avani Souza de Jesus, de 50 anos, mãe do pai de santo Leandro Souza de Jesus, de 32 anos, o filho não estava sofrendo ameaças. Ela esteve no Instituto Médico-Legal, para fazer a liberação do corpo e pediu justiça.
“Se existir justiça, que seja feita para confortar o coração de uma mãe. Quando o filho está numa vida errada, a gente já espera por isso. Mas não era o caso dele”, desabafou a mulher, que estava no IML acompanhada do outro filho, Leonardo.
Avani disse que não acredita que o crime tenha sido motivado por rixa mas sim, na possibilidade em vingança de alguém insatisfeito com o resultado de um trabalho, ou até mesmo homofobia e intolerância religiosa.
Católica, não praticante, a mãe de Leandro não frequentava o terreiro, mas disse que respeitava a fé do filho. Leandro que era mais conhecido como babalorixá Leandro de Agué, foi executado durante uma reunião em seu terreiro por volta das 22h20.
Leandro deixa um filho de 13 anos que, segundo a avó, está inconformado com o crime. Ela contou que o adolescente ficou tão abalado que precisou de atendimento com psicólogo. A família não tem recursos para o sepultamento e deve pedir ajuda à prefeitura.
Uma testemunha que estava no local, disse que haviam cerca de 50 pessoas participando da cerimônia religiosa. “Fiquei sem saber o que fazer. Só queria tirar o meu povo daqui e não conseguia. Poucos escutavam eu falando “corre”. Foi horrível”, contou um dos membros do terreiro, acrescentando que inicialmente todos pensaram se tratar de assalto.
Segundo ele, após o crime, os criminosos passaram de novo em frente ao terreiro, para conferir o serviço, mas não chegaram a descer da moto. A testemunha disse também, que o babalorixá era uma pessoa querida e também não acredita na hipótese de rixa, levantada pela polícia. Porém, admitiu ter ficado claro que o alvo era o pai de santo.
Outras pessoas que estavam no local contaram que os dois homens estavam vestidos de preto e não tiraram os capacetes, o que dificultou a identificação deles. Um dos bandidos deu um tiro para o alto para dispersar as pessoas, de acordo com um relato feito a policiais do 20º BPM (Mesquita).
Logo depois, seguiram em direção a Leandro e atiraram contra ele com pelo menos cinco tiros.
Os disparos, segundo as mesmas testemunhas, foram à queima-roupa, atingindo a cabeça e as costas. “Após a execução, o atirador saiu caminhando tranquilamente, subiu na moto, deu uma volta e retornou para conferir”, relatou uma testemunha.
De acordo com informações passadas aos policiais do 20º BPM que foram ao local do crime, estaria acontecendo uma desavença entre o terreiro de Leandro e outros terreiros da localidade.
O crime aconteceu num terreiro na Rua das Marrecas, no bairro Nova Brasília, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro e está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) do Rio.
Fonte: Tribuna Online