O evento acontece no sábado (27/07), às 19h, na sede da Academia Calçadense de Letras em São José do Calçado/ES. O Mês de julho que é dedicado aos escritores e as Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, portanto, considerando a importância desta data, foi escolhido pela escritora e pesquisadora Bárbara Pérez para o lançamento do livro “ Mulheres capixabas e suas histórias”. Estes fatores importantes mesclam na decisão da autora, celebrando o lançamento no mês Julho, em que destaca o dia 25 nas comemorações do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, a data que relembra o marco internacional de luta e resistência da mulher negra para reafirmar a necessidade de enfrentar o racismo e o sexismo vivido até hoje por mulheres que sofrem com a discriminação racial, social e de gênero. E, de relevância celebração, o Dia do escritor. Conclui Bárbara Pérez.
As 185 páginas da obra são inteiramente dedicadas às mulheres que viveram e vivem no Espírito Santo. Grandes mulheres que simbolizam a riqueza cultural e a diversidade capixaba. Mais que prestar homenagem a elas, a autora pretende apresentar à nova geração os valores dessas mulheres, a partir de suas vivências e realizações.
Realizada com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), da Secretaria da Cultura (Secult), a coletânea de contos e crônicas celebra a força, as missões, a resiliência e a singularidade das mulheres do Espírito Santo. Nessa obra, Bárbara Pérez aborda uma ampla variedade de experiências femininas em diferentes contextos e épocas, desde a serenidade de práticas cotidianas até eventos dramáticos que definiram a vida dessas personagens reais.
Uma dessas personagens é a parteira Dona Benedita, responsável por trazer ao mundo inúmeras crianças do município – incluindo a própria autora. Sua história é resgatada em “As parteiras de Mimoso do Sul”. Já em “As lavadeiras do Rio Muqui”, Bárbara Pérez conta sobre o trabalho das lavadeiras do Córrego do Rochedo e seus dramas. Entre elas, destaca-se Maria de Jesus, negra escravizada que foi estuprada pelo patrão, um fazendeiro branco e rico.
Outra homenageada na obra é Dona Maria Tatagiba (*01/08/1904 – +20/09/1979), calçadense que viveu em missão na linda “Cidade entre montanhas e flores”, na árdua tarefa de “catar” flores e distribuir nos altares de todas as igrejas (era eclética) e, também, em vários cemitérios. A Missão se estendia para municípios vizinhos, entrando nos ônibus sem pagar, já que todos a conhecia. Suas vestes longas, pés descalços, cabelos desgrenhados sob um véu negro, carregando nos braços, rosários de contas grossas, quadros de santos, velas acessas, braçadas de flores, era a sua habitual rotina pela cidade e essa missão, às vezes, assustava a criançada daquela época.
Em ‘A Eterna Primeira Dama’, conforme o título da crônica de Bárbara Pérez é dedicado à Dona Terezinha Abreu Vieira de Rezende, professora aposentada, ocupou por diversas vezes o cargo de assistente social (voluntário) naquela época, sendo a primeira dama. Essa função era desempenhada pelas esposas dos prefeitos eleitos, cuidando das creches e de toda parte social e de forma voluntária. Ela está com 94 anos, debilitada com algumas sequelas da idade, porém, sem perder a vivacidade, o vigor e ainda mantém cabelos e maquiagens, prontos, para receber as visitas importantes em sua sala ampla, onde o seu esposo José Vieira de Rezende (in memoriam) realizava suas reuniões políticas.
Simbolizando a simplicidade de mulheres desprovidas de bens materiais, o conto a ‘Felicidade Está de Bicicleta’ é prestar homenagens a todas as mulheres aguerridas, vivendo suas rotinas de dona de casa, mães, avós, mas, não perderam suas essências vitais para o amor, e porque não, as grandes paixões, correndo pelas ruas de pedras históricas construídas pelos escravos, com suas bicicletas ornadas de flores, colhendo ventos e poesias. Porque é assim que a escritora dedica a sua irmã Santina Péres, retratando a paixão e as mulheres simples e livres da vaidade e da ganância.
Cada história é um tributo à identidade e ao legado das mulheres que, por meio de suas vivências, contribuíram para a história e cultura do Espírito Santo. Entre elas, destaca-se neste mês de julho, a Mestra Maria Laurinda Adão, que, em suas oito décadas de vida, é considerada uma das figuras mais importantes para a preservação das raízes e tradições do povo afrodescendente, auto definindo-se como missionária, viajando pelo Brasil e pelo mundo para difundir a cultura que aprendeu na comunidade quilombola de Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim. E, portanto, uma justa celebração de encerramento, comemorar de forma ímpar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, com a Mestra Maria Laurinda em posição de destaque na literatura capixaba.
E, para abrilhantar o cenário literário e render homenagem às mulheres capixabas, o evento conta com recital com poetas calçadenses e de Alunos da rede municipal e estadual e de Usurários da APAE de São José do Calçado, a transmissão de Libras, um musical com o maestro Hebert Cocc e seus pupilos, os gêmeos Igor e Iago, com seus acordes de violinos, a belíssima apresentação do cantor Jorge Guilherme de Guarapari/ES e do grupo musical da Igreja Católica de São José do Calçado/ES, coordenado por Lucélia Aparecida da Silva Rodrigues.
SERVIÇO:
Lançamento do livro “Mulheres capixabas e suas histórias”
De Bárbara Pérez
Quando: 27/07 (sábado)
Horário: às 19h
Local: Academia Calçadense de Letras, Avenida Rui Barbosa – São José do Calçado, ES, 29470-000
Espirito Santo Noticias