Foto::Fernando Maia
A partir desta sexta, o Maracanã entra numa nova era sob a guarda da dupla Fla-Flu, por 180 dias, que podem ser prorrogados por mais 180, antes de uma nova licitação do governo do Rio. A Odebrecht, que reformou e gerenciou o estádio em seu conceito de arena, entregou as chaves ontem após quase seis anos de concessão, pouco mais de 1/7 do contrato de 35 anos, com muitas dúvidas sobre a viabilidade administrativa de um dos maiores símbolos do futebol mundial.
Em abril de 2013, a construtora Odebrecht entregou — não totalmente pronto — o Maracanã. Ao custo de R$ 1,266 bilhão, a nova arena foi revelada ao público no amistoso entre Brasil e Inglaterra, em junho. Diante do padrão Fifa, o torcedor se deparou com um estádio totalmente modificado, para não dizer desconfigurado, em relação ao icônico palco da final do Mundial de 1950.
Para a Copa das Confederações daquele ano e a Copa do Mundo em 2014, foi retirado o anel superior e a marquise, encurtado o espaço do campo às arquibancadas, construídos novos acessos, cobertura, além das rampas e, claro, reduzida ainda mais a capacidade. De 90 mil lugares (após as obras para o Pan de 2007), caiu para pouco mais de 78 mil.O torcedor carioca teve de reaprender a circular nos anéis e, nas competições Fifa, a respeitar os lugares marcados nos ingressos. E viu grandes públicos em shows internacionais.
Novo, o estádio não precisa de obras estruturais, assim como o Maracanãzinho. O governo, no entanto, terá de cumprir velhas promessas com relação a soluções definitivas do Estádio de Atletismo Célio de Barros e o Parque Aquático Julio DeLamare, que foi reaberto parcialmente ano passado.
Em seis anos, o Maracanã, sob administração da concessionária, foi deficitário. De acordo com os balanços até 2017, a soma chegava a R$ 247 milhões de prejuízo. Os lucros eram previstos após cinco anos. Mas o uso do estádio na Copa e nos Jogos Olímpicos, impediram a empresa de faturar.
O imbróglio envolvendo Odebrecht e o estado começou em 2015, quando a concessionária quis rever o contrato. Sem poder utilizar as áreas do Célio de Barros e Julio DeLamare, que, inicialmente, seriam derrubados para construção de shopping e estacionamento, a empresa ameaçou devolver o estádio.
O anúncio da devolução foi em junho de 2016, e, desde então, o caso foi parar em câmaras de conciliação. Nesta mesma época, houve um afastamento dos clubes, que procuraram outros estádios para mandar seus jogos e aumentaram o prejuízo da concessionária. A relação foi encerrada com a decisão do governador Wilson Witzel, que retomou o Maracanã e assinou contrato com os clubes.
Eles terão que assumir as contas do estádio, que não são poucas. A estimativa é de R$ 2 milhões de manutenção por mês. Este ano, o gasto médio mensal com energia elétrica ultrapassa os R$ 550 mil.
Parte desse custeio virá do pagamento de R$ 90 mil de aluguel por jogo (os times jogam, em média, quatro partidas por mês). Ainda há o pagamento mensal de R$ 116 mil ao estado e parte da receita com o tour, no valor mínimo de R$ 64 mil.
Dos 257 jogos da era Odebrecht, as principais memórias estão atreladas mais às competições internacionais do que a ligação da torcida carioca e os grandes do Rio. O novo Maracanã teve seus maiores públicos, por exemplo, em jogos da Argentina: contra a Bósnia e a final da Copa diante da Alemanha. Todos também se lembram da cobrança de pênalti de Neymar que deu o inédito ouro olímpico no futebol.
Os rubro-negros certamente se lembram a final da Copa do Brasil de 2013. O Flamengo foi campeão sobre o Athletico-PR diante de quase 69 mil pessoas.
No último ano, a reaproximação já vinha acontecendo com públicos recordes do rubro-negro no Brasileiro e o Fluminense também fazendo valer seu mando. Mas as novas diretrizes não contemplaram os anseios de Vasco e Botafogo.
Jornal extra
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