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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

ARTISTAS DO SUL DO ES TAMBÉM AMARGAM PREJUÍZOS COM CARNAVAL CANCELADO




Não foram somente os comerciantes e o turismo dos municípios capixabas que amargaram prejuízos com o cancelamento do carnaval em grande parte do Espírito Santo. Músicos locais, que já tinham os dias da folia programados, acabaram ficando sem a opção dos shows.

Em um contexto geral, os artistas concordam que com a falta de segurança, fica realmente complicado a realização de eventos durante o carnaval. Atualmente tocando em sete conjuntos, entre sertanejos e banda de baile, o baterista Chris Rocha disse que perdeu uma média de sete apresentações neste período, o que daria um show por dia, mas que alguns outros amigos músicos tiveram até 10 cancelamentos.
“Olhando pelo contexto geral, não como músico, mas como cidadão, ninguém quer sair nas ruas sem se sentir no mínimo seguro, sem policiamento nós podemos imaginar como ficaria Piúma no carnaval, por exemplo. Porém existem outras formas de se resolver isso. Terceirizar a segurança seria uma delas. O que não podemos é ficar a mercê dessa situação. Como nosso governo não acerta suas pendências, tanto nós músicos, quanto o restante dos trabalhadores que esperam esta data para trabalhar e arrecadar um pouco mais, acabamos ficando no vermelho. Eu estava com uma média de um show por dia, por sorte ainda tenho dois, que serão nas cidades que até o momento não cancelaram as programações. Mas sinceramente não estou muito confiante”, completa o baterista.
O cancelamento do carnaval atrapalhou o planejamento da banda Projeto Feijoada. Não só com a perda das apresentações, mas com o lançamento de novas músicas e o vídeo clipe do novo material que foi afetado. Segundo o vocalista Flávio Marão, todo o plano para o ano de 2017 será cortado do projeto.
“Vejo um cenário péssimo para a economia do Estado. A queda de braço entre PM´s e o governo não deveria jamais atingir a população desse jeito. Sou totalmente a favor de melhores salários para os policiais e inclusive tenho muitos amigos na corporação, porém acredito que deixar a população a mercê, sem segurança nenhuma, não é o correto. Tínhamos shows em várias prefeituras e algumas em andamento para fechar. Só restou um show que é particular. A bomba me pegou de surpresa. Nosso planejamento de lançamento de novas músicas será adiado, o vídeo clipe do novo material lançado será afetado. Tínhamos um planejamento de reinvestimento, aquisição e manutenção de instrumentos, lançamento de novos produtos “brindes” para divulgação da marca, ações beneficentes entre outras coisas que serão cortadas do planejamento para 2017”, disse Marão.
Com 10 anos de carreira, Dérik Ramos, vocalista da banda Tomaê se referiu como atitude consciente a respeito do cancelamento do carnaval em alguns municípios. Com apenas um show mantido em sua programação, ele diz que o prejuízo é grande, pois todas as bandas se preparam para tocar neste feriadão.
“As prefeituras tomaram a única decisão que podiam, que foi cancelar os eventos. Sabemos que não é fácil para um gestor ter que fazer isso, e de fato a segurança dos moradores e turistas é mais importante do que dias de folia, por mais que a cidade dependa, também, da renda gerada pelo carnaval. O prejuízo é muito grande, pois todas as bandas se preparam meses e investem em inovações”, explica Dérik.
Envolvendo todos os gêneros musicais em seu repertório, a banda D-14 também foi prejudicada com a situação. Com shows programados em quatro cidades, o que restou agora é aguardar algum evento particular para tentar suprir os cancelamentos. A vocalista da banda, Netinha, disse que para os que vivem de música, a crise na insegurança gerou um grande transtorno a todos. Além dos prejuízos financeiros, a cantora diz que a perda também se dá na falta de visibilidade da banda durante um período tão requisitado.
“O cancelamento do carnaval atingiu de forma direta e indireta a sociedade capixaba. Para nós que vivemos da música foi um grande transtorno. Em média tivemos cinco shows cancelados, entre pré-carnaval, carnaval e até mesmo eventos fechados que aconteceriam nos meses posteriores ao carnaval. Hoje a Banda D-14 tem apenas dois shows confirmados para o carnaval, um prejuízo inestimável, com certeza não será contornado, já que não se trata somente de perdas financeiras, mas também de visibilidade, uma vez que a maior mídia da banda é o nosso show”, finaliza Netinha.

Aqui Notícias/Fotos: Divulgação

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