'Aqui nunca foi para pobres, feios e miseráveis', escreveu arrendatário de estabelecimento na Ilha Grande
Rio - A 166ª DP (Angra dos Reis) vai investigar crimes de racismo, preconceito, furto, constrangimento ilegal e maus-tratos que a família do professor universitário e doutor em Filosofia e Teologia, Marco Antônio de Oliveira, de 53 anos, afirma ter sofrido na Pousada Canto do Hibisco, na paradisíaca Ilha da Gipóia, na Ilha Grande, Costa Verde, conforme O DIA Online divulgou nesta segunda-feira com exclusividade. As denúncias, feitas pela filha de Marco Antônio, Priscila Oliveira, 28 anos, viralizaram nas redes sociais, causando comoção e indignação.
Ao comentar no Facebook da pousada sobre a "má impressão" deixada pela hospedagem (entre os dias 23 e 25), a ela, o pai, a mãe, Zeni, 59, e o namorado, Thiago Michimoto, 29, Priscila foi rebatida por Henrique de Santana, arrendatário do estabelecimento, de forma "violenta e humilhante" no mesmo canal. A cliente denunciou furto sofrido por Thiago, de R$ 40, dentro da pousada, e questionou a qualidade das acomodações e falhas do serviço de cozinha.
"Nunca fomos tão maltratados e humilhados. Há áudios em que Henrique diz à camareira que desconfiava de nós. Até água potável nos negaram. Nos chamaram de favelados, negros, pobres e petistas", reclamou Priscila.
As postagens de Henrique, que também registrou o caso na 166ª DP, por calúnia, difamação e falsa denúncia, chocaram os internautas.
"Toma vergonha na cara e vai procurar um lugar onde seu bolso possa pagar. Aqui nunca foi pra gente da sua laia. Pobres, feios, miseráveis e mal-educados. Gipóia é pra quem tem classe...tem a proteção da Marinha. Você não vai voltar aqui porque sua cara e de todos (parentes) estão estampadas nas pousadas da região por serem suspeitos...", apontou um dos textos.
As ofensas continuaram: "Entre com processos, liminares e afins. Todos os esquerdistas têm essa premissa... Só não se esqueça que o Brasil de 1º de janeiro não é o mesmo do governo passado. Aqui não tem Bolsa Família...Pobreza e miséria são espíritos vai se libertar (sic)", escreveu Henrique.
Ontem, a família recebeu apoio de internautas do país inteiro. Parte dos hoteleiros da Ilha Grande também demonstrou solidariedade com o que classificaram de "atitude isolada, surreal e desprezível". Roberta Nakamashi, dona da Pousada do Preto, ofereceu estadia de graça. "É uma forma de mostrar que os outros estabelecimentos não compactuam com tal comportamento. Os hóspedes são preciosos, a razão de nossos empreendimentos, independentes de cor, raça e credo", justificou.
Empresário: "Eu estava de cabeça quente"
Em nota, a direção da pousada afirmou que Henrique de Santana "agiu pessoalmente, de forma contrária às normas e condutas" do estabelecimento, que há mais de dez anos "só recebe elogios e referências" de clientes e sites de hotelaria.
Também em nota, Henrique reiterou que "estava de cabeça quente e estressado", quando rebateu as críticas. Se dizendo ameaçado por conta de "interpretações fora do contexto", o arrendatário disse ter reunido postagens agressivas de internautas, que serão entregues à Polícia Civil.
"Também sou negro e entendo que eu é que sofri racismo, ódio gratuito, injúria e difamação, a partir da publicação de Priscila Oliveira", argumentou.
O Dia
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