Em contato com a Folha, Ceciliano disse que houve “muita especulação” e afirmou que é pré-candidato ao Senado. “Na verdade, não mudou nada. Sou pré-candidato ao Senado. Nossa prioridade no Rio é o presidente Lula. Independente de qualquer coisa, se for preciso ampliar o palanque dele aqui e precisar da posição do Senado, eu sairei a deputado federal”.
A questão do Senado, levantada por Ceciliano, também deve ser objeto de nova reunião entre as lideranças partidárias. Isso porque na pesquisa Quaest divulgada pelo jornal O Globo no final de outubro, o presidente da Alerj aparece com 2% das intenções de voto. A liderança é de Romário (PL), com 19%, mas na segunda posição aparecem Marcelo Crivella (Republicanos) e deputado federal Alessandro Molon – outro integrante do PSB – com 12%.
O jornalista Lauro Jardim publicou em seu blog, em O Globo, que Ceciliano teria almoçado com o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (PSD) na última semana para tratar de eventual candidatura do petista. Paes já deixou claro que não apoiará Freixo no primeiro turno e por isso lançou a pré-candidatura do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz. No entanto, o cenário pode mudar com a possibilidade do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, negociar o apoio da legenda a Lula e retirar a possibilidade de Santa Cruz disputar o Governo do Estado.
— Eu apoiei o Eduardo Paes duas vezes quando era bom para o Rio (segundos turnos de 2018 contra Witzel, e de 2020, contra Crivella). Gratidão não se cobra. Espero dele a mesma coisa. Acho que ele vê com receio um projeto no Rio que não possa controlar e se torne muito grande. Ele não deveria estar preocupado com a eleição daqui a quatro anos — afirma Freixo, em referência à possível candidatura de Paes a governador em 2026.
Sobre a movimentação de Ceciliano, Marcelo Freixo classificou de “bobagem”. “A direção nacional do PT está irritadíssima com essa bobagem. Se tem um lugar que a gente não tem problema entre PT e PSB é no Rio”.
Diante das declarações de Freixo, o vice-presidente nacional do PT Washington Quaquá pediu “calma, humildade e canja de galinha”. Em postagem nas redes sociais, o petista afirmou que a decisão sobre o apoio de Lula cabe só ao PT.
Santo Amaro também é palco para o assunto
As discussões sobre as tratativas entre PT e PSB também passam pela planície goitacá. No último sábado, durante as comemorações de Santo Amaro – padroeiro da Baixada Campista – o deputado estadual Waldeck Carneiro disse que as postulações colocadas são naturais, mas defendeu uma unidade.
— Acho que Marcelo faz uma postulação que é legítima; o André é um nome que, nos últimos quatro, cinco anos, se fortaleceu como liderança do estado. Então, eu entendo que são movimentos legítimos, mas acho que o ideal seria que o campo que eu chamo de progressista possa estar o máximo possível unificado.
Também deputado estadual, mas licenciado e atual secretário de Educação de Paes no Rio, Renan Ferreirinha (PSB) disse que o momento ainda não é de definição. “Muitas coisas vão acontecer ainda. Ceciliano fez um grande trabalho. Mas, acredito que tem muita coisa para acontecer, e é importante que a gente fale de políticas públicas para o povo do Rio de Janeiro.
Definição sobre SP ainda empaca acordo
A reunião que parece ter selado o entendimento entre PT e PSB no apoio a candidatura de Freixo também tratou de avanços nas conversas também em pelo menos outros cinco estados. O PSB lançaria candidatos em Pernambuco, Rio de Janeiro e Espírito Santo, enquanto o PT ficaria com a Bahia, Sergipe e Rio Grande do Norte. Em São Paulo, onde o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e o ex-governador Márcio França (PSB) pretendem concorrer ao Palácio dos Bandeirantes, o impasse continua e está longe de ser resolvido.
— O PT entende que a candidatura de Haddad é essencial. E o PSB também entende que a candidatura de França é importante. (...). E, com muito respeito, temos que chegar a um denominador — disse a presidente nacional do PT, Gleise Hoffman.
Alguns dirigentes petistas argumentam que Haddad deveria ser escolhido por estar à frente nas pesquisas, mas o presidente do PSB, Carlos Siqueira, mostrou seu descontentamento. “Antes de ter um entendimento eleitoral, é preciso um entendimento político. A política antecede todos os números”.
As direções do PT e PSB decidiram que vão recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para ampliar o prazo previsto para consolidar a federação entre as duas legendas. O limite hoje para entrar com o pedido de formação do bloco vai até 1º de março — data considerada infactível por ambos.
Apesar das divergências internas, as cúpulas do PT e PSB insistem na criação de uma federação porque a veem como instrumento para aumentar a bancada na Câmara - função que antes era exercida pelas coligações. Como a eleição é proporcional, as vagas no Legislativo são distribuídas conforme a votação de todas siglas que compõem a aliança.
Folha 1