Após meses de isolamento, o refúgio dos sonhos de quem deseja viajar combina, quase sempre, vida ao ar livre, contato com a natureza e a certeza de que protocolos contra a Covid-19 serão cumpridos. São anseios que cidades do estado trabalham para satisfazer numa retomada gradual do turismo. Uma vez que as rotas aéreas devem demorar a se restabelecer, a aposta é atrair um visitante que se deslocará de carro, para destinos até 600 quilômetros de sua casa. Espera-se, assim, que os primeiros a botar o pé na estrada sejam os próprios fluminenses, além de paulistas, mineiros, brasilienses e capixabas, que poderão fazer funcionar as engrenagens de uma das atividades mais afetadas pela pandemia.
No interior do estado, alguns atrativos seguem fechados, como os museus de Petrópolis e parte das cobiçadas praias de Arraial do Cabo, entre elas a do Forno e as do Pontal do Atalaya. Mas também são vários os recantos já liberados aos visitantes, de acordo com as regras estabelecidas em cada município.
Em qualquer lugar, o viajante vai se deparar com adequações ao “novo normal”. Entre máscaras e termômetros, muita coisa mudou: o bufê self-service de café da manhã, por exemplo, foi substituído por pedidos à la carte e entregas no quarto.
Patrimônio Mundial da Unesco, Paraty iniciou esse processo de adaptações no último dia 1º. A cidade só recebe quem chega em carros de passeio, e os meios de hospedagem estão limitados a 50% de ocupação. Neste fim de semana, o município vive mais uma experiência do “novo normal”: o tradicional Festival da Cachaça acontece com programação online.
— A Flip será em novembro, num formato ainda em definição — antecipa Nena Gama, secretária de Turismo de Paraty.
Ainda na Costa Verde, Angra dos Reis reativou anteontem o turismo, inclusive na Ilha Grande. Mas com a travessia autorizada exclusivamente nas viagens da CCR Barcas ou nos flexboats que saem do Centro — o transporte por Conceição de Jacareí segue suspenso.
QR Code em Búzios
Os passeios náuticos, por sua vez, retornaram em Angra e Paraty, em embarcações que operam com metade da capacidade. A atividade é uma das que estão na fila de espera em Arraial do Cabo. Búzios investiu em tecnologia para realizar esse controle. É um QR Code, emitido por hotéis e pousadas habilitadas, que os turistas devem apresentar na entrada da península, comprovando a reserva. Cada código, explica o secretário de Turismo, Armando Ehrenfreund, é válido para um veículo de passeio com até quatro passageiros. Ônibus de excursão e o chamado day use continuam vedados. As praias estão abertas só para caminhadas ou para esportes náuticos individuais.
— Queremos evitar que tenhamos de voltar atrás na retomada, como ocorreu na Europa — diz Ehrenfreund.
Segundo Adriana Homem de Carvalho, secretária estadual de Turismo, foi criado um manual com dez mandamentos da reabertura e um site (turismoconscienterj.com.br) com o status da retomada nos 92 municípios fluminenses. Em paralelo, algumas perspectivas vêm sendo estudadas.
Hotéis com escritórios para home office
A secretária estadual de Turismo do Rio, Adriana Homem de Carvalho, acredita que o modelo de home office veio para ficar e pode levar hotéis a terem escritórios para o trabalho remoto dos hóspedes. Ela quer aproveitar o momento de reorganização do setor aéreo para atrair mais voos para o estado.
Presidente da Associação de Hotéis do Rio, Alfredo Lopes antecipa que, em outubro, será lançada a campanha “Mais Rio por menos”, com descontos nos setores de hospedagem e comércio.
— O foco agora é o mercado nacional. Estimamos que ai levar de dois a três anos para o turismo internacional voltar ao patamar anterior ao da pandemia de Covid — Comenta Lopes.
Jornal Extra- Foto: Brenno Carvalho
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