IFF Bom Jesus foi homenageado em evento realizado pela Apae, por contribuir para promover a inclusão, socialização e autonomia de portadores de necessidades especiais
São mais de 30 anos de parceria entre a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Bom Jesus do Itabapoana e o Instituto Federal Fluminense Campus Bom Jesus. Ao longo desses anos, diversas ações de inclusão foram realizadas por meio de projetos e bolsas. O reconhecimento pela contribuição do IFF Bom Jesus rendeu uma homenagem à instituição durante o II Encontro com Empresários, realizado pela Apae na última quinta-feira, dia 17.
“Essa parceria para as bolsas e para a realização de trabalhos efetivos tem surtido efeitos muito bons para os assistidos, em termos de desenvolvimento, socialização e autonomia. Já tivemos pessoas que saíram do IFF e foram direto para o mercado de trabalho. Por isso quisemos homenagear o IFF, que sempre fez parte da inclusão do deficiente para o trabalho junto com a Apae”, explica a diretora Administrativa da Apae Bom Jesus, Gisele Costa de Araújo. Além de homenagear as empresas que já promovem a inclusão, o evento objetivou conscientizar empregadores que ainda não contratam portadores de necessidades especiais.
O projeto de inclusão começa na Apae, por meio de oficinas no Centro de Atendimento Educacional Especializado (Caee), onde são oferecidas instruções sobre apresentação pessoal, atendimento ao público, assiduidade, pontualidade, entre outros. Além do preparo, profissionais analisam as aptidões de cada pessoa atendida, para que sejam encaminhadas ao mercado de trabalho. O Campus Bom Jesus integra esse processo, por meio do projeto Vivenciando e Incluindo Valores, que é vinculado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
Coordenado pelo professor Fernando Ferrara, o projeto oportuniza a alunos da Apae o convívio em outros espaços educacionais e de trabalho, visando à inclusão em outros ambientes e à integração da pessoa com deficiência à sociedade. Fernando elenca alguns dos benefícios proporcionados pela ação: “o desenvolvimento de habilidades, fortalecimento das relações de grupo, melhoria da autoestima, estímulo à emancipação da pessoa com deficiência e à construção de sua autonomia, a compreensão das relações de alteridade, e, por fim, a oportunidade aos nossos estudantes e servidores do Campus Bom Jesus de trabalhar em conjunto, desmistificando as diferenças e afirmando a potencialidade de trabalho do deficiente”.
A psicóloga da Apae Bom Jesus, Flávia Vasconcelos dos Santos, reafirma a necessidade dessa mudança de paradigma, que deve ser promovida por meio de ações conjuntas entre indivíduo, família, sociedade e governo. O primeiro passo seria reconhecer as diferenças e semelhanças características dos seres humanos e, a partir disso, garantir a valorização dessa diversidade, “reconhecendo identidades, caracterizando o conceito de dignidade através do exercício de um papel social produtivo, que desenvolve capacidades e influencia positivamente na autoestima, fazendo florescer habilidades, talentos e versatilidade na superação de limites”, explica.
Atualmente o projeto conta com três bolsistas. A estudante Ana Júlia da Costa Cabral, de 16 anos, atua no Registro Acadêmico do IFF Bom Jesus. Deficiente auditiva, ela relata que aprendeu muitas coisas no setor, onde gosta de trabalhar. A experiência foi positiva também para seu desenvolvimento pessoal, acadêmico, e até em sua reabilitação, proporcionando a superação do hábito de fazer leitura labial, já que agora consegue ouvir pelo implante coclear. Quando questionada sobre o fim da bolsa, Ana Júlia conta que permanecerá ajudando o setor como voluntária, enquanto for possível. “Estar no IFF é ótimo para minha vida. Gosto de ajudar as pessoas e o setor tem muitas demandas, por isso pretendo continuar”, afirma. Ela também está inscrita no Processo Seletivo 2020 e pretende ingressar no curso técnico concomitante em Meio Ambiente.
A mudança que a parceria proporciona aos bolsistas é notável. Independência, proatividade, socialização, superação da timidez e a certeza do pertencimento são alguns aspectos destacados pela assistente social da Apae, Daniele de Moraes. Ela acompanha esse desenvolvimento e cita a relevância da instituição para os três estudantes atendidos atualmente pelo projeto. “Eulália ficou mais vaidosa; viu outras adolescentes no IFF, meninas que também são vaidosas, e começou a se sentir parte daquele lugar, pois houve aceitação da equipe, dos alunos. Jonas aprendeu a valorizar o dinheiro da bolsa e, com ele, reformou seu quarto. Ana Júlia comprou um celular, dividiu em parcelas e está pagando com o valor da bolsa também. Além disso, está mais caprichosa, mais solidária”, avalia Daniele.
Todos os bolsistas passam por uma seleção na Associação, onde analisam não apenas aptidões, mas também conversam com as famílias, que são incluídas no processo.
por Comunicação Social do Campus Bom Jesus do Itabapoana
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